Cuiabá | MT 19/03/2024
Gabriel Novis Neves
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Quarta, 17 de abril de 2013, 08h14

Rádio

Saio de casa pela manhã e, instintivamente, ao entrar no carro, ligo “na rádio que toca notícias” para me informar sobre os últimos acontecimentos - que estão sempre relacionados a fatos desagradáveis.

Coincidentemente, nesse horário entra no ar o Programa “Bom Dia Governador”.

Interessante ouvi-lo. Ficamos sabendo das boas notícias que acontecem por aqui e que ninguém divulga.

É uma verdadeira injeção de autoestima. O governo está avançando (termo moderno) em todos os setores da administração pública, e ninguém percebe, ou, se percebe, fica calado.

Uma das preocupações, vamos dizer de segunda linha de prioridades da nossa gente, é com relação ao desperdício da nossa fabulosa riqueza natural não explorada por falta de infraestrutura para o turismo.

Daqui a poucos meses Cuiabá sediará um grande evento internacional: a Copa do Mundo. Amantes do futebol de todo o planeta virão para essa festa esportiva e, por que não?, também fazer turismo.

A Globo Internacional transmitiu o desfile das Escolas de Samba, a maior e principal vitrine do carnaval brasileiro. Bilhões de telespectadores assistiram ao espetáculo da Sapucaí, e tomaram conhecimento das nossas belezas naturais.

Durante oitenta minutos o mundo conheceu um “Paraíso no Centro da América – Cuiabá”.

Impossível não despertar a curiosidade de centenas de milhares de pessoas para esse novo achado geográfico.

Tenho certeza que muitos dos nossos irmãos farão de tudo para nos visitar.

Internacionalmente Cuiabá é conhecida como a capital que dá acesso a Chapada dos Guimarães. É também a porta de entrada para o Pantanal, Amazônia e Cerrado.

Pelo que ouvi pelo rádio, o setor de turismo foi um dos que mais avançou nesses últimos quatro anos.

A Secretaria de Turismo foi incansável na divulgação das nossas belezas, tanto no Brasil como no exterior.

Agora nos resta paciência para colher os frutos, digo, euros e dólares.

A preocupação do nativo é com aquilo que foi prometido, comprometido e jurado que seria realizado para receber os nossos visitantes. O tempo passou e ninguém fez nada.

A duplicação da rodovia até Chapada ficou paralisada na entrada do Manso.

O Complexo da Salgadeira está fechado. Reparos para a sua revitalização, nem sinal.

Obras de engenharia no Portão do Inferno só serão lembradas no próximo acidente fatal.

O teleférico é palavra proibida.

Infraestrutura para a cidade histórica da Chapada, nenhuma providência foi tomada.

O Pantanal também não foi citado, e acho que ele avançou em direção a Bonito, no Mato Grosso do Sul.

Os investimentos, que são os avanços, ficaram resumidos à iniciativa privada.

Falou-se no grupo Amaggi construindo resorts na região do Lago do Manso e no asfaltamento de um pequeno trecho de rodovia para facilitar a chegada à cidade de Nobres.

Nobres é um diamante bruto de raro encantamento, mas precisa de preparo para receber um fluxo economicamente rentável de turistas.

Temos grutas, túneis, águas azuis e todos os prodígios da mãe natureza. Falta-nos apoio governamental.

A indústria do turismo está em permanente expansão. Com o aumento da expectativa de vida da população mundial, aumenta o número de turistas, pois o grande consumidor da natureza são os idosos.

Esse público só exige conforto e o acesso aos bens da tecnologia moderna.

O governo, não oferecendo essa contrapartida, perde uma preciosa fonte de receita. Qualquer recurso é bem vindo para tentar resolver os nossos problemas de saúde, educação, segurança, emprego e cidadania.

Turismo sem investimento no complexo Chapada dos Guimarães e Pantanal é avançar para trás.

Finalizando, fica a pergunta indiscreta:

Até a Copa do Mundo em Cuiabá ainda teremos as ruínas do nosso Centro Histórico ou um amontoado de escombros?

O tempo para que isso não aconteça - para a nossa vergonha -, está se exaurindo. 

Gabriel Novis Neves é mèdico em Cuiabá e ex-reitor da UFMT
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