Cuiabá | MT 19/04/2024
Gabriel Novis Neves
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Terça, 04 de junho de 2013, 10h49

Macho pós-moderno

Seguramente, o homem dos nossos dias não estava preparado para a grande revolução sexual do século XX.

A descoberta da pílula anticoncepcional foi o grande marco facilitador do processo.

Não esquecer também que, bem antes, o aparecimento do automóvel, que como meio de locomoção individual facilitava os encontros amorosos, outrora difíceis no que dizia respeito à logística.

Após a grande virada de costumes, o homem, de predador, foi substancialmente rebaixado à caça e isso, com certeza, mexeu com todos os estereótipos para os quais ele tinha sido condicionado.

Seu instinto de caçador, instalado no seu genoma não apenas por razões biológicas, mas também por razões culturais, foi subitamente questionado pela presença dessa nova mulher guerreira, insubmissa, forte e cônscia de seu papel, não só como figura prioritária na perpetuação da espécie, mas, principalmente, como ser determinante do tipo de sociedade que queremos construir.

A nova mulher tornou-se poderosa pela sua capacidade de sedução, assim como pela capacidade de questionar as suas prerrogativas existenciais.

Nova mulher, novos conceitos, novas mães e, portanto, novos homens.

Passou a incomodar, na medida em que, não admitindo como único papel o de governanta do lar se imiscuiu em todas as atividades do sistema produtivo, tornando-se assim um agregador do sistema de riquezas materiais.

Apesar da aparente fragilidade física, provou, em todos os setores da vida pública, até mesmo quando pertencentes às forças armadas, sua enorme capacidade operacional, coisa até então inimaginável por nossos antepassados.

O fato é que o homem, despreparado para a convivência com essa nova mulher, tem reagido, como era de se esperar, de uma maneira inquietadora - ora desinteressada, ora temerosa, ora agressiva.

Tem sido difícil o abandono pelos homens dos conceitos aristotélicos por tantos séculos apregoados com relação à misoginia. Segundo Aristóteles, as mulheres eram inferiores aos homens, até porque lhes faltava um dente.

As novas gerações já estão lidando melhor com tudo isso, já que o conceito de macho vem mudando rapidamente.

Vítimas de criações totalmente opostas até então às dos homens, as novas mulheres têm sido obrigadas a apagar conceitos arcaicos de toda ordem, principalmente os sexuais.

Isso vem custando muito sacrifício e muito sofrimento às novas gerações que, ávidas em eliminar as hipocrisias estabelecidas, vêm pagando um alto preço por sua liberdade, sempre questionada pelos mais idosos e menos adaptados aos novos tempos.

O chamado macho alfa já não desperta o interesse outrora obrigatório.

As novas mulheres estão se interessando por homens menos musculosos, menos prepotentes, mais despidos de prerrogativas autoritárias, mais disponíveis a uma relação de trocas afetivas plenas.

Um mundo sem competições no mundo amoroso será sempre um mundo melhor para todos. 

Gabriel Novis Neves é mèdico em Cuiabá e ex-reitor da UFMT
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