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Sábado, 29 de agosto de 2015, 06h41

Trabalhadores que participaram do Ação Integrada e falam da importância de suas vidas


 

Moradores da comunidade conhecida como Chumbo (20 quilômetros de Poconé), os beneficiários do Ação Integrada vivem de forma independente e fazem planos para o futuro, após o processo de elevação educacional e qualificação profissional ofertado pela iniciativa.

Alguns, como no caso do pedreiro Geraldo José da Silva, 48 anos, dão passos em direção ao empreendedorismo e tomam gosto pelo segmento empresarial.

“Se você é pobre e tem a oportunidade de ganhar algum dinheiro, tem que pensar em como usá-lo para continuar ganhando mais, porque é muito difícil. Hoje você tem emprego, dinheiro, amanhã pode não ter mais nada”, conta.

Com 18 anos de idade, o alagoano Geraldo juntou o pouco das economias que possuía e pagou ao “gato” – como era conhecido o agenciador responsável por trazer trabalhadores às usinas de cana-de-açúcar – por um emprego em Mato Grosso. A promessa não vingou, e Geraldo teve que conviver com a dura realidade do trabalho análogo à escravidão.

Após ser resgatado em 2011 pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) de Mato Grosso e ser alfabetizado e qualificado com o apoio do Ação Integrada, trabalhou na construção da Arena Pantanal, em Cuiabá. Juntou dinheiro e montou seu próprio negócio: uma horta de cultivos 100% orgânicos, além de lan house, vídeo-locadora, xerox e restaurante – tudo em sua própria casa, que foi adaptada.

“Hoje em dia a maior parte do meu sustento e da minha esposa vêm dos nossos negócios. A ideia, agora, é de crescer mais, de pouco em pouco”, conta.

Geraldo relata que o Ação Integrada o ajudou a acreditar mais em si mesmo, à medida em que ia participando das atividades da iniciativa.

“Com o Projeto eu pude saber o que é ser tratado de forma digna. O mais legal de tudo, porém, foi que, pela primeira vez em toda a vida, pude entrar numa sala de aula. A emoção foi grande demais! Aprendi a escrever meu nome, a ler, mas ainda preciso melhorar bastante, tanto a escrita quanto a leitura. Aprendi a falar com as pessoas. Eu não sabia me comunicar direito. Foi muito gratificante ter tido essa oportunidade”, ressalta.

Há 18 anos casado com a mesma mulher, Lurdes Silva Santos, que conheceu no Chumbo, o hoje empresário Geraldo se diz contente com o atual momento vivido, mas almeja voos mais altos.

“Meu sonho é continuar evoluindo, aprendendo. Não tem nada no mundo que não seja possível, só depende de força de vontade e de pessoas dispostas a ajudar. Nunca estive tão bem”.

Iniciativa inspira mudanças de atitude

De uma família com mais 10 irmãos, o também alagoano Durval Fernandes da Silva, 43 anos, não teve a oportunidade de estudar, tendo que ir pra roça já aos cinco anos de idade. Essa situação prosseguiu ao longo dos anos.

Em 1998, veio para Mato Grosso com a esperança de mudar de vida e foi trabalhar na usina de cana-de-açúcar, situada no Chumbo.

Lá, trabalhava num regime extenuante e chegava a ficar até mais de seis meses sem receber salário. Foi resgatado pela SRTE de Mato Grosso e passou pelo Ação Integrada, quando aprendeu a ler e escrever, além de ter se formado como pedreiro e armador profissional de estruturas metálicas.

Após o período de aprendizado, foi