Cuiabá | MT 25/04/2024
Adamastor Oliveira
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Terça, 13 de dezembro de 2011, 09h08

Radicais livres

Na natureza os radicais livres são moléculas ou átomos com um número ímpar de elétrons e por isso são altamente reativos.
Nos organismos vivos os radicais livres são produzidos pelas células, durante o processo de combustão do oxigênio, utilizado para converter os nutrientes dos alimentos absorvidos em energia e que podem danificar células sadias. 

Embora esses organismos possam possuir enzimas protetoras que controlam o nível desses radicais produzidos pelo metabolismo, alguns alimentos ingeridos produzem excesso de radicais livres que são bastante prejudiciais, pois que são responsáveis pela corrosão desses organismos, ou seja, pelo envelhecimento e outros problemas mais. 

E quero aproveitar esse tema do envelhecimento para tratar de outro que também tem afligido a todos nós.
Começo tentando encontrar pontos comuns - que existem em quase tudo no nosso universo que são verdadeiros paralelos paradoxais - entre o que vemos na natureza e, portanto, também no interior dos organismos vivos, e o que encontramos em nosso organismo social. À parte, obviamente, das mais repulsivas teorias organicistas/positivistas, por tratarmos aqui apenas de simbologias.

Assim, trago para nossa análise comparativa os “radicais livres sociais” que, não poderia ser diferente, também têm feito muitos estragos entre nós.
Mas quem seriam os radicais livres sociais? Simples: são os intolerantes, os egoístas, os avarentos, os impacientes, os negligentes, etc. São, enfim, todos àqueles que se acham seres superiores, que pensam que os demais seres vieram à vida apenas para servir-lhes. São àqueles que se imaginam “os eleitos”! E o pior é que muitos deles são mesmo eleitos “democraticamente”. Muito triste.

É o mesmo tipo de gente (o que elege e que é eleito) que fura fila no supermercado; que estaciona em vaga de portadores de necessidades especiais sem sê-lo; que nunca permite a passagem a outrem no trânsito; que em rotatórias não tolera que o trânsito flua, pois que a sua passagem totalmente desimpedida é prioridade (não sabe que só se para totalmente na rotatória em caso de existência de semáforo – que tem inteligência binária - pois dar preferência não significa parar totalmente para dar passagem); que nunca dá o lugar para idoso ou deficiente; que buzina acintosamente ou acelera para impedir a passagem de outros veículos mais rápidos ou mais lentos; que abusa da velocidade em bairros residenciais; que atira bomba ou dispara arma de fogo em escolas; que mata por Maomé, Jesus ou Deus (não importa de que religião); que considera o mercado como único regulador da economia; que vê na floresta nativa um impedimento ao desenvolvimento do agronegócio; que vê na ditadura a solução para o Brasil; que defende uma raça pura de seres humanos brancos; que acha que o bolsa família e cotas em universidades são esmola para os preguiçosos; que se utiliza da fé alheia para obter vantagem financeira ou poder econômico; que usa o anonimato na internet para fazer comentários mentirosos, homofóbicos, racistas, criminosos, difamatórios, discriminatórios e para disseminação de vírus; que considera o bem público como seu(ua) privado(a). Tudo isso, exatamente, por se achar melhor que todo mundo.
Reparem, voltando ao paralelo, que os radicais livres na natureza são formados através dos processos metabólicos influenciados pelo aumento de fatores nocivos tais como: poluição ambiental, raios-X, radiação ultravioleta; radiação eletromagnética; cigarro; álcool; resíduos de pesticidas; substâncias presentes em alimentos e bebidas (aditivos químicos, conservantes, hormônios); estresse; consumo de gorduras saturadas (frituras, etc.) e consumo de gordura animal.

E vejam que os radicais livres sociais também são formados por influência de produtos nocivos, quais sejam: deficiência na formação familiar, má qualidade na educação, má formação do caráter, má formação religiosa e filosófica, e por aí vai.


Assim como é importante destacar que uma boa alimentação, rica em verduras, legumes e frutas é a melhor maneira de prevenir os malefícios dos radicais livres naturais, a melhor maneira de combater os radicais livres sociais é a boa alimentação para a alma e para o cérebro.
Mas devemos lembrar que os radicais livres naturais também têm um papel importante atuando no combate a inflamações, matando bactérias, e controlando o tônus dos músculos lisos.

E no que diz respeito aos radicais sociais é muito oportuna essa discussão acerca de suas vantagens, pois, acreditem, existem vantagens também na sua existência. Embora tenhamos que distingui-lo entre bons e maus radicais, pois esses bons radicais sociais são completamente diferentes daqueles mesquinhos seres de que até aqui falamos, pois os bons radicais livres sociais lutam por ideais, com utilização apenas de ideias. E que, às vezes, levam ao limite suas convicções para defendê-las. Daí serem tratados como radicais.

O exemplo que trago vem da aprovação do novo Código Florestal pelo Senado que ocorreu na semana passada, onde os ruralistas passaram a denominar, jocosamente, os defensores do meio ambiente de “radicais”. Embora não o sejam de fato radicais, na acepção do termo que empregamos aqui, esses “radicais” exerceram um papel fundamental em impedir que a bancada do agronegócio aprovasse o “Código Desflorestal”. Esses “radicais”, ao menos, não agiam de forma egoística, pois defendiam no Senado as nossas futuras gerações.
Embora com muitos retrocessos, o novo Código aprovado no Senado só não é um desastre para o meio ambiente brasileiro por culpa e obra desses denominados “radicais”.
Embora as chances sejam remotas, a luta por um Código Florestal melhor ainda não acabou e contamos com mais “radicais” na Câmara para derrubar a anistia aos desmatadores e se ainda não der, contamos com veto de uma boa “radical”, a Presidenta Dilma.
Mas para que isso aconteça, precisamos também da legítima pressão de muitos outros bons “radicais” a clamar por essa mudança.
Comecemos por alimentar melhor as almas e os cérebros do nosso povo, mormente com informações acerca dos nefastos efeitos dessa fraudulenta anistia.

E por falar em boa alimentação, assim como os antioxidantes - alguns são produzidos por nosso próprio corpo e outros, como as vitaminas C, E e os Betacarotenos, devem ser ingeridos - protegem os organismos vivos da ação danosa dos radicais livres, devemos proporcionar os antídotos para os nossos maus radicais livres sociais: (i) a universalização da educação gratuita e de boa qualidade, rica em conteúdo e fértil de criatividade; (ii) fim da impunidade com rigorosíssima e célere punição para os crimes que ferem o interesse coletivo (corrupção, sonegação de impostos, enriquecimento ilícito, etc.); (iii) fim da profissionalização dos políticos, com a proibição de mais de dois mandatos nos legislativos; e (iv) fim das nomeações políticas para os membros dos Tribunais de Contas.

Seria uma boa dieta inicial para um país jovem que se pretende ainda novo e saldável nos próximos 50 anos. 

Adamastor Martins de Oliveira - Cidadão de Mato Grosso e-mail: adamastorm@yahoo.com.br
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