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Moscou não tem intenção de invadir a Ucrânia, afirmou neste sábado o chanceler russo, Sergei Lavrov. A declaração ocorre poucas horas depois que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Barack Obama, discutiram por telefone uma solução diplomática para a crise.
De acordo com a iniciativa apoiada pelos Estados Unidos, a Rússia interromperia a escalada militar na fronteira com a Ucrânia e recolheria suas tropas.
Enquanto isso, o boxeador ucraniano e líder da oposição Vitaly Klitschko desistiu da corrida presidencial.
Klitscho anunciou neste sábado que apoiaria o bilionário Petro Poroshenko nas eleições previstas para ocorrer em maio. A ex-premiê Yulia Tymoshenko afirmou que continua na disputa.
Ao comunicar sua desistência, Klitscho disse: "A única chance de ganharmos é nomearmos um único candidato das forças democráticas".
'Meios diplomáticos'
Em entrevista à TV estatal russa Rossiya 1, Lavrov afirmou que a Rússia "não tem nenhuma intenção ? ou interesse – de cruzar as fronteiras da Ucrânia".
Ele acrescentou que a Rússia está pronta para proteger "os direitos dos russos e da população russa na Ucrânia, usando todos os meios legais, diplomáticos e políticos disponíveis".
Ao fim da entrevista, Lavrov teria falado ao telefone com o secretário de Estado americano, John Kerry.
Segundo autoridades russas, a ligação teria partido de Kerry.
Na noite de sexta-feira, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Barack Obama, conversaram por uma hora ao telefone. Segundo autoridades americanas, a chamada foi feita por Putin.
"O presidente Obama assinalou ao presidente Putin que os Estados Unidos continuarão a apoiar um caminho diplomático...com o objetivo de por fim à crise", informou a Casa Branca, em comunicado.
"O presidente Obama deixou claro que essa solução só será viabilizada se a Rússia retirar suas tropas e não tomar nenhuma outra decisão que viole a integridade territorial e a soberania da Ucrânia".
Os dois líderes concordaram que Lavrov e Kerry deverão se encontrar em breve para discutir os próximos passos da crise na Ucrânia.
A proposta dos Estados Unidos, concebida a partir de consultas com a Ucrânia e outros países europeus, inclui o fim da escalada militar na fronteira da Ucrânia, o envio de monitores internacionais à Crimeia para proteger os direitos da população russa, e o recuo das tropas russas às suas bases.
Segundo o Kremlin, Putin chamou a atenção de Obama para a "crescente violência dos extremistas" em Kiev e em outras regiões da Ucrânia.
O presidente russo também teria sugerido a seu homólogo americano examinar caminhos possíveis que a comunidade global poderia tomar para ajudar a estabilizar a situação, acrescentou o comunicado do governo da Rússia.
As movimentações das tropas russas na fronteira leste da Ucrânia – descrita pela Otan como "uma forte escalada militar" – vêm alimentando os temores de que o interesse de Putin na Ucrânia não estaria limitado à Crimeia.
O editor da BBC para a América do Norte, Mark Mardell, afirmou que a conversa telefônica entre os presidentes russos e americano na noite de sexta-feira pode indicar uma tentativa de progresso rumo a uma solução diplomática, em meio a especulações no Ocidente de que a Rússia poderia invadir o leste da Ucrânia.
Em resposta às investidas de Moscou na Crimeia, Estados Unidos e aliados impuseram sanções aos membros do círculo político de Putin, além de ameaçar penalizar a economia russa.
A Rússia anexou formalmente a Crimeia após um referendo em que 97% dos eleitores votaram a favor da incorporação da região autônoma à Rússia.
Kiev e o Ocidente classificaram a votação como "ilegal".
O referendo ocorreu meses depois de violentos protestos nas ruas das principais cidades ucranianas, que levaram à deposição do então presidente do país, Viktor Yanukovych, um antigo aliado de Moscou, em fevereiro.
(BBC)
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