Cuiabá | MT 19/03/2024
Luiz Gonzaga Bertelli
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Sexta, 16 de março de 2012, 15h59

Cuidado com os números

Uma das surpresas que eu guardava para os alunos nos meus tempos de professor de faculdade de jornalismo era uma revelação aparentemente banal para quem é do meio: a economia não é uma ciência exata, como os leigos tendem a pensar. Por isso, a interpretação dos números, em especial os das estatísticas, exige crivos cuidadosos e visão mais abrangente do analista, ou seja, não é suficiente uma leitura linear dos dados para se entender o comportamento da economia em toda sua complexidade.

 

Exemplifico a questão com uma recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que detectou que, entre 2003 e 2011, a queda do desemprego entre pessoas com 11 anos ou mais de estudo foi mais lenta do que para quem tem menos preparo. Numa primeira leitura, a conclusão pode significar que o profissional mais bem qualificado demora mais para encontrar emprego, contrariando a tese de que economia aquecida demanda mão de obra de ponta. Mas, pensando melhor e avançando na análise, é possível encontrar algumas explicações para esse resultado, que vão desde a tendência de profissionais qualificados optarem por trabalhar como pessoa jurídica ou como consultores, abrindo mão da CLT – lembre-se que o IBGE leva em conta apenas os registros em carteira de trabalho – até o fato de que setores com menor grau de exigência em capacitação, como serviços e construção civil, registraram fortes taxas de aquecimento.

 

Outro aspecto a considerar é que nos últimos anos as empresas saíram ávidas à caça de profissionais qualificados e detectaram que, tão importante quanto atrair os melhores talentos é adotar políticas de recursos humanos para retê-los, numa tentativa de reduzir o turn over de contratações típico de mercado de trabalho com oferta de vagas em alta. Essa, em nossa opinião, pode ser uma das explicações para a aparente contradição entre estatística e realidade do mercado. Outra razão está na mudança dos critérios de avaliação de candidatos. Hoje, somente conquistar diplomas não é mais sinônimo de qualificação. As empresas continuam a valorizar a escolaridade, sim, mas ela deve estar aliada às chamadas competências atitudinais, como habilidade de trabalhar em equipe, de bem administrar o tempo, de atuar com flexibilidade, criatividade e proatividade, e por aí vai. O melhor caminho para adquirir esses requisitos é, indubitavelmente, conjugar um bom estudo com a vivência em ambiente real de trabalho e com investimento no desenvolvimento pessoal. Nesse sentido, saem na frente aqueles jovens que potencializam o aproveitamento do estágio, adquirindo paralelamente diferenciais competitivos. O que pode ser feito sem gastos financeiros, como é o caso das oficinas e cursos presenciais e à distância, oferecidos gratuitamente pelo CIEE e com conteúdos sempre sintonizados às exigências do mercado de trabalho.

 

Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), e diretor da Fiesp
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