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Agro
Segunda, 23 de maio de 2016, 12h25

Dia de Campo apresenta teste de touros jovens e tecnologias de manejo


Promovido pela Embrapa Cerrados (Planaltina , DF) na manhã do dia 19 de maio, o 2º Dia de Campo do Teste de Desempenho de Touros Jovens (TDTJ) no Bioma Cerrado contou com a participação de 230 estudantes, produtores rurais e extensionistas do Distrito Federal e Entorno. O evento foi realizado na área do Chapadão, local do TDTJ, e teve como objetivo disponibilizar novas soluções tecnológicas para a produção eficiente de bovinos de corte e de touros jovens no Cerrado.

Na abertura, o chefe geral Claudio Karia agradeceu o apoio dos parceiros que têm viabilizado o TDTJ na Unidade, destacando a oportunidade oferecida pelo Dia de Campo de apresentar, além do potencial genético dos animais da prova, outras tecnologias como manejo de pastagens e do gado e a suplementação mineral. "Para nós é uma grande satisfação a aproximação cada vez mais forte com a iniciativa privada, sobretudo com os pecuaristas", disse.

Karia ressaltou o crescimento da parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), que cedeu à Embrapa uma sala na sede da entidade, em Uberaba (MG). Juntas, as instituições firmaram um acordo de cooperação técnica que torna permanente a vitrine de tecnologias da Embrapa na área da Expozebu Dinâmica, evento do qual a Empresa se tornou correalizadora.

Os participantes percorreram quatro estações, apresentadas por pesquisadores da Embrapa Cerrados e representantes de empresas parceiras no TDTJ. Na primeira, o pesquisador Eduardo Eifert falou sobre eficiência alimentar (relação entre o que o animal consome e o que ele produz) em bovinos. Ele destacou o consumo alimentar residual (CAR) como ferramenta de seleção de animais mais eficientes do ponto de vista da conversão alimentar para o melhoramento genético, além de auxiliar na tomada de decisão do produtor.

Calculado pela diferença entre o consumo real e a quantidade de alimento que um animal deveria comer com base no peso vivo médio durante a prova e na velocidade de ganho de peso, o CAR será incorporado às próximas edições do TDTJ. Os animais avaliados em Planaltina (DF) serão submetidos ao teste de CAR no Centro de Desempenho Animal do Núcleo Regional da Embrapa Cerrados, localizado na Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO). Eles serão genotipados para identificação de genes associados à eficiência alimentar, permitindo, futuramente, de marcadores moleculares para a característica, que é transmissível para os filhos. Além disso, serão geradas DEPs (previsão de capacidade de transmissão de uma característica) para eficiência alimentar.

"Pensem em quanto de eficiência pode ser aumentado (apenas com o CAR) sem mexermos em renovação de pastagem, em suplementação e em melhoramento genético em outras categorias. Somando-se essas tecnologias, o salto será muito grande em curto tempo", disse Eifert. Ainda na primeira estação, Rodrigo Dias, gerente do departamento Corte Zebu da CRV Lagoa, falou sobre critérios para a escolha de biotipos animais mais adequados aos diferentes sistemas de produção da propriedade e as vantagens econômicas do investimento em touros melhoradores.

Na segunda estação, Gabriel Toledo, gerente de produto da Cargill, mostrou as vantagens da suplementação intensiva a pasto, o que permite maior ingestão de proteína bruta pelos animais e, consequentemente, maiores ganhos de peso. "O animal consegue ingerir mais matéria seca porque a digestibilidade dessa matéria seca aumenta. Conseguimos extrair mais energia da forragem porque existe um melhor equilíbrio entre a energia contida na forragem e a disponibilidade de proteína no rúmen", explicou.

Toledo destacou ainda que o uso de aditivo, que modula a flora ruminal eliminando bactérias indesejáveis (que produzem metano e eliminam energia do organismo), contribui para o maior aproveitamento da energia obtida com a forragem. "É possível fazer mais sem mudar o manejo. Ao sair do básico para a suplementação aditivada, sem alterar a frequência de fornecimento nem o espaçamento de cocho necessário, já me daria uma arroba a mais de produção por animal", observou.

Desempenho

O pesquisador Lourival Vilela abordou o manejo otimizado das pastagens no TDTJ na terceira estação, observando que além da maximização dos ganhos do rebanho, o bom manejo do pasto também melhora a cobertura do solo, contribuindo para a manutenção do ciclo hidrológico. Ele apresentou alguns resultados do TDTJ e o manejo conduzido nos três módulos de pastagens utilizados, onde foi feito pastejo rotativo e adubação de manutenção anual.

