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Esporte
Sábado, 05 de novembro de 2016, 15h56

Atletas elogiam integração em jogos universitários com competição paradesportiva


Amanda Vanessa Gomes, 19 anos, saiu de Macapá para representar a Universidade Estadual do Amapá (UEAP) na primeira competição paradesportiva da história dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), realizada nessa sexta-feira (4). Na mesma prova, nadou Jéssica Domingos, 22 anos, que foi de Curitiba para Cuiabá escrever seu nome e o da Universidade Federal do Paraná nessa história.

Apesar de nadarem lado a lado, as duas ganharam medalha de ouro, porque representavam classes diferentes do paradesporto: Amanda era S9, e Jéssica, S8, em uma escala em que, quanto mais próximo de 10, menos limitante é a deficiência.

 

"Eu sinto um prazer enorme de poder participar e mostrar o quanto o Brasil é diverso", comemorou Amanda, que nasceu com uma má formação no pé esquerdo e treina de segunda a sábado em uma piscina usada em um projeto social da Polícia Militar do Estado do Amapá. "No meu estado, a dificuldade é muito grande em relação ao esporte, seja paralímpico ou outro. Foi uma oportunidade muito grande estar aqui".

Aluna de engenharia ambiental, ela disse que vai disputar mais duas provas e dedicar as medalhas que conquistar ao irmão de três meses. "Minha maior alegria vai ser entregar a medalha pra ele".

Em sua 64ª edição, os jogos incluíram pela primeira vez a natação e o tênis de mesa paradesportivos entre suas competições. A prova de 50 metros nado de costas feminino foi só a primeira das dez finais que serão disputadas até o amanhã (6) na natação.

Inclusão

Além de festejarem a possibilidade de competir em mais um evento nacional, os atletas elogiaram a possibilidade de competir nos mesmos locais e dias que o esporte convencional. As provas paradesportivas foram marcadas para antecederem suas equivalentes na programação convencional, o que faz com que atletas convivam, aprendam e torçam uns com os outros. Acompanhada pelos colegas da UFPR, Jéssica Domingos defendeu a ideia.

"Tem de haver essa união. As competições paralímpicas são muito isoladas. É natação como um todo e não podemos separar", afirmou. "Mesclar com o convencional [é bom] para que um conheça o outro. Conheço muitos atletas convencionais que nunca viram uma competição paralímpica", informou a curitibana, que cursa educação física e já participou de competições nacionais e internacionais, mas sempre voltadas para o paradesporto.

Presidente da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), Luciano Cabral destacou que a demanda pela inclusão desses atletas é antiga e que a preparação para os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro enfatizou que era o momento de atendê-la. "Esperamos passar a Paralimpíada no Brasil não para fazer uma competição para eles, mas para incluí-los no nosso programa. É um processo de inclusão", disse Cabral.

Depois de Jéssica e Amanda caírem na água e serem aplaudidas, elas torceram e assistiram de perto a final dos 50 metros feminino nado de costa. Em seguida, foi a vez de Leonardo, Vinicius e Maurício serem os primeiros do paradesporto masculino do JUBs, também na prova de 50 metros costa.

"Não há nada igual a isso. Já participei de brasileiros paralímpicos e competições internacionais e nunca vi uma integração como essa. Sou totalmente a favor", elogiou Vinicius Bernardi, 21 anos, que estuda direito na Universidade Federal do Paraná.

Com má formação congênita no fêmur esquerdo, ele começou a nadar por recomendação médica e já pratica o esporte há 16 anos. "Quando você começa a fazer as competições, não para mais. Fica ansioso por superar seus limites e barreiras, independentemente de ter deficiência ou não no corpo."

Prazer

Aluno da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Leonardo Alenski, 20 anos, faz parte de uma equipe que inclui atletas do paradesporto e do esporte convencional e atribui à natação seu modo de encarar a vida. "Foi ela que me deu perspectiva e objetivo não só nas piscinas, mas no ensino superior e tudo mais."

Maurício Scota, também 20 anos, tem uma visão parecida e acredita que a troca de experiências com outros atletas o estimula e também faz com que eles se espelhem em sua força de vontade.

"É muito boa essa integração. As pessoas conversam. Trocamos experiências. Achei que não conseguiria nada disso que tenho hoje, mas superei tudo e digo que sou um vencedor", acrescentou o estudante de Educação física da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

Maurício sonhava ser jogador de futebol, mas sofreu um acidente de moto aos 17 anos e teve uma perna amputada. "Pensei que não ia ter mais nada para fazer na vida. Hoje faço um esporte que me dá prazer", concluiu o atleta. 

ABr




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