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Pesquisadores do instituto de ciência e tecnologia Battelle, nos Estados Unidos, divulgaram esta semana uma descoberta que pode mudar a vida de pessoas portadoras de algum tipo de paralisia ou restrição nos movimentos. Usando implantes cerebrais e inteligência artificial, os cientistas conseguiram fazer com que um homem paraplégico recuperasse os movimentos dos dedos.
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Ian Burkhart sofreu um acidente de carro em 2010 que deixou uma lesão em sua coluna vertebral, tirando-lhe os movimentos dos braços e pernas. Desde 2013, porém, o jovem tem convivido com um chip no cérebro dotado de uma rede neural de processamento de dados.
Por meio de eletrodos, o chip é conectado a um computador que, por sua vez, é ligado a um equipamento estimulante que gera impulsos elétricos para uma luva vestida na mão direita de Ian. Essa luva é responsável por estimular os músculos do braço e dos dedos do jovem, conferindo-lhe movimentos.
Assim, Ian pensa em um determinado movimento, o computador interpreta esse comando e envia-o para a luva em forma de estímulos elétricos. Graças a esse sistema, o norte-americano participante do estudo foi capaz de manusear um cartão de crédito e até jogar o simulador musical "Guitar Hero" com uma guitarra de plástico.
Segundo os cientistas, essa é a primeira vez que implantes cerebrais conseguem fazer com que uma pessoa paraplégica coordene movimentos tão delicados com os dedos. Chad Bouton, líder da equipe que realizou o estudo, disse que o principal obstáculo foi decifrar a linguagem do cérebro humano e traduzi-la em comandos para o computador.
"O problema pelo qual começamos é o fato de que o cérebro ainda pode gerar toda a atividade neural ligada ao movimento, mas esses sinais tentam descer pela coluna vertebral até o ponto em que eles encontram a lesão, e são bloqueados pelo restante do caminho", afirmou o cientista.
A partir daí, a equipe passou a utilizar um método conhecido como "aprendizado de máquina" (ou "machine learning", no linguajar dos especialistas). Trata-se de um sistema de inteligência artificial que permite a um computador aprender com a experiência, assim como o cérebro humano. É esse mesmo princípio o que permite à Netflix entender os seus gostos por filmes e séries e fazer sugestões, por exemplo.
"O elemento de 'machine learning' aprimora a si mesmo a cada dois minutos", explicou Bouton. "O paciente ou usuário então vê a melhoria em seus movimentos, e pode então aprender a melhorar ainda mais esses movimentos com o tempo. A máquina e o paciente estão aprendendo juntos."
Por enquanto, o sistema não oferece nenhum tipo de estímulo de resposta - ou seja, o paciente ainda não consegue sentir os dedos se movendo ou o objeto em suas mãos. No entanto, Ian Burkhart se sente animado com o futuro da tecnologia. "Com os movimentos que consigo fazer hoje, eu levaria esse sistema para casa em um piscar de olhos se me oferecessem", disse.
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