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Empresários demonstram coesão debatendo assuntos de interesse, tendências e boas práticas
A piscicultura é um setor que não para de crescer e se estruturar em Mato Grosso. Prova disso é a atuação da Associação de Aquicultores do Estado de Mato Grosso (Aquamat) e do Projeto de Piscicultura do Sebrae, desenvolvido em parceria com a entidade. Na noite de quinta-feira (3), foi realizada a primeira reunião mensal de 2014 da Aquamat e Sebrae no Centro de Eventos Pantanal da qual participaram 47 associados. Os assuntos em pauta despertaram grande interesse.
O consultor do Sebrae em piscicultura, Francisco Medeiros, foi o primeiro a falar sobre as novidades em andamento em termos de legislação e normas voltadas ao setor. Entre elas, informou que em dois meses será iniciado o debate nacional sobre as normas para a produção de ração para alevinos, ainda inexistentes no país. Outra novidade bem recebida foi relativa ao acordo com o Banco do Brasil para que propriedades com até 5 ha não precisem mais apresentar licenciamento ambiental para solicitar financiamento.
Jules Ignacio Bortoli, presidente da Aquamat, apresentou a nova logomarca da entidade. Mais moderna, circular com peixes de diferentes formatos em seu interior e nas cores verde, azul e branco, agradou os associados.
A bióloga e professora de Piscicultura da Universidade Federal do mato Grosso (UFMT), Janessa Sampaio de Abreu, fez palestra em seguida sobre boas práticas de manejo sanitário na piscicultura comercial.
“Sanidade é um dos aspectos mais relevantes para a piscicultura comercial”, afirmou. No Brasil não ocorreu, até hoje, nenhum diagnóstico viral que acometesse a produção de peixes de forma massiva, segundo a professora. Em 2003, a carcinicultura (cultivo de camarões) na região nordestina sofreu uma crise devido à doença viral chamada Mionecrose Infecciosa, que quebrou muitos empreendimentos. Foi o fato mais grave ocorrido no Brasil em termos de sanidade de criação aquática.
No Chile, entre 2008 e 2009, o surto causado pelo Vírus da Anemia Infecciosa do Salmão (ISAV), gerou a perda de milhões de dólares ao país. A mortalidade em massa de salmões foi uma lição para o país, que tomou diversas providências e baixou normas de biossegurança para evitar outras crises.
Segundo Janessa, no Brasil há poucos especialistas em parasitologia e patologia de peixes. “Ainda é um mistério. A todo momento, se descobre novos parasitos. A instalação de qualquer doença é por meio da relação patógeno-hospedeiro-ambiente. As doenças são oportunistas e sempre vêm após situação que deixa o ambiente vulnerável a esta situação”, alertou.
Boas práticas
A forma mais comum de transmissão se dá na compra de peixes (alevinos, juvenis ou adultos). Com um simples exame visual, pode-se verificar se o animal está saudável, segundo a professora. Deve-se observar, por exemplo, se o peixe possui pontos hemorrágicos (manchas vermelhas), pois não são bons sinais.
Dispensar a água de transporte no solo, porque pode estar contaminada. Buscar nova fonte de água não contaminada para colocar os peixes comprados. Usar filtros e telas de proteção na tomada de água. Evitar a presença de peixes invasores nos canais de abastecimento, é outra orientação.
Cada viveiro deve receber água independentemente dos demais e não devem ser interligados em série. O gerenciamento inadequado dos estoques – misturar peixes jovens e adultos – também ajuda a proliferar doenças. Os mais jovens são mais vulneráveis, segundo pesquisas, informou Janessa.
A quarentena de cerca de 25 dias é aconselhável para animais que estão chegando à propriedade. O tratamento de parasitos é considerado difícil, por este motivo a melhor solução é a prevenção.
Há formas paleativas de combater a presença de parasitos como sal de cozinha, formalina e permanganato de potássio, segundo a professora. Os organofosforados são indicados, mas só há uma marca no mercado brasileiro para peixes de água doce, que deve ser prescrito e acompanhado por médico veterinário.
Fazer a assepsia dos viveiros, antes do povoamento e a boa manutenção da qualidade da água são práticas fundamentais para a aquicultura. Evitar a entrada de aves ou animais silvestres na criação, também. O uso de tela antipássaro ou linha de anzol ajuda a controlá-los. “É preciso aprender a conviver e prevenir os parasitos”, aconselhou Janessa.
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