Em menos de 15 dias, o presidente Lula tomou duas importantes decisões movido pelo clamor da sociedade. A primeira foi a sanção do projeto Ficha Limpa, que impede a candidatura de políticos condenados por colegiados. E a segunda: aprovação do reajuste de 7,7% para as aposentadorias acima de um salário mínimo. Mas, lamentavelmente, o pacote de bondades não incluiu o projeto de lei que beneficia a aprendizagem profissional e que já completou um ano e cinco meses de gaveta.
O texto permite que as administrações federal, estaduais e municipais contratem aprendizes. A demora tem preocupado as organizações que se atuam nessa área e veem nessa modalidade de formação profissional um dos meios mais eficazes para capacitar futuros profissionais com a qualidade exigida pela moderna economia e, principalmente, para viabilizar o crescimento do País em níveis satisfatórios.
O CIEE, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, há vários anos vem defendendo a importância de agregar os órgãos públicos ao esforço nacional pela aprendizagem. Essa adesão deverá gerar rapidamente a abertura de mais 400 mil vagas a jovens de 14 a 25 anos, hoje afastados do mercado de trabalho por inexperiência e por falta de capacitação. Tal acréscimo – somado a algumas outras medidas necessárias para aperfeiçoar a Lei da Aprendizagem – seria fator decisivo para alavancar a desejável inclusão social da juventude, hoje o segmento da população que mais sofre com o desemprego no Brasil.
O exemplo governamental certamente estimularia mais empresas a seguir a mesma trilha. Assim, se aceleraria um movimento que já envolve milhares de empresas que capacitam aprendizes na prática, entidades que sensibilizam gestores a abrir vagas, colocam esse estratégico tema em debate e oferecem os obrigatórios cursos de capacitação teórica a aprendizes com excelentes resultados, como pode comprovar o CIEE, hoje um dos mais ativos integrantes da “corrente pela aprendizagem”.
Nessa atividade, já conquistou até o apoio de 30 instituições de ensino superior em várias cidades, que abrem espaço para abrigar salas de capacitação de aprendizes, aos quais possibilitam uma vantagem adicional: a convivência com um ambiente dedicado ao estudo e o acesso a recursos como bibliotecas, laboratórios de informática e equipamentos esportivos.
Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), e diretor da Fiesp