Foto: Michel Alvim |
Mulheres chefes de famílias ou que já se encontraram em condição de violência doméstica agora possuem mais um motivo para sorrir. Após cinco anos, o projeto “Feira Popular – Artesanato na Praça” retoma suas atividades na Praça Alencastro. Ao longo desta sexta-feira (04), artesãs têm a oportunidade de comercializar deliciosos biscoitos, pratos quentes, além de artigos têxtis, como tapetes, etc.
Idealizado pela professora Jacy Proença e feito com o apoio da Prefeitura de Cuiabá, a iniciativa vai além da simples oportunidade de acréscimo imediato na renda financeira dessas artesãs chefes de famílias. Segundo ela, o projeto atua como um resgate de mulheres tão fortes que em algum momento estiveram em condição de fragilidade, seja doméstica ou profissionalmente.
“A feira contribui sim para a renda familiar dessas pessoas, mas o alcance dela é muito mais amplo. Temos aqui mulheres que já sentiram desvalorizadas e menosprezadas pela sociedade, de alguma forma. Se sentiram pequenas diante das dificuldades e incapazes de coordenar seus lares. Nosso projeto atua resgatando a alegria, o vigor e o sonho delas”, afirma Jacy com entusiasmo.
Além de trabalhar a autoestima e a qualidade de vida das participantes, a “Feira Popular” rompe também com o isolamento das mulheres vítimas de violência doméstica, que tendem a se afastar do convívio social mediante sua condição.
“A violência aprisiona e esconde a vítima. A nossa iniciativa faz uma ruptura com essa situação tão deplorável e age de forma libertadora na vida dessas mulheres. Elas se tornam dispostas, valorizadas, capazes e passam a compartilhar histórias e experiências de vida”, conta a criadora do projeto.
Para as artesãs, estar de volta à Praça Alencastro simboliza a valorização do trabalho delas e o surgimento de novas oportunidades de vendas.
“Faço biscoitos de polvilho há 30 anos e meu sustento vem das feiras livres. É muito bom estarmos de volta aqui, pois o público que frequenta o centro é diferente daqueles que atendo nas tradicionais feiras do Bulixo e da Praça Santos Dumont. Aqui encontro pessoas que estão de passagem, mas foram atraídas por esse espaço. Conquistamos clientes diferentes que, uma vez que se aproximam, não saem sem levar nada”, conta dona Lúcia Ferreira, também coordenadora da iniciativa.
A comerciante também contou sobre a importância desse trabalho para sua família e como a venda de biscoitos teve efeito transformador em sua condição social. “Por meio do que eu faço pude comprar minha casa, meu carro e proporcionar uma melhor qualidade de vida para a minha família! Sou muito grata pela sensibilização da Prefeitura, em trazer um projeto que passou muito tempo ignorado pela gestão anterior”, diz Lúcia.
Para o secretário municipal de Cultura, Esporte e Turismo, Alberto Machado, a prefeitura tem o dever de apoiar estas mulheres para que elas possam trabalhar de forma honesta, algo constantemente reforçado pelo prefeito Mauro Mendes.
“A missão que nos foi dada é que todas as manifestações culturais sejam respeitadas. Valorizar a culinária e arte local não apenas exalta o belo trabalho que mulheres como essas realizam, como fortalece ainda mais nossa cultura, tão expressiva por seus atributos artesanais”, conclui.