Cuiabá | MT 19/03/2024
Gabriel Novis Neves
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Quinta, 27 de março de 2014, 15h34

Autocrítica

No dizer de Vinícius de Moraes, escrever crônica é “ter uma conversa íntima e livre que, partindo do seu interesse pessoal, vai, de fato, interessar a todos seus leitores”.

Longe de mim me julgar um cronista. Sou fazedor de anamneses que, pela singeleza da abordagem dos assuntos, me agradam.
Sorte é que, às vezes, essa sensação é compartilhada com alguns, pois escrevo sempre para mim.

Acho interessante quando um amigo me diz que escrevi determinada crônica para mim. Correto. Apenas, há a compreensão de poucos.
Quando publiquei “A barata voadora”, senti que fui acolhido pelos leitores.

Para quem se propôs a publicar um artigo por dia, e esse número já alcançou mil e seiscentos textos, há necessidade de termos um freio, que vem da crítica e da sensibilidade do escritor.

Escrever temas livres, e não apenas os especializados, tipo um assunto só, oferecem esse leque de oportunidades para se livrar da repetição e mesmice.

Assuntos como política cansam, pois não há fatos novos. Seus conteúdos estão todos em um mesmo saco.
De vez em quando me aventuro nessa área, mais por revolta, e vejo que o que existe é a troca de seis por meia dúzia - que me perdoem os “estadistas” autointitulados.

Derivo para escrever sobre o cotidiano. Depois de certo tempo percebo que ele é sempre o mesmo, e nós é que mudamos.

O que fica para sempre é o devaneio pela poesia, onde se criam personagens com os quais passaremos a conviver.
Nesses textos brotam a criatividade, cuja estrutura genética é semelhante à de humanos, pois são sempre diferentes.

A repetição de temas de narrativas é penosa para o escritor e o leitor.

A poesia é tão sofisticada na sua forma de comunicação, que aqueles que a apreciam são até considerados pessoas anormais, como se fosse possível definir quem é normal.

Existem os gênios desse gênero, como Fernando Pessoa, que, de uma autocrítica, conseguiu emocionar gerações, como no seu “Poema em linha reta”.

Temos necessidade de conviver com gente, e não a encontramos com facilidade.

Parece que estamos sozinhos neste mundo de vencedores e super-heróis.
Como é bom encontrar e conviver com gente com os nossos defeitos e sofrimentos. Fragilidades e sonhos. E a cumplicidade como pilar dessa vida de gente.  

Gabriel Novis Neves é mèdico em Cuiabá e ex-reitor da UFMT
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