O governo federal vem elegendo o ensino técnico como o antídoto para atenuar um problema grave que preocupa o empresariado brasileiro: a escassez de mão de obra qualificada no mercado de trabalho. A prova de que a preocupação ganhou ares vitais na administração federal é o crescimento no investimento reservado para o ensino profissional nos últimos anos. Nos primeiros dois anos do governo da presidente Dilma, foram ampliadas de 5% para 9% as despesas com o ensino técnico profissionalizante e tecnológico. Os gastos passaram de R$ 3,6 bilhões, em 2010, para R$ 7,6 bilhões, em 2012. Setenta por cento desse montante vai para a manutenção de 365 escolas técnicas e para a expansão de toda a rede. A quantidade de escolas também multiplicou-se nos últimos anos. De 2005 a 2012, foram construídas 222 escolas técnicas, com a criação de mais de 100 mil vagas para os jovens estudantes.
Priorizar o ensino técnico é uma alternativa acertada para que o país consiga se manter competitivo no comércio internacional. A globalização exige estruturas tecnológicas mais complexas para as empresas, o que demanda uma parcela importante de funcionários capacitados para a realização de tarefas que exigem conhecimentos aprofundados. A falta de mão de obra, sentida hoje, é uma profunda ameaça, até mesmo, para a instabilidade econômica. Não existem empresas competitivas sem um capital humano de qualidade que responda às demandas frequentes do mercado.
No ensino profissionalizante, o aluno aprende na prática, adquirindo a capacitação necessária para desempenhar as funções assim que sair da escola. Por isso, é grande a porcentagem de jovens que saem com o diploma técnico ou tecnológico e já ingressam rapidamente no mercado de trabalho. É o que se vê em São Paulo, com os alunos das Escolas Técnicas (Etecs) e das Faculdades de Tecnologia (Fatecs).
Apesar da maior atenção que o governo federal vem dando ao ensino técnico, o desenvolvimento tecnológico no país ainda deixa muito a desejar às nações consideradas mais privilegiadas e, até mesmo, entre os Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Estamos largando atrás nesse processo, mas se os investimentos tiverem o foco correto ainda podemos dar a volta por cima e surpreender.
Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), e diretor da Fiesp
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