No alto das três décadas no jornalismo, tendo lido e experimentado muitas coisas, visto e feito outras tantas, mas deparo-me a um dos mais, presumo, argutos e calculados artífices da contemporaneidade: em período fértil, fecundado auditiva e oralmente por amigos de sorriso-jandaia, desafetos enrustidos, ou [até] alguns bem-intencionados, o ex-juiz federal Julier Sebastião deixou a magistratura e presidência e/ou acompanhamento de N processos criminais para tentar uma candidatura de risco (como o é) o governo pelo PMDB de Silval Barbosa, Carlos Bezerra, José Lacerda (...).
Inicialmente, presumo, aqui na minha irrisória capacidade de juízo, gente do PMDB e do PR, parte do PT e PSD, partidários por conveniência e dependência de posto, pessoal envolvido em negócios escusos, associados a personalidades de outros partidos deram o contraste de bário ao ex-juiz, fazendo com que a ambição se revelasse. É claro, é aquela pretensão que todos temos. Uns a têm, mas se contêm ao vislumbrar embaraços, dificuldades e traições, mas Julier não, e se lançou, sem medir, em desalinho, às pirambeiras do mundo político-partidário, onde ardis, descumprimento de acordos, felonias e empulhação são predicados seletivos e praxe no processo de escolhas e direção a seguir.
Da mesma dita que a feição de empresário bem sucedido deu a Blairo Maggi, em 2002, o trono do Paiaguas, a silhueta de durão deu ao senador Pedro Taques um assento em Brasília.
Ora, moda é moda ! Não custava, na ofegante filosofia de Julier Sebastião, depreender que a sua fama de intrépido e inevitável lhe abrisse picada para uma candidatura ao mais alto cargo no Estado... Mesmo que pungente.
O fato de estar ruim nas primeiras pesquisas não sinaliza, solidamente, insucesso anunciado nas urnas. Blairo começou com 2%, Pedro Taques com 1,6 e Silval também na rabeira. Os únicos sinais claros são os de que a sertã peemedebista está na lenha em brasa, é só ver os últimos depoimentos em que caciques do partidão puseram escada e acomodaram-se como torcedores, sabe-se lá que lado, em cima do muro quando ao assunto é Julier. Faiad, peemedebista renhido, já tenta lhe fechar as portas da OAB, num procedimento de invejado companheirismo.
Posso nesta linha de análise ter a compreensão equivocada, mas Julier, em se tratando de candidatura – ou apoio – entrou numa gelada.
Certamente, e resta esperar, o PMDB vá lhe devotar a explicação que o ex-presidente Tancredo Neves, falecido, utilizava para afastar pretensiosos desagradáveis: “diga-lhes que nós te oferecemos a candidatura, mas você não aceitou”.
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