No período inicial de 70 dias da prova (28 de julho a 6 de outubro de 2015), houve ganho médio de 165 gramas por animal/dia. Nos 224 dias da prova efetiva, a média de ganho foi de 649 gramas por animal/dia. "Alguns animais ganharam acima de 1kg/dia. São esses animais que nos indicam que estamos trabalhando com uma pastagem com um bom potencial", disse. Vilela destacou o papel das pastagens bem manejadas no ciclo hidrológico: "Resultados de um monitoramento mensal de disponibilidade de água indicam que ao longo do ano a área de pasto manteve sempre maior quantidade de água no solo, comparada ao Cerradão, com maior recarga do lençol freático, que fornece 90% das águas dos rios do Cerrado".

A quarta e última estação foi apresentada pelo pesquisador Cláudio Magnabosco, coordenador do TDTJ, e por William Koury Filho, presidente da Brasilcomz, empresa de consultoria em melhoramento genético. Magnabosco explicou o conceito e os objetivos das provas de ganho de peso a pasto e apresentou exemplos de como um touro selecionado pode agregar valor genético e financeiro aos rebanhos.

As provas avaliam, nas mesmas condições de manejo, o ganho de peso, perímetro escrotal (característica relacionada à fertilidade e à precocidade sexual), carcaça, biotipo e, a partir de 2017, eficiência alimentar, gerando um índice que classifica os animais em inferiores, regulares, elite e superiores, sendo os dois últimos recomendados para reprodução e uso em centrais de inseminação. "Tudo isso facilita na avaliação dos touros candidatos a teste de progênie", observou Magnabosco.

O pesquisador exemplificou a situação comparativa entre um touro Nelore "cabeceira" de um rebanho comercial, um touro com a média do desempenho dos animais do TDTJ e um touro top de desempenho da raça introduzidos em um rebanho comercial. O touro acrescentaria R$ 42 por animal/ano, a média dos animais da prova R$ 172 e os top R$ 253. "Considerando 500 matrizes e 400 animais nascidos por ano, sendo 200 machos e uma vida de sete anos do touro, o reprodutor "cabeceira" do rebanho agregaria R$ 8,4 mil/ano e o touro de média da prova R$ 34,4 mil/ano, ou seja, 246 arrobas devido apenas à genética. E o touro top vai agregar R$ 50 mil/ano em função da superioridade genética", apontou.

Já Koury apresentou o índice EPMURAS de avaliação visual dos biotipos dos animais, que contempla características de estrutura corporal, precocidade, musculosidade, umbigo, raça, aprumos e sexualidade, baseada em proporções. "A seleção não deve ser pensada somente em termos de peso, e sim na composição do peso do animal, que é resultante da composição de ossos, músculos e gordura. Com o EPMURAS, temos um retrato falado do animal, e vamos buscar o biótipo mais condizente com o sistema de produção e com os objetivos de seleção de cada fazenda", explicou.

Ao lado da última estação, foram apresentados os animais Nelore e Guzerá participantes da segunda edição do TDTJ realizado na Unidade, iniciado em 28 de julho de 2015, e os resultados individuais de ganho médio de peso, perímetro escrotal e EPMURAS. Participaram 80 touros jovens da raça Nelore, oriundos de 22 criatórios de Goiás, São Paulo, Tocantins e Mato Grosso, além do Distrito Federal. Nesta edição, foram incluídos 17 touros da raça Guzerá de seis criatórios de Goiás, Tocantins e São Paulo. Todos os animais participam do mesmo manejo e da mesma avaliação. O teste foi finalizado no dia 17 de maio, com a sexta e última pesagem dos touros.

O TDTJ engloba a prova de ganho em peso a pasto (PGP 1), com duração de 294 dias, sendo 70 dias de adaptação e 224 dias de prova efetiva. Durante todo o teste, os animais são mantidos em pastagens renovadas por sistema de Integração Lavoura-Pecuária, sendo suplementados apenas com mineralização adequada para a categoria animal e época do ano.

A terceira edição do teste deve ser iniciada em 26 de julho, com término em 16 de maio de 2017. A expectativa é de que participem 100 animais nascidos entre 27/09/2015 e 26/12/2015.

O Dia De Campo foi realizado em parceria da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), da Associação dos Criadores de Zebu do Planalto (ACZP), da Associação Goiana dos Criadores de Zebu (AGCZ), da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), da CRV Lagoa, da Nutron e da Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto). 




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