Cuiabá | MT 29/03/2024
Margareth Botelho
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Segunda, 18 de agosto de 2014, 17h06

Luto por Eduardo e Robin

 

Duas mortes marcaram a semana que se foi. Robin Williams, aos 63 anos, e Eduardo Campos, aos 49 anos. Uma não tem qualquer ligação com a outra, a não ser o fato de terem ocorrido num intervalo de 48 horas no mesmo agosto, apontado como mês de grandes tragédias.

A morte seja de qual forma é inexorável. Não se tem previsão e não se pode evitar. Um clique na tecla ‘delete‘ sabe-se lá de onde vem, e é hora de partir.

Morrer é um chiste, expressou em crônica o jornalista Pedro Bial, dizendo ainda que a morte ‘obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida‘.

Eduardo Campos foi surpreendido por um acidente que supostamente não teria como ocorrer, Robin Williams se matou.

Candidato à presidência da República, Campos estava no auge da vida e da carreira política. Williams, comediante como poucos, sofria de depressão, mas nem por isso deixava de entrar em cena e ser brilhante.

As tragédias envolvendo o avião que caiu e o suicídio de um artista consagrado, além da perplexidade, obrigatoriamente nos levam à reflexão. Acredito que o sentimento comum é de vazio e do quanto perdemos tempo com coisas inúteis, enquanto há tanta vida para ser vivida.

As pessoas se igualam em determinadas situações e a morte é uma delas. Todas as diferenças sejam sociais, econômicas, intelectuais, estéticas ou religiosas se tornam mero detalhes.

Talvez a grande lição que se deve tirar de mortes precoces como a de Eduardo e a de Robin seja exatamente esta. Viemos todos do mesmo lugar e, com certeza, após a morte vamos compartilhar o mesmo destino. Questão de hora, dia, mês e ano, somente.

Para aqueles que ficam, familiares e amigos, surgirão diversos caminhos. E cada um fará sua escolha. Seguirá em paz ou vai preferir o conflito, como num jogo, que se perde ou se ganha.

Fatalidade é atribuída à morte de Eduardo Campos. Não há perícia que possa descrever o que aconteceu naqueles instantes. Sem desmerecer a técnica e os técnicos, me refiro às possibilidades além da materialidade que sairá da análise dos destroços da aeronave.

Robin Williams, por sua vez, passava por instabilidade emocional, dividida entre recaídas ao alcoolismo e uma depressão crônica. Como alguns comediantes, o ator americano fazia rir um público imensurável, apesar da alma atormentada pela tristeza insistente.

Em janeiro deste ano, pesquisadores da Universidade de Oxford publicaram os resultados de um estudo em que participaram 523 comediantes (404 homens e 119 mulheres) do Reino Unido, dos Estados Unidos e da Austrália.

Gordon Claridge, do Departamento de Psicologia Experimental, afirma ter descoberto que comediantes possuem personalidade um tanto contraditória. Se por um lado são esquisitos e depressivos, de outro se apresentam bastante extrovertidos.

Não preciso aprofundar em estudos para imaginar que pessoas criativas sofrem diante de um mundo cheio de divergências. Desejam mudanças e padecem pela incapacidade de convencer o restante de que sempre há algo a ser feito.

Eduardo Campos e Robin Williams talvez tivessem em comum este desejo de transformação, quase revolucionário.

Até onde sabemos, o político vivia a euforia e confiança de alcançar êxito em seus projetos. Já o ator amargava um longo período de medo e incertezas em relação ao sucesso profissional e o fracasso pessoal.

Robin e Eduardo, cada um a seu modo, nos deixam legados e especialmente a oportunidade de refletir sobre nossas atitudes, propostas e estilo de vida. Faz sentido tudo que realizamos?

Será que somos produto de uma rotina diária que massacra nossos valores e crenças? Faltam a nós respeito, solidariedade e capacidade de compreensão?

Qualidades vitais à sobrevivência do homem, enquanto experiência divina.

Às vezes, confesso, me perco vagando em possibilidades e me esforço para fugir ao labirinto e pergunto: a troco de que complicar se tudo pode ser bem simples?

Margareth Botelho é jornalista em Cuiabá. mbotelho.jor@hotmail.com
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