Cuiabá | MT 19/03/2024
Antonio Roque Dechen
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Quarta, 01 de fevereiro de 2017, 12h51

Samba, suor e lágrimas

Na atualidade a população brasileira é predominantemente urbana (86%) e, em menor proporção, rural (14%). Essa veio decrescendo no tempo, sendo que nos anos 80 a divisão estava estimada em 70% nas cidades e 30% no meio rural, porém a redução da população no ambiente rural foi acompanhada pelo desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovações nos centros de pesquisas, nas universidades e em ambientes científicos ligados às ciências agrárias, ambientais e sociais aplicadas o que posiciona o Brasil num dos celeiros da agricultura mundial.

As estatísticas comprovam esta evolução. Em artigo recente, Evaristo Miranda (Jornal Estado de S. Paulo em 29-09-2016) revela que o país vem produzindo ao redor de uma tonelada de grãos/habitante, sete milhões de toneladas de bananas, um milhão de toneladas de castanhas, amêndoas e nozes, 31 bilhões de litros de etanol, 35,2 bilhões de litros de leite, 4,1 bilhões de dúzias de ovos, 39,3 milhões de suínos, seis bilhões de frangos e tem cerca de 220 milhões de cabeças de gado revelando a efetiva eficiência de produção do setor agrícola, alicerçada na preocupação com a sustentabilidade e qualidade da produção agrícola. Um exemplo a ser lembrado é o do plantio direto na palha, inicialmente no estado do Paraná nos anos 70, e hoje amplamente difundido pela Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, adotado em muitos estados e exemplo para o mundo.

Com essa produção alimentamos o Brasil e o mundo que nos agradecem, pois nossa produção excedente é direcionada para muitos países gerando superávits na balança comercial e, domesticamente, tem forte participação no PIB nacional, na formação de capital, na geração de empregos e em programas sociais.

É comum no Brasil e no mundo as famílias, antes das refeições, agradecerem o alimento que está em suas mesas, louvando o pão nosso de cada dia. Portanto, causa-nos certo desconforto, num momento de uma crise nacional sem precedentes, numa das festas mais tradicionais do Brasil, o Carnaval, pessoas bem alimentadas virem a público criticar, no contesto do enredo de uma escola de samba (Imperatriz Leopoldinense), de forma tão contundente o produtor agrícola brasileiro, tratando-o como bandido.

Lamentavelmente o Estado do Rio de Janeiro está vivendo um momento de grande crise, porém durante os desfiles não faltarão comidas e bebidas, originarias de matérias primas produzidas pelos agricultores, os homens do campo.

Nós devemos sim exaltar e aproveitar o Carnaval, mas não podemos nos esquecer de render nossos respeitos e considerações aos profissionais das áreas de ciências agrárias e principalmente aos agricultores. E não injuriá-los, eles não estão nas arquibancadas e nas passarelas, eles não são nossos inimigos, eles estão no campo, mesmo nos dias de Carnaval, olhando para os céus e possivelmente rezando pelas chuvas, para que possam cultivar os solos e produzir alimentos para que não tenhamos fome. Avante agricultores: o mundo precisa de vocês e agradecemos!

Antonio Roque Dechen, Presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Professor Titular do Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/USP, Presidente da Fundação Agrisus e Membro do Conselho do Agronegócio (COSAG-FIESP).
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