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Esporte
Segunda, 19 de setembro de 2016, 14h43

Estado terá jogadores de tênis nas Paralimpíadas Escolares


Eles já fazem parte da história do paradesporto de Mato Grosso, são os primeiros tenistas em cadeira de rodas a representar o Estado numa competição nacional. Mas, Emanuel Jesus, 15 anos, e Fernando Gomes, 16, não querem só participar nas Paralimpíadas Escolares. Eles treinam firme até o início da competição que ocorre em São Paulo, no mês de novembro.

Os garotos – que são alunos da Associação de Espinha Bífida de Mato Grosso - treinam duas vezes por semana no Ginásio Poliesportivo Professor Aecim Tocantins, no bairro Verdão, em Cuiabá. Emanuel e Gomes são comandados pelo experiente professor Sérgio Alves dos Santos, que veio direto do Rio de Janeiro para difundir a modalidade em Mato Grosso.

No primeiro momento a proposta é que eles passem a bola, de um lado da rede para o outro, o maior número de vezes possíveis. O professor também trabalha a coordenação e agilidade dos jogadores em quadra. “Bate na bolinha mais suave”, “Olha o movimento com a raquete”, “Sem força, sem força, sem força”, repete Sérgio durante os treinos.

 

Foto por: Sérgio Alves
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A vontade dos meninos impressiona. Emanuel, por exemplo, se desloca de ônibus da sua casa até o ginásio para treinar. O trajeto leva cerca de uma hora e é dividido em duas partes. Primeiro ele sai de sua casa sozinho, vai até o ponto de ônibus e pega a condução rumo ao centro de Cuiabá. Do outro lado da cidade, sua mãe, Maria de Fátima, faz a mesma coisa. Ela sai do serviço, no CPA 3, pega o ônibus e encontra o filho no centro da capital. Juntos, seguem para o ginásio Aecim Tocantins, onde Emanuel quase sempre chega em cima da hora.

Nos treinos Emanuel se esforça, repete os movimentos por várias vezes e tenta acertar a bolinha da maneira mais correta. Nem sempre acerta, mas quando consegue ganha um grande incentivo do técnico. “Isso garoto! Muito bom”, comemora Sérgio. Como treina há mais tempo, Emanuel está mais familiarizado ao esporte em relação ao Fernando.

Ele acredita que é capaz, muito capaz. Principalmente depois do que assistiu nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro e percebeu que tem gente com deficiência bem maior do que a dele e consegue fazer coisas incríveis no esporte. “Quando eu assisto esses jogos na TV eu me imagino lá, representando o meu país”, conta o menino.

Já o outro jogador, Fernando Gomes, de 17 anos, pratica esporte desde criança. Ele começou na natação aos quatro anos, depois foi para o basquete, tênis de mesa e agora parece que se encontrou no tênis em cadeira de rodas. O garoto se diz apaixonado pela modalidade e garante: “um dia ainda vou representar o meu país nas Paralímpiadas”.

Desde mais novo ele tem a ideia fixa de ser um paratleta, mas esse sentimento se consolidou de vez depois que ele teve a experiência de ir até o Rio de Janeiro assistir as Paralímpiadas. Ficou deslumbrado com a estrutura de competição e principalmente com o que os paratletas de alto nível podem fazer.

Mas, o seu primeiro objetivo é treinar para as Paralímpiadas Escolares em São Paulo. Gomes tem que correr contra o tempo, já que começou depois de Emanuel. Vontade não lhe falta. Ele se concentra, escuta atentamente as orientações do técnico e tenta executá-las da melhor maneira possível. Não tem sido fácil, mas ele está determinado a ser um bom jogador. “Tudo no começo é difícil para todo mundo. Acredito que com o tempo eu vou superar essas dificuldades e jogar bem melhor” diz o garoto confiante.

Estímulo de vida

Se Mato Grosso vai disputar o tênis em cadeira de rodas nas Paralímpiadas Escolares, muito se deve ao empenho do professor Sérgio Alves dos Santos.

Com o apoio da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seduc/Sael-MT) Sérgio começou suas andanças pelas instituições de pessoas com deficiência em Cuiabá, com a intenção de achar alunos interessados em praticar tênis em cadeira de rodas. De tanto procurar ele encontrou Emanuel e Gomes na Associação de Espinha Bífida de Mato Grosso.

Sérgio começou na área meio que por acaso, como auxiliar técnico do professor Márcio Granjeiro, que nos anos 90 treinava o paratleta José Carlos Morais, que fez história como o primeiro tenista brasileiro a disputar as Paralimpíadas, em Atlanta 1996.

Depois de Atlanta, Granjeiro deixou de treinar Morais e o professor Sérgio assumiu o cargo. A partir daí ele não parou mais, se apaixonou pela causa e há 20 vinte anos desenvolve uma série de projetos sociais no Rio de Janeiro, entre eles, o “Cadeiras na Quadra”, desenvolvido para atender crianças e jovens cadeirantes de bairros carentes da cidade.

Mas ele quer ir além e busca inspiração no médico judeu alemão, Ludwig Guttmann, que trabalhava em um hospital na cidade inglesa de Stoke Mandeville, que tratava dos soldados mutilados na 2ª Guerra Mundial.

Guttmann começou a perceber que podia usar o esporte como ferramenta para reabilitar os soldados amputados. Ele também percebeu que o paradesporto podia dar um novo sentido à vida dos jovens que se sentiam inúteis e um peso morto para os familiares.

Em 1948, o médico realizou a primeira competição envolvendo pessoas com deficiência, que foi o arco e flecha para cadeirantes. Essa iniciativa culminaria na realização dos primeiros jogos Paralímpicos, na década de 60, e marcaria o nome de Guttmann na história do esporte adaptado como o grande mentor das Paralimpíadas modernas.

O professor Sérgio se inspira para também criar um grande centro de reabilitação e prática de esportes para pessoas com deficiência. “Um centro de paradesporto serve para incentivar as pessoas. É ela chegar nesse local e ver gente que possui limitação física maior do que a dela praticando esporte e fazer o seguinte questionamento: mas se ela pode porque eu também não posso. É esse ‘bichinho da possibilidade’ que sempre procuro alimentar nas pessoas”.

 




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