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Pesquisa/Tecnologia
Terça, 30 de agosto de 2016, 16h42

Embrapa investe em mais qualidade para suas coleções de microrganismos


A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) começa a implementar em 2016 os requisitos corporativos de qualidade em 21 coleções de microrganismos de 18 unidades de pesquisa da Empresa localizadas em vários estados brasileiros. O objetivo é garantir a qualidade na gestão dessas coleções e torná-las aptas a atender às exigências do mercado nacional e internacional.

O projeto, intitulado "QUALIMICRO - Implementação e Monitoramento de Sistemas da Qualidade nas Coleções Microbianas da Embrapa" tem duração de cinco anos (até 2020) e dá continuidade a outro projeto desenvolvido entre os anos de 2012 e 2015, que mapeou e diagnosticou 17 coleções de microrganismos da Embrapa e resultou na elaboração de um Modelo Corporativo de Gestão para as Coleções de Microrganismos da Embrapa– GESTCOL. Segundo a coordenadora do QUALIMICRO, Clarissa Castro, "Nessa nova fase, vamos implementar e monitorar os 13 requisitos desse modelo, dentro dos quais se destacam os requisitos corporativos de qualidade, selecionados a partir das normas de qualidade internacionais: ABNT ISO GUIA 34, ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005 e OECD Best Practice Guidelines for Biological Resource Centres".

Com o QUALIMICRO, cinco novas coleções de quatro Unidades foram incorporadas a partir de 2016: Embrapa Florestas (Colombo, PR), Embrapa Roraima (Boa Vista, RR), Embrapa Soja (Londrina. PR) e Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS).

O cumprimento dessas normas é fundamental para que as coleções alcancem níveis de excelência e atendam a padrões nacionais e internacionais, regulamentações de biossegurança, acessibilidade e harmonização dos procedimentos e processos.

Para a pesquisadora Krisle da Silva, curadora da coleção de bactérias fixadoras de nitrogênio e promotoras de crescimento da Embrapa Roraima, adequar as coleções de microrganismos da Embrapa às normas internacionais de qualidade é garantir a sobrevivência de recursos genéticos pouco explorados, nativos do Brasil e que têm potencial de uso para o benefício da agricultura brasileira. "A coleção de microrganismos multifuncionais da Embrapa Roraima é a única da região amazônica, uma área que abrange uma grande diversidade microbiana. Perder uma coleção dessa importância seria desastroso para a ciência nacional", ressalta.

Ela acredita que a implantação de um sistema da qualidade agrega valor à coleção de microrganismos multifuncionais da Embrapa Roraima, pois garante a sobrevivência de microrganismos que possuem características de interesse econômico e que poderão ser alvo de futuras patentes. "A má preservação de uma coleção microbiana pode comprometer a característica de valor econômico de um determinado microrganismo", endossa.

Coleções microbianas têm diversas aplicações na pesquisa agropecuária e na indústria

A Embrapa investe na formação de coleções de microrganismos (fungos, bactérias e vírus) desde a sua criação em 1973. Hoje, essas coleções estão distribuídas por todo o Território Nacional em diversas unidades de pesquisa da Empresa e preservam microrganismos de funcionalidades diversas, incluindo espécies relacionadas ao controle biológico de pragas, fertilidade do solo, de interesse industrial e causadores de doenças em animais e vegetais, entre outras.

A falta de um padrão de gestão na organização e estruturação das coleções microbianas pode levar a perda de recursos genéticos microbianos, tornando-os inviáveis para utilização em prol da agricultura e da indústria. Além disso, o atendimento às normas de qualidade nacionais e internacionais é fundamental para que a Embrapa possa realizar intercâmbio com instituições públicas e privadas.

Por isso, é premente adequar as coleções de microrganismos da Embrapa às normas utilizadas pelo INMETRO e órgãos internacionais para atestar a competência técnica dos laboratórios detentores de coleções microbianas.

Centros de recursos biológicos, coleções institucionais e coleções de trabalho

O Projeto QUALIMICRO vai envolver todas as categorias de coleções microbianas: institucionais, de trabalho e os centros de recursos biológicos (CRBs).

Os CRBs têm como função principal: preservar e fornecer recursos biológicos (com qualidade assegurada) para P&D e aplicações nos setores científicos, industriais, de agronegócios, ambiente e saúde; desenvolver P&D sobre os recursos biológicos mantidos e conservar a biodiversidade. Mas, para se tornar um CRB, a coleção tem que atender às normas de acreditação do INMETRO e dos demais órgãos.

As coleções institucionais são aquelas que atendem a várias pesquisas e instituições e a requisitos mínimos de qualidade. Essas coleções atuam como fiéis depositárias e possuem curadores responsáveis, podendo executar atividades práticas de coleta de amostras, isolamento, identificação, caracterização, prospecção, armazenamento e documentação.

As coleções de trabalho são aquelas que atendem a um ou a mais projetos de pesquisa e a requisitos mínimos de qualidade. Geralmente, estão vinculadas a projetos específicos e a coleções institucionais ou CRBs, possuem pesquisadores responsáveis, podendo executar atividades práticas de coleta de amostras, isolamento, identificação, caracterização, prospecção, armazenamento e documentação.

O Brasil está empenhado em implementar uma rede de CRBs, sendo o da saúde representado pela Fiocruz, o de meio ambiente pela Unicamp e o de agronegócios pela Embrapa.

Segundo a pesquisadora Clarissa Castro, a Embrapa conta hoje com CRBs em quatro Unidades: Recursos Genéticos e Biotecnologia, Soja, Agrobiologia e Meio Ambiente.

QUALIMICRO: objetivo é harmonizar as coleções de acordo com padrões de qualidade internacionais

São objetivos do Projeto QUALIMICRO: estruturar e organizar as coleções de microrganismos da Embrapa segundo um padrão único de qualidade, que foi estabelecido no modelo corporativo de gestão, que abrange os seguintes requisitos: legislações aplicáveis a recursos genéticos microbianos, estrutura organizacional, sustentabilidade, processos de gestão, critérios para armazenamento de material biológico, documentos, registros, pessoal, infraestrutura, requisitos corporativos de qualidade, biorrisco, serviços e parcerias e divulgação.

Clarissa ressalta que o intuito principal é garantir que as coleções de microrganismos da Embrapa executem suas atividades segundo padrão de qualidade internacional, estabelecido pelo modelo corporativo de gestão.

É também meta do projeto promover a capacitação dos recursos humanos envolvidos com as coleções nas normas de gestão de coleções e no sistema de informação de microrganismos.

Para Krisle, a implementação do sistema de gestão da qualidade pode colaborar na rotina da equipe que trabalha com a coleção de microrganismos multifuncionais da Embrapa Roraima, especialmente porque vai organizar a dinâmica de trabalho, otimizando o tempo dos empregados na execução das tarefas. "Trabalhamos com número reduzido de pessoas e o tempo é de fundamental importância", complementa.

A coleção de microrganismos multifuncionais da Embrapa Roraima é a única da região Norte. Por isso, a pesquisadora Krisle vê como muito relevante a possibilidade de participar como piloto nesse projeto. "Além disso, abriga uma enorme diversidade microbiana ainda não explorada economicamente", finaliza.

Participam do QUALIMICRO 18 Unidades da Embrapa – Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF); Florestas (Colombo, PR); Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG); Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS); Suínos e Aves (Concórdia, SC); Soja (Londrina, PR); Gado de Leite (Juiz de Fora, MG); Hortaliças (Brasília, DF); Cerrados (Brasília, DF); Meio Ambiente (Jaguariúna, SP); Agroenergia (Brasília, DF); Arroz e Feijão (Goiânia, GO); Agropecuária Oeste (Dourados, MS); Agrobiologia (Seropédica, RJ); Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ); Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE); Caprinos (Sobral, CE) e Clima Temperado (Pelotas, RS). 




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