Cuiabá | MT 19/03/2024
Gabriel Novis Neves
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Quinta, 16 de julho de 2015, 17h08

Selvageria

Nesses milênios de existência a humanidade, em sua essência, mudou muito pouco e, se o fez, foi disfarçando os seus instintos mais primitivos sob forma de hipocrisia social.

As guerras continuam cada vez mais cruéis - agora subsidiadas pelas grandes indústrias bélicas aparelhadas pela mais alta tecnologia.

As intolerâncias religiosas, raciais e de gênero, atualmente recrudescidas mundialmente, nos humilham como seres ditos racionais.

Continuamos intransigentes com aqueles que nos parecem diferentes, totalmente insensíveis aos seus sofrimentos, movidos apenas pela nossa vaidade e pelo nosso desejo de poder.

As castas privilegiadas continuam as mesmas em todos os níveis e cada vez mais desinteressadas por aquelas que julgam seus inferiores.

A sede de poder desvairado leva civilizações inteiras ao extermínio ou ao caos.

Os grandes déspotas de todos os tempos são sempre os mesmos, os Neros, os Napoleões, os Hitlers, os Mussolinis, apenas travestidos de mensageiros da paz, fazendo com que as pessoas mais esclarecidas cheguem à conclusão que a humanidade é realmente inviável.

O caos em que vivemos nesse mundo altamente tecnológico é o maior exemplo disso.

Atingimos nesses últimos setenta anos um nível impensável de desenvolvimento pelos nossos antepassados.

Com o surgimento da sociedade de consumo a moral e a ética foram abolidas que, de alguma forma, ainda tentavam ditar os costumes. Foi implantado o “Deus Dinheiro“, senhor supremo de todas as coisas e pessoas.

O mundo continua dividido, como sempre foi, entre os poderosos que determinam as regras do jogo, sempre em benefício próprio, e a grande massa desvalida que perambula sem destino e sem perspectivas - apenas oprimida como carneirada obediente.

Consequência de todo esse quadro: muita intolerância e barbárie nas relações interpessoais.

O ser humano, nem no âmbito interno, não admite que alguém possa ser feliz de acordo com as suas próprias regras.

Pessoas livres são consideradas perigosas uma vez que passam a rejeitar todas as amarras a que tentam aprisioná-las.

Dessa maneira, continuamos através dos séculos nesse mesmo quintal de mesmice, selvageria e intolerância do passado.

Quantos mais mil anos serão necessários para completarmos a nossa evolução como seres animais racionais dignos dessa nomenclatura? 

Gabriel Novis Neves é mèdico em Cuiabá e ex-reitor da UFMT
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