Cuiabá | MT 18/03/2024
Gabriel Novis Neves
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Sábado, 20 de abril de 2013, 20h04

Manequim

De uns anos para cá, na dificuldade de utilizar cadáveres humanos para as aulas práticas de anatomia, a academia vem recorrendo ao uso de manequins.

Hoje, grande parte do material dos laboratórios anatômicos é produzido com impressionante perfeição pela indústria.

Com relação às práticas com pacientes vivos nos Hospitais Universitários, os professores realizam os procedimentos ambulatoriais, de enfermaria e no Centro Cirúrgico sempre orientando seus alunos e depois lhes auxiliando.

Há muito cuidado com a segurança desses pacientes, que em ato de extrema generosidade, muitas vezes nem percebem o benefício que estão prestando à humanidade.

Geralmente são os pobres os mais sensíveis a esse ato de doação.

Durante a minha longa vida profissional esse foi o cenário do meu trabalho.

Impressionava-me o despojamento do paciente na formação de nossos futuros médicos, sempre atentos à solidariedade na sua aprendizagem.

Recentemente tive o privilégio de ser sondado para participar de uma aula prática para profissionais na área de saúde. Eu seria o objeto de estudo.

Aceitei o convite. Após duas horas de aula desta experiência primeira, sugiro a todos que tiverem esta oportunidade de socializar conhecimento, que não se neguem a esse chamamento.

É indescritível a sensação vivida pelo manequim humano. Impossível não se emocionar diante de uma classe de alunos ávidos pelo saber da cura, entregar-lhes a sua patologia e corpo para ser transformado em terapêutica para muitos.

Aquele silêncio diante da descrição do professor para os problemas a serem corrigidos e a atenção transmitida pelos olhares fixos e umedecidos dos jovens, me fez rever muitos pontos esquecidos na relação ensino-aprendizagem.

Nasce nesse momento o tão reclamado humanismo no atendimento aos pacientes, especialmente aos portadores de lesões.

Deixei o local da aula prática pensando nos benefícios que um sofrimento traz de alívio a tanta gente.

Esqueci completamente as penosas e dolorosas aulas de fisioterapia.

Não há maneira mais gratificante, mesmo na doença, saber que estamos ajudando alguém a aprender, com manobras em seu corpo, técnicas modernas de reabilitação motora.

É chegada a hora de passarmos do discurso para a prática, ajudando o nosso próximo.

Só a solidariedade poderá nos colocar em condições de seres humanos. 

Gabriel Novis Neves é mèdico em Cuiabá e ex-reitor da UFMT
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