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Pesquisa/Tecnologia
Terça, 27 de setembro de 2016, 07h05

Estudantes lançam mão das mídias para interação com autores em estudo


Alunos da Disciplina Fundamentos das Mídias, do Curso de Comunicação Social, habilitação em Rádio e TV, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), tiveram a iniciativa de interagir com os autores das obras pesquisadas para a realização de um seminário sobre mídia e educação. Ministrada pelo professor Benedito Dielcio Moreira, essa disciplina tem o objetivo de fornecer ao aluno uma visão abrangente dos tipos, da estrutura e do funcionamento das mídias (rádio, televisão, cinema, jornal e internet), bem como sua evolução histórica, características próprias e os tipos de programação e de publicações próprios de cada uma delas.

Esses contatos, que vêm ocorrendo neste semestre, tornaram-se possíveis a partir do surgimento da convergência das mídias e do trabalho colaborativo. Eles conversaram durante 30 minutos com Henry Jenkins, professor da Universidade do Sul da Califórnia – EUA, via Skype, e o autor Wagner Pinheiro Pereira produziu e enviou um vídeo exclusivamente para o seminário preparado pelos estudantes.

De acordo com os alunos, a ideia partiu de uma sugestão sutil do professor Dielcio, o qual, segundo eles, os estimulou a buscar as novas mídias como instrumento de aprendizagem. Isso motivou os estudantes a promoverem um intercâmbio educacional e cultural com os autores dos livros estudados na Disciplina. Para o professor Dielcio, essa iniciativa pode ser considerada uma inovação, na medida em que promove a autonomia dos estudantes no processo de aprendizagem e remove o isolamento do ambiente educacional, tornando os estudantes protagonistas na aquisição do conhecimento.

Eles pesquisaram o Livro “O Poder das Imagens”, de Wagner Pinheiro Pereira, “A Pele da Cultura”, de Derrick de Derckhove, e “Cultura da Convergência”, de Henry Jenkins, professor da Universidade do Sul da Califórnia – EUA. Essa última obra fala de como é possível ter o “mundo nas mãos”, devido à convergência das mídias, tornando o tempo e a distância entre as pessoas, a informação e o conhecimento cada vez mais curtos. O professor Henry mostra em seu livro como a realidade pode ser transformada por meio da apropriação das novas mídias pela educação.

O estudante Tharciso Azanki, que estabeleceu contato com Henry, revela que essa experiência teve um impacto significativo em seu aprendizado. “Depois de conhecer melhor o Jenkins como estudioso e como pessoa, reli sua obra e enxerguei sua pesquisa com outros olhos, ele atualizou os exemplos dados na edição de 2009, levando em conta a atual realidade brasileira. Isso conferiu uma qualidade expressiva ao nosso trabalho, possibilitou uma melhor compreensão das teorias, contribuiu decisivamente para entendermos efetivamente a sua pesquisa. E tudo aquilo que o professor Dielcio disse nas aulas passou a fazer mais sentido agora, é como se um ciclo tivesse sido fechado”, explicou Tharciso.

Na opinião de um dos autores da ideia, Matheus Magno de Campos Bispo, os meios de comunicação, a tecnologia e as mídias podem e devem ser utilizados na educação. Para ele, tais recursos propiciam uma educação inclusiva e voltada para o conceito de ambientes colaborativos. “Isso torna o ato de ensinar e aprender muito mais atrativo, o aluno passa a se sentir capaz de realizar coisas que antes cabia apenas ao professor. A partir do uso da tecnologia, somos capazes de produzir a nossa própria aprendizagem”, completou Matheus. Carlos Leônidas Alves da Guia também participou dessa experiência e acredita que o empreendimento do grupo estabeleceu um novo padrão de apresentação de trabalhos na turma. “Após a nossa exposição, todos os grupos fizeram algo semelhante, buscaram inovar de alguma forma, fazer diferente”, finalizou Carlos.

Outra estudante que avalia positivamente a iniciativa dos alunos é Maria Gislaine Rozendo, para quem esse modelo de ensino, no qual o aluno participa de forma ativa nas aulas, favorece muito mais o aprendizado. “Esse estímulo que recebemos do professor Dielcio o tempo todo em suas aulas fez com que buscássemos novos caminhos para o estudo, a pesquisa e para apresentar nossos trabalhos.

Acho que aprendemos melhor assim do que se ele fosse a única fonte responsável a transmitir o conhecimento. Ao propor temas atuais, ele propicia a conexão dos jovens ao mundo da aprendizagem por meio das mídias”, finalizou.

Todos os alunos entrevistados concordam que essa forma de pesquisar potencializa o aprendizado e amplia as possiblidades de interpretação da obra pesquisada. Eles presumem também que esse modelo interacional de estudo entre pesquisadores e autores de obras pesquisadas, possibilitado pelas novas mídias, vá tornar uma tendência. Tharciso lembra que “o próprio Jenkins assegura em seu livro que a convergência das mídias possibilitaria isso que estamos fazendo: o trabalho colaborativo. E a sua participação ativa nesse processo é prova disso. Antes do advento da cultura da convergência seria quase impossível a interação de um professor de uma universidade no sul da Califórnia com estudantes do primeiro ano de Comunicação de uma Universidade do Mato Grosso de forma tão rápida e eficaz”, argumentou Tharciso.

Participaram dos trabalhos também os estudantes Gustavo Felipe Gomes Pinto Vilela, Bruno Costa Marques Arruda, Lariça Luzia de Oliveira Souza, Yael Costa, Felipe Zulian, Karenn Brito, Dariane Maciel, Bruno Kreutz, Vitor Batista, Débora Oliveira e Aline Maciel. 




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