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Quarta, 19 de outubro de 2016, 13h49

Preso, Eduardo Cunha será levado para Curitiba para ser ouvido por Moro



Eduardo Cunha, no dia da perda de mandato de deputado federal.



Gazeta do Povo


Curitiba - PR - O juiz Sergio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, determinou a prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele foi preso no início da tarde desta quarta-feira (19) pela Polícia Federal (PF) no seu apartamento funcional em Brasília. Sua casa no Rio de Janeiro também foi alvo de busca e apreensão. Cunha passou para a jurisdição de Moro depois de ter seu mandato cassado na Câmara, quando perdeu o foro privilegiado. Ele deve ser transferido para Curitiba até o fim da tarde. A prisão é preventiva e o ex-deputado deve ficar na carceragem da PF no bairro Santa Cândida.

No pedido de prisão, os procuradores do Ministério Público Federal que integram a Operação Lava Jato sustentaram que a liberdade do ex-parlamentar representava risco à instrução do processo, à ordem pública e que também havia a possibilidade concreta de ele fugir do país por ter dinheiro oculto no exterior e dupla nacionalidade (Cunha é cidadão italiano, além de brasileiro).

De acordo com nota do MPF divulgada à imprensa, diversos fatos evidenciaram a disposição de Cunha de atrapalhar as investigações. Como exemplo, os procuradores citaram várias atitudes que Cunha tomou que teriam tido o o objetivo de atrapalhar a investigação. Todos os fatos elencados, porém, ocorreram quando o peemedebista ainda era deputado.

Cunha é acusado de ter recebido dinheiro ilicitamente por meio de contratos da Petrobras na África. O caso veio à tona durante a Operação Lava Jato e começou a ganhar corpo quando o Ministério Público da Suíça confirmou que o deputado mantinha dinheiro no país.

A conta secreta foi descoberta e levou à cassação do deputado. Ele foi acusado de quebra do decoro parlamentar por ter mentido na CPI da Petrobras. Ele disse na época, em março de 2015, que não tinha contas fora do país.

A revelação da conta fez o deputado mudar de versão. Ele passou a dizer que era “usufruturário de um truste”. Mas isso não mudou sua situação legal. Ele, a esposa e a filha continuaram sendo investigados pela Lava Jato.

Cunha x Dilma

A situação política de Cunha começou a ficar insustentável depois do rompimento com o governo Dilma. Eleito como oposição ao PT, ele jurou que jamais tocaria o processo de impeachment da presidente, selando um acordo de paz.

No entanto, quando o caso contra o deputado chegou ao Conselho de Ética, o PT anunciou que votaria contra Cunha. Ele retaliou abrindo o processo de impeachment que levou à cassação do mandato da presidente da República.

Desde então, apesar dos escândalos de corrupção, Cunha era visto por parte da oposição a Dilma como uma espécie de “Malvado Favorito”, título usado várias vezes para se referir a ele. No entanto, o governo Michel Temer (PMDB) não salvou Cunha da derrocada e da cassação.

Cunha é tido como experiente articulador político, tendo passado pelo governo Collor e representando evangélicos na Câmara. No processo de impeachment, além de articular contra Dilma, fez questão de votar e, numa declaração célebre, pediu que “Deus tenha misericórdia desta Nação”.

África

As relações de Cunha na África já vinham sendo objeto de investigação. Descobriu-se por exemplo que o deputado viajava constantemente para o continente. Foram 37 viagens em dois anos.

Para tentar comprovar suas explicações sobre a origem de seu dinheiro em contas na Suíça, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mostrou a líderes partidários na tarde desta terça-feira (10) seu passaporte com carimbos de entradas na África.

Cunha é investigado também por ter supostamente, segundo delações, recebido em propina US$ 10 milhões (pouco mais de R$ 32 milhões) pela intermediação de uma compra de um campo de Petróleo em Benin, na África, por parte da Petrobras.

Risco à investigação

Fatos que, segundo o MPF, mostram que Eduardo Cunha tentou atrapalhar as investigações no período em que era deputado:

1) Requerimentos no Tribunal de Contas da União (TCU) e Câmara dos Deputados sobre a empresa Mitsui para forçar o lobista Julio Camargo a pagar propina a Eduardo Cunha.

2) Requerimentos contra o grupo Schahin, cujos acionistas eram inimigos pessoais do ex-deputado e do seu operador, Lucio Bolonha Funaro.

3) Convocação pela CPI da Petrobras da advogada Beatriz Catta Preta, que atuou como defensora do lobista Julio Camargo, responsável pelo depoimento que acusou Cunha de ter recebido propina da Petrobras.

4) contratação da empresa de investigação Kroll pela CPI da Petrobras para tentar tirar a credibilidade de colaboradores da Operação Lava Jato.

5) Pedido de quebra de sigilo de parentes do doleiro Alberto Youssef, o primeiro colaborador a delatar Eduardo Cunha.

6) Apresentação de projeto de lei que prevê que colaboradores não podem corrigir seus depoimentos.

7) demissão do servidor de informática da Câmara que forneceu provas evidenciando que os requerimentos para pressionar a empresa Mitsui foram elaborados por Cunha, e não pela então deputada “laranja” Solange Almeida.

8) manobras junto a aliados no Conselho de Ética para enterrar o processo que pedia a cassação do deputado. 9) ameaças relatadas pelo ex-relator do Conselho de Ética, Fausto Pinato (PRB-SP).

10) relato de oferta de propina a Pinatto, ex-relator do processo de Cunha no Conselho de Ética.




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