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Luiz Gonzaga Bertelli
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Quarta, 31 de agosto de 2011, 11h21

Questão de acessibilidade

O século 21 é a era do acesso: nunca essa palavra foi tão importante. O substantivo não é novo no vocabulário, afinal deriva do latim accessu, segundo o dicionário Aurélio. Novidade é a aplicação do termo relacionado à tecnologia, num significado que remete quase que instantaneamente à internet e seu impacto no formação do jovem e até mesmo em sua empregabilidade, já que quem possui conhecimento de informática têm 25% a mais de chance de conquistar um emprego.

 

Porém, é imperativo voltar a atenção para outra derivação do accessu, também um termo que está se popularizando: acessibilidade. O neologismo traduz a qualidade do que se faz acessível, voltando assim ao sentido original relativo às barreiras que podem dificultar ou mesmo barrar o trânsito das pessoas. Não é preciso explicar mais para notar que o que está em pauta, agora, é a inclusão social das pessoas com deficiência. Desde a década de 1990 a sociedade começou a se mobilizar para adaptar os mais diversos ambientes aos cadeirantes, para implantar sinais visuais nos metrôs para surdos e para construir pisos tácteis para cegos.

 

Data dessa época a Lei de Cotas (nº 8213/91) que obriga empresas com mais de 100 funcionários a preencher percentuais do seu quadro de colaboradores com deficientes, ampliando a oportunidade de capacitação e atuação profissional para um segmento que por muito tempo ficou excluído dos processos produtivos e da educação formal. Em 2011, completam-se duas décadas de vigência, ainda longe de cumprir seu objetivo: em São Paulo, o estado líder nas contratações, apenas 32,7% das vagas para pessoas com deficiência estão ocupadas, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

 

Os entraves para o aumento da inserção de deficientes estão muito além da responsabilidade empresarial pelas cotas. Afinal, nem mesmo as escolas que deveriam preparar os jovens para a autonomia estão adequadas fisicamente para receber esses alunos. Isso fica claro no tocante depoimento dado por Raphael Preto Pereira, de 16 anos, à Folha de S.Paulo no final de julho. Ele é cadeirante e estuda na Escola Estadual Buenos Aires – local com o mínimo de adaptações físicas, mas com funcionários comprometidos com a inclusão, segundo sua própria avaliação –, onde encontrou situação melhor do que as anteriores, mas ainda distante do ideal. Ou seja, nem tudo são flores, pois “a carência de materiais impede que deficientes com menos independência do que eu façam tarefas triviais como escrever. O fato é que existem hoje poucas escolas inclusivas, públicas ou particulares”. Seja qual for a acepção do termo, o acesso ­– assim como a educação ­–, deveria ser uma prioridade nacional. Nas próximas eleições, os candidatos que portarem essa bandeira, certamente estarão dando o mais importante passo para resgatar a dívida história que a sociedade tem para com os deficientes.
 

Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), e diretor da Fiesp
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