O governo federal está finalizando a discussão sobre a nova modelagem da licitação do Trem de Alta Velocidade (TAV), um dos maiores projetos de infraestrutura listados no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), que interligará três das maiores cidades do Brasil: São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro. A expectativa é de que, em janeiro de 2012, sejam feitas as audiências públicas referentes ao edital da primeira fase de licitação, que envolve a tecnologia a ser aplicada no trecho. Após a realização das audiências públicas, estima-se que após o Carnaval, que termina em 22 de fevereiro, possa ser divulgada a versão final do edital de licitação. Bem sucedidas essas etapas, o leilão da primeira etapa poderia ocorrer no segundo semestre.
Sabemos os problemas e as dificuldades que podem afetar o interesse da participação do setor privado nessa primeira etapa da licitação, mas fizemos reuniões exaustivas com todos os interessados e achamos que o edital da primeira etapa, que será divulgado em janeiro, estimula os investidores. Tenho convicção de que essa etapa possa ser atrativa, afirma Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo ele, o governo está trabalhando para que a obra tenha um patamar adequado de custo e de retorno. Figueiredo diz que o projeto do trem de alta velocidade faz sentido na matriz de transporte de passageiros do país. Vemos que aeroportos e rodovias estão saturados, portanto, o TAV é uma solução saudável, destaca.
Em paralelo, o governo está começando a se debruçar sobre o projeto da segunda etapa do projeto, que envolve a contratação dos grupos que serão encarregados da construção do empreendimento. Essa segunda fase ainda não tem cronograma definido, mas poderia ocorrer em 2013, com as obras de infraestrutura devendo levar até cinco anos para serem concluídas. Nesses estudos da segunda etapa do empreendimento, serão definidos o custo da obra e como será executada toda sua infraestrutura, cujos mais de 500 quilômetros de trilhos irão passar pelas cidades de São Paulo, Guarulhos, Campinas, São José dos Campos, Volta Redonda, Barra Mansa e Rio.
Esse projeto executivo da segunda etapa do empreendimento é para não haver dúvidas sobre o custo da obra e sobre como será feita a infraestrutura, diz Figueiredo. Com base em um levantamento feito em 2008, o projeto do TAV estava orçado em R$ 33 bilhões, valor que poderá subir com a revisão dos valores, de acordo com a expectativa de executivos do setor financeiro. Outras dúvidas rondam grandes empresas interessadas em participar da licitação, uma das maiores já realizadas no País: o risco cambial existente no projeto, já que boa parte dos equipamentos será importada; a transferência de tecnologia a ser aplicada nas linhas; e o custo ambiental, já que deverá haver desapropriações em alguns trechos.