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Agro
Sábado, 07 de janeiro de 2017, 07h38

Demandas da agricultura familiar em agroecologia no estado de Goiás


Muitos agricultores em Goiás consideram a agroecologia a base para se produzir de forma sustentável. Alterando os sistemas produtivos, estes produtores modificam os cultivos, os tipos e a intensidade de insumos aplicados na produção, buscando alcançar equilíbrio ecológico.

Com isto, as ações destes produtores tendem a apresentar maior biodiversidade, comparadas às grandes propriedades rurais, em função da tendência aos policultivos e pluriatividade local desenvolvidos por eles.

Esta biodiversidade desempenha papel fundamental, tanto para a produção e equilíbrio ambiental, quanto para os familiares e seu entorno, pois na adoção de práticas de manejo se estabelece a transição do enfoque apenas na produção, para o de conservação e qualidade de vida.

As formas de agricultura baseadas na agroecologia vêm se convertendo, principalmente, em uma via utilizada por agricultores familiares, por utilizarem distintas formas de superação a exclusão econômica e social e, também, à deterioração ambiental.

Um fator importante neste processo é o papel do associativismo como uma das formas de ação coletiva utilizada pelos agricultores familiares, e que põe em marcha projetos de agricultura mais adequados no contexto socioespacial em que vivem.

Como exemplo de experiências de busca por formas de produção agroecológicas se destacam algumas práticas utilizadas pelos agricultores familiares, como por exemplo, os sistemas agroflorestais, ou simplesmente, SAF's.

Os SAF's podem ser entendidos como formas de uso e manejo da terra, nas quais as árvores ou arbustos são utilizados em conjunto com a agricultura e os animais na mesma área, de maneira simultânea ou numa sequência de tempo.

Uma de suas características é a diversificação de culturas e espécies nativas ou exóticas, ou seja, numa mesma área podem ser incluídas espécies florestais arbóreas, que são combinadas com uma ou mais espécies agrícolas e, ainda, com a criação de animais. As espécies florestais fornecem produtos úteis ao agricultor (frutos, madeira, energia, forragem, sombra e etc.), além de preencher um papel importante na manutenção da fertilidade dos solos e na preservação de áreas mais sensíveis, como nascentes.

Devido à grande diversidade de espécies vegetais, os SAF's criam condições favoráveis para o restabelecimento das funções agroecológicas-ambientais na propriedade permitindo, também, maior fixação de mão-de-obra no campo e uma maior rentabilidade financeira, devido sua diversificação na produção.

Os SAFs também são importantes na possibilidade de distribuir a obtenção de renda ao longo de todo o ano. Eles proporcionam, ainda, a segurança alimentar e a incorporação e preservação de conhecimentos tradicionais no manejo das espécies, de grande importância para a convivência das comunidades com o ecossistema ao seu redor.

As ações agroecológicas buscam a valorização do espaço rural de cada comunidade como um ambiente rico em experiência de vida e intimamente ligada à preservação dos recursos naturais da região.

Projeto Compostar e SAF's em Goiás –

O uso de fertilizantes alternativos adaptados ou validados para sistemas produtivos agroecológicos, tais como os compostos orgânicos, os vermicompostos, os biofertilizantes ou mesmo fertilizantes organominerais são muito valorizados, pois utilizam resíduos animais, vegetais ou minerais não sintéticos (pós de rocha, por exemplo) disponíveis localmente.

Dentre as ações em agroecologia que estão sendo desenvolvidas pela Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás/GO) está o projeto Compostar, iniciado em junho de 2014 pela pesquisadora Flavia Alcântara e tem período de execução de três anos. A proposta tem como objetivo desenvolver e validar fertilizantes orgânicos e organominerais a partir de resíduos da pecuária leiteira para dar suporte ao manejo agroecológico em sistemas de produção agropecuária familiar de Goiás.

"É preciso colaborar para resolver o problema da ausência e ou da baixa eficiência dos fertilizantes utilizados nas propriedades de base familiar, construindo um conhecimento local e adaptado e aperfeiçoando o manejo agroecológico. Assim, ao se utilizar resíduos da propriedade pode-se reduzir a dependência de recursos externos e, no caso do uso de resíduos da criação de animais, ainda é possível melhorar a integração dos componentes animal e vegetal. Essas melhorias têm reflexos positivos no manejo dos sistemas e, claro, na renda e na autonomia da família"

A ação tem como suporte a pesquisa participativa feita com os agricultores, por meio da produção e do uso dos fertilizantes em próprias propriedades, que passam a funcionar como polos de irradiação dos conhecimentos e práticas gerados.

O senhor Elísio Pinheiro é um agricultor familiar que produz banana, feijão, hortaliças e faz parte de um grupo de agricultores agroecológicos em Taquaral (município de Orizona/GO). Na equipe do Projeto Compostar, ele passou a perceber a riqueza de materiais que tinha disponíveis na propriedade para fazer compostagem, como, por exemplo, serapilheira da mata (folhas, galhos e frutos que caem das árvores), além das próprias folhas de bananeira. "Vi a diferença do composto que faço agora e do que eu fazia antes do projeto. O último que eu fiz ficou bem melhor e eu usei nas hortaliças e o resultado foi muito bom. Aqui a gente corre atrás de tecnologia para ajudar a gente", destacou o produtor.

Paralelamente à pesquisa participativa, experimentos são realizados também na Fazendinha Agroecológica da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás/GO), de forma a propiciar um detalhamento sobre os processos de produção e o efeito dos fertilizantes sobre o solo e as culturas.

Outra ação agroecológica, também de iniciativa da Embrapa Arroz e Feijão é o projeto sobre ‘Uso de sistemas agroflorestais para a recuperação de áreas degradadas, produção de alimentos e desenvolvimento rural sustentável'.

Coordenado pelo pesquisador Agostinho Didonet, o projeto teve como foco principal desenvolver conhecimento técnico, científico e caráter ecofisiológico, ambiental e social, utilizando um sistema agroflorestal com espécies arbóreas nativas do Cerrado brasileiro, fortalecendo a segurança alimentar, a recuperação de áreas degradadas e a recomposição florestal para o desenvolvimento rural da localidade.

Esta associação da produção de cultivos destinados à produção de alimentos básicos, com sistemas agroflorestais de finalidades múltiplas e agroecológica pode ser uma alternativa importante e sustentável de preservação ambiental com agregação de renda e valor para a agricultura familiar.

"Foram desenvolvidas ações no sentido de utilização conservacionista e de recuperação próximas às áreas degradadas da região, além de atividades de promoção ao desenvolvimento rural sustentável, à segurança alimentar e acesso às políticas públicas de educação ambiental nas comunidades, implementadas juntamente entre os órgãos públicos, privados, associações, cooperativas e instituições públicas e privadas de ensino fundamental, médio e superior da região", observou Didonet.

Desta maneira, tanto o projeto de SAF´s quanto o de Compostar têm como funções fortalecer a produção e a disseminação de conhecimentos em agroecologia, contribuindo também para a sustentabilidade da agricultura familiar de Goiás.

 




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