Cuiabá | MT 18/03/2024
Luiz Gonzaga Bertelli
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Sexta, 09 de setembro de 2011, 09h51

Problema na base

 

Sobre quais bases estamos construindo nosso país? Essa foi a pergunta suscitada por dois índices mais do que incômodos. O primeiro: 57% dos alunos do terceiro ano do ensino fundamental não conseguem fazer contas de soma ou subtração, conforme apontado pelo resultado da Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização, também conhecida como Prova ABC. O segundo: o número de analfabetos brasileiros é igual à população do Equador, segundo o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, 14 milhões de pessoas não sabem ler e nem escrever.

 

Além disso, apurou-se um refreamento na queda da taxa de analfabetismo. Em 2003, quando o governo lançou o programa Brasil Alfabetizado, o percentual era de 11,6% e, oito anos depois, desceu a ainda preocupantes 9,6% – um em cada 10 brasileiros não domina as primeiras letras. A chaga é ainda mais grave nos estados de Alagoas, Piauí, Paraíba e Maranhão, nos quais um quinto da população é analfabeta. Já o estado paulista pode respirar um pouco mais aliviado, com seu índice abaixo da média nacional (4,3%).

 

O fato, porém, é que tanto os estudantes com aprendizado deficiente quanto aqueles excluídos do sistema educacional invariavelmente não estarão aptos a competir no acirrado mercado de trabalho com suas exigências cada vez mais elevadas. O saber, como uma edificação, precisa ter bases sólidas e, quanto mais alto se deseja construir, mais profundo deve ser o alicerce. A analogia também deve ser transplantada para o país e, assim, chegamos à provocação que abre essa coluna. Uma nação que almeja concorrer em pé de igualdade no mercado global, ampliando sua carteira de produtos para além das commodities – mercadorias de baixo valor agregado e não industrializados – deve investir mais na sua base sob o risco de subir torta como a famosa Torre de Pisa e, diferentemente da contraparte italiana, não ter a sorte de a estrutura aguentar a deformidade por séculos, vindo a sucumbir. A reflexão vem a calhar, especialmente quando nos aproximamos do Dia Internacional da Alfabetização (9 de setembro).

 

Ao mesmo tempo que os programas governamentais deixam de surtir o efeito necessário para sanar de vez a mais perversa deficiência educacional, os cidadãos não podem mais se abster da luta. E esse engajamento pode ser feito cotidianamente, estimulando parentes e vizinhos que não concluíram seus estudos a procurar programas de alfabetização e suplência, ou então num espectro mais amplo, apoiando entidades que mantêm tais iniciativas. Como é o caso do CIEE, que mantém um programa de Alfabetização e Suplência Gratuita para Adultos desde 1997, tendo diplomado milhares de pessoas em parceria com a Igreja católica e com empresas que transformam suas instalações em verdadeiras salas de aula. 

Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), e diretor da Fiesp
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