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Pesquisa/Tecnologia
Sábado, 02 de março de 2019, 08h31

Fatores climáticos podem ter influenciado na reprodução do papagaio-de-cara-roxa


O monitoramento anual do período reprodutivo do papagaio-de-cara-roxa, executado há 20 anos pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), é realizado pelos técnicos do Projeto de Conservação da espécie, com auxílio de moradores locais e voluntários durante os meses de outubro a março. Durante a estação reprodutiva 2018/2019, que contou com apoio com apoio da Fundação Loro Parque, foram monitoradas 109 cavidades no estado do Paraná e 42 no litoral sul de São Paulo.

No Paraná, a equipe do Projeto registrou e acompanhou a postura de 120 ovos, nos 75 ninhos ocupados. O sucesso reprodutivo, número que indica quantos filhotes conseguiram se desenvolver e alçar voo, foi o menor já registrado no litoral do estado. Dos 53 filhotes nascidos, apenas 20 alcançaram o sucesso.

A variação na taxa de sucesso reprodutivo é normal e esperada, mas o clima pode ter sido um fator determinante para os baixos números da temporada, conforme explica Elenise Sipinski, coordenadora do Projeto. “Nessa região tivemos um inverno muito quente, mas em compensação, entre os meses de outubro e novembro tivemos dias frios, com temperaturas abaixo de 20 graus, o que acabou atrasando o início do período reprodutivo do papagaio-de-cara-roxa. Além disso, com o nascimento tardio, o calor intenso do verão prejudicou o desenvolvimento dos filhotes e, consequentemente, afetou o sucesso reprodutivo. Os filhotes também apresentaram um alto índice de ectoparasitas”, analisa a pesquisadora. Roberta Boss, técnica em conservação do Projeto, acrescenta que “além das condições climáticas, a predação de ovos e de filhotes também foi um fator importante para a baixa taxa de sucesso reprodutivo dos filhotes”.

Já no litoral sul de São Paulo, a equipe do Projeto vem monitorando ninhos dos papagaios desde 2013. Ao longo dos anos, foram mapeadas 67 cavidades naturais potenciais para ninho da espécie, sendo que destas, 22 já tiveram atividade registrada. Durante a estação reprodutiva de 2018/2019, todas as cavidades e ninhos artificiais foram monitorados, mas apenas um ninho natural e um ninho artificial estiveram ativos. Foram registrados quatro nascimentos, com sucesso desses quatro filhotes.

Elenise explica que pressões externas também são determinantes para o resultado desta temporada, como o saque de ninhos para a venda ilegal de filhotes. “Infelizmente ainda registramos vários casos de tráfico de aves. Cada vez mais precisamos do apoio da sociedade para nos ajudar no combate a captura e tráfico de animais. Ter a possibilidade de ver grupos de papagaios-de-cara-roxa se deslocando para os dormitórios, em um belo espetáculo, por exemplo, só é possível se não forem retirados da natureza”. O corte de árvores é outro fator que também prejudica a manutenção da espécie, já que reduz a quantidade de lugares seguros disponíveis para que os papagaios possam se reproduzir.

Estes resultados e análises são possíveis graças ao monitoramento contínuo e ininterrupto dos papagaios-de-cara-roxa. A espécie que ocorre numa estreita faixa do bioma Mata Atlântica, que se estende do litoral sul de São Paulo e pela costa paranaense é acompanhada por técnicos, voluntários e moradores locais durante todo o ano desde 1998. Especificamente, durante o período entre a postura dos ovos e voo dos últimos filhotes, a equipe realiza expedições em busca de novos ninhos, acompanhando o desenvolvimento dos filhotes, registrando suas medidas, anilhando e examinando se estão saudáveis.

Motivos para comemorar

Para auxiliar na reprodução das aves e consequentemente, no aumento populacional, a equipe técnica instala ninhos artificiais no topo das árvores, desde o ano de 2002. Essa atividade procura suprir a falta de ocos formados nos troncos de árvores e que, normalmente, são utilizados como ninhos pelos papagaios-de-cara-roxa. No Paraná, o Projeto já instalou 120 ninhos artificiais em áreas utilizadas pelos papagaios para a reprodução. Já em São Paulo, a atividade começou em 2006 e também já conta com 20 ninhos artificiais instalados.

Durante o mais recente monitoramento os técnicos do Projeto registraram a primeira utilização de ninho artificial por papagaios-de-cara-roxa no litoral de São Paulo. “Embora os primeiros ninhos artificiais tenham sido instalados há três anos, somente agora, no início de 2019, conseguimos ver um deles sendo usado. Isso demonstra que estamos proporcionando um ambiente seguro e confiável para que a espécie consiga se reproduzir. Nesse ninho em específico registramos o nascimento de dois filhotes”, comemora Rafael Sezerban, técnico que acompanhou e registrou os nascimentos.

Além do monitoramento reprodutivo, o Projeto também acompanha a espécie durante todo o ano, promovendo outras ações. Entre elas, está o monitoramento populacional, com a realização dos censos anuais. O último censo do papagaio-de-cara-roxa, feito em 2018 pela SPVS, registrou uma população de 9.112 aves, 80% faz parte da população paranaense, onde foram registrados 7.366 papagaios. No litoral paulista vivem 1.746 aves. Esta atividade mobilizou mais de 50 voluntários, entre estudantes, moradores da comunidade local, equipe técnica e outras pessoas sensibilizadas com a causa.

 




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