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Política MT
Quarta, 18 de março de 2015, 06h01

Três trabalhadores mortos faziam bico para Fabris que recusa usar gabinete


Welington Sabino
GD

O deputado estadual Gilmar Fabris (PSD), falou pela primeira vez, sobre a explosão que ocorreu na Assembleia Legislativa e matou 3 trabalhadores que instalavam carpetes no gabinete 114 que seria utilizado pelo parlamentar e afirmou que ninguém tem culpa e nem responsabilidade pela morte das vítimas. De antemão, ele alegou que não contratou ninguém, apesar de ter esclarecido que pediu a seu funcionário Paulo Rogério da Silva, 39, para ir até a loja Santa Rita Decor e comprar os tapetes para serem colocados sobre o piso do gabinete que ele iria utilizar. Fabris garante, no entanto, que auxiliou os familiares com as despesas momentâneas relativas ao funeral e sepultamento. 

Sobre possível indenização da família, Fabris afirma: “Se fizer isso vai perder o tempo dele e deixar meu coração duro”.

Ele contrapôs dizendo que o ser humano tem o costume de querer sempre achar um culpado, mas esse não é o seu caso. “Eu sou diferente, eu queria dar minha vida pra salvar os trabalhadores se isso fosse possível”, disse o deputado afirmando que ninguém sabe e nem pode explicar o que aconteceu dentro da sala no momento da explosão, pois quem poderia dizer isso são os trabalhadores que morreram. “Qualquer coisa que for falada é mera especulação”, ressaltou. Ele também disse que se alguém tem culpa pelo ocorrido são os próprios trabalhadores, que em sua visão, seriam profissionais e sabiam o que estavam fazendo. “Nada mais foi do que um grande acidente causado pelos próprios profissionais que lá estiveram”.

Questionado se teme ser acionado judicialmente por algum familiar das vítimas, o deputado destacou o seguinte: “Se fizer isso vai perder o tempo dele e deixar meu coração duro”, afirmou voltando a esclarecer que não foi ele quem contratou os 3 homens que eram, segundo ele, vendedores na loja. A explosão ocorreu na noite da última sexta-feira (13) e resultou na morte de Jhonatan Bruno Paes, 24, Wagner Nunes de Almeida, 23, e Luciano Henrique Perdiza. Eles receberiam R$ 1,9 mil pelo serviço, uma espécie de “bico” que aceitaram fazer após o expediente de trabalho na loja onde trabalham e os tapetes foram adquiridos pelo funcionário de Fabris. O motivo é que a loja não oferecia o serviço de instalação.

As declarações do deputado foram feitas em entrevista coletiva convocada por sua equipe na tarde desta terça-feira (17). Ele também ressaltou que seu gabinete é o 118 e que ele iria ocupar o 114 que antes era de Guilherme Maluf (PSDB) hoje presidente da Casa. Agora, ele não vai mais utilizar o gabinete palco do acidente e também não quer carpete no chão, pois segundo o deputado, isso fará ele lembrar do acidente e das morte dos 3 trabalhadores. “Não vou mais mudar pra lá, me entristeceu”, ressaltou.

Fabris também esclareceu que comprou o tapete com seu próprio dinheiro e o pagamento dos rapazes pela instalação também foi do seu bolso. Pelo menos R$ 1,5 mil já tinham sido pagos, segundo ele, restando outros R$ 400 que os rapazes cobraram depois para substituir a parte com problema. A instalação do tapete começou uma semana antes do acidente, mas uma peça estava com defeito e por isso os trabalhadores voltaram à Assembleia na sexta-feira para fazer a substituição.

O deputado também reafirmou a versão da Assembleia já divulgada através de nota, de que cada deputado tem autonomia para promover mudanças nos gabinetes e pequenas reformas que não atinjam a parte estrutural, ou seja, não podem derrubar paredes. Os custos ficam à cargo de cada parlamentar, pois a Assembleia não teria verbas para custear tais reparos. Gilmar Fabris pontuou que deu apoio nos gastos com velório e caixão e entende que de agora pra frente ele não teria que arcar com mais nada de maneira justa. “Mas eu sou diferente das outras pessoas, no que puder eu ajudo", ponderou.

Ainda na coletiva ele destacou que após a explosão, ele que não estava na Assembleia, foi contatado e prestou auxilio imediato, inclusive acionando o presidente Guilherme Maluf que teria se prontificado a levar as vítimas para seu hospital particular, o que não foi necessário uma vez que o Pronto-Socorro de Cuiabá possui um centro de tratamento de vítimas de queimadura que é referência no Estado.

“Foi uma fatalidade. Quem pode imaginar um acidente como esse na instalação de um carpete? Vai tirar um carpete e morrem três pessoas? Não sei o que aconteceu. Só o que eu sei é que o thinner é muito inflamável. Agora resta esperar o resultado da perícia”, ressaltou explicando que isso deve levar pelo menos 30 dias.

Entenda - Após a explosão que ocorreu no período da noite de sexta-feira (13), as vítimas foram socorridas por policiais militares que estavam na Assembleia no momento. Luciano Henrique Perdiza teve 85% do corpo queimado, enquanto Jhonatan Bruno Paes teve 90% e Wagner Nunes de Almeida, 100%. Eles foram encaminhados ao Pronto-Socorro pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Funcionário do gabinete, Paulo Rogério da Silva, 39, estava em uma sala ao lado e também foi hospitalizado por ter inalado a fumaça tóxica. Ele foi socorrido e encaminhado para uma unidade médica, mas recebeu alta no mesmo dia.




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