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Agro
Quarta, 11 de maio de 2016, 18h41

Tecnologia social da Embrapa integra ação para zerar saneamento rural em Holambra


A instalação das primeiras unidades da Fossa Séptica Biodigestora e Jardim Filtrante nesta quinta e sexta-feira, dias 12 e 13 de maio, vai contribuir para que o município paulista de Holambra dê o primeiro passo rumo à universalização do saneamento básico na área rural. Responsável pelas tecnologias sociais, a Embrapa Instrumentação (São Carlos - SP) integra o projeto capacitando, nesta fase inicial, técnicos, extensionistas e produtores rurais.

Em quatro anos, a estância turística – referência no Brasil na produção e flores - poderá ser o primeiro município brasileiro a ter a área rural com 100% de saneamento básico utilizando, entre outras soluções, tecnologias desenvolvidas pela Embrapa. "A implantação das unidades demonstrativas é um importante passo para o início do desenvolvimento de um projeto-piloto na área de saneamento rural em Holambra", afirma o prefeito Fernando Fiori de Godoy.

Com 383 propriedades na área rural, Holambra cumpre determinação do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público (MP) de Campinas, para executar ações de proteção ao meio ambiente. Entre elas, estão soluções para o saneamento básico rural, que ao serem adotadas vão beneficiar 850 residências. O município de 13 mil habitantes, sendo três mil na área rural, tem prazo até 2020 para zerar déficit de esgotamento sanitário.

O promotor de justiça do Gaema, Rodrigo Sanches Garcia, disse que está trabalhando com Holambra, um dos 24 municípios sob sua jurisdição, como um projeto-piloto para outras iniciativas. Ele acredita que a universalização do saneamento na área urbana, que poderá ser atingida em poucos anos, não corresponde a realidade para toda população. "É preciso lançar um olhar para a área rural de forma mais sistematizada", afirma.

Exemplo do que diz o promotor é o levantamento realizado pela equipe técnica do Serviço de Água e Esgoto de Holambra (SAEHOL) que constatou que, das 225 propriedades rurais do município visitadas, 134 usam a chamada "fossa negra", 70 despejam os dejetos in natura e apenas 20 fazem uso de fossa séptica.

A líder de projetos especiais do Instituto Trata Brasil, Edna Cardoso, lembra que, "por serem áreas de baixa densidade populacional, as áreas rurais normalmente têm dificuldade em receber as infraestruturas, em especial a do saneamento básico".

Ela afirma que as autoridades esquecem que grande parte da água que alimenta as áreas urbanas vem da área rural, e que, por isso, deveriam zelar mais pelo acesso das pessoas a soluções individuais ou coletivas de água tratada e destinação correta dos esgotos. "Isso preserva os rios, mas também a saúde das pessoas, em especial das crianças", diz.

Para o chefe-adjunto de P&D da Embrapa Instrumentação, Wilson Tadeu Lopes da Silva, essas parcerias são extremamente importantes, porque reúne diferentes instituições que atuam segundo suas características e competências. "Este arranjo torna o trabalho muito mais efetivo, juntando forças e conhecimentos. Para a Embrapa, a possibilidade de contribuir para a universalização do saneamento básico rural, com conhecimento e tecnologias desenvolvidas no Centro de Pesquisa, é uma clara mostra de como a ciência pode ser transformada em tecnologia e efetivamente contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população brasileira", afirma.

Capacitação

O dia de campo a ser realizado no dia 12 para formação de multiplicadores deverá contar com comunidades isoladas, associações de moradores, representantes do poder Executivo e Legislativo do município, instituições ligadas ao meio ambiente e está programado para ser desenvolvido em três etapas.

A primeira parte terá início às 8 horas, no Salão da Terceira Idade, no bairro Morada das Flores, com o credenciamento dos participantes, seguida de palestras do superintendente do SAEHOL, Antônio Carlos Bernardi Júnior sobre a proposta de atuação da Prefeitura de Holambra; do promotor Garcia, que vai falar do trabalho do MP no projeto; e da representante do Instituto Trata Brasil, que vai abordar os indicadores de saneamento básico rural e sua importância.

Na última palestra, o engenheiro civil, com mestrado em Saneamento & Meio Ambiente da Embrapa Instrumentação, Carlos Renato Marmo, vai apresentar as tecnologias desenvolvidas pelo Centro de Pesquisa para promover o saneamento básico na área rural.

No início da tarde, a atividade será na área rural do município. O sítio Borda da Mata, do produtor de plantas ornamentais Antonio Regis dos Santos será o primeiro a receber uma unidade da Fossa Séptica Biodigestora. Na propriedade de cinco hectares, com uma produção de cerca de 60 mil vasos anualmente, destinada ao mercado interno, os participantes terão a oportunidade de ver a instalação passo a passo da tecnologia, bem como seu funcionamento.

Antonio Regis aposta na instalação da Fossa Séptica Biodigestora para eliminar a chamada fossa negra, usada atualmente para receber o esgoto da casa, onde vivem quatro pessoas. "Será ótimo instalar a fossa e proteger o meio ambiente". A terceira etapa será executada no dia 13, com a instalação de uma unidade do Jardim Filtrante, também na residência do produtor Antonio Regis.

Tecnologias sociais

A Fossa Séptica Biodigestora trata o esgoto do vaso sanitário de forma eficiente; o efluente do sistema, rico em nitrogênio e outros nutrientes, pode ser utilizado no solo como fertilizante. Com mais de 11 mil unidades instaladas em todo o Brasil, não produz odores desagradáveis, não procria ratos e baratas, não contamina o meio ambiente, além de gerar produtividade saudável e economia em insumos na agricultura familiar.

A montagem de um conjunto básico da tecnologia, projetado para uma residência com cinco moradores, é feita com três caixas d´água de 1000 litros (fibrocimento, fibra de vidro, alvenaria, ou outro material que não deforme), tubos, conexões, válvulas e registros. A tubulação do vaso sanitário é desviada para a Fossa Séptica Biodigestora, onde o esgoto doméstico, com o auxílio de um pouco de esterco bovino fresco, é tratado e transformado em adubo orgânico pelo processo de biodigestão anaeróbia.

Já o Jardim Filtrante é uma alternativa para dar destino adequado ao esgoto proveniente de pias, tanques e chuveiros, ricos em sabões, detergentes, restos de alimentos e gorduras (a chamada "água cinza"). A escassez de recursos hídricos demonstra a importância da reutilização dessa água, que possui diversas aplicações: irrigação de lavouras, lavagem de pisos e janelas, uso no vaso sanitário, entre outras. 




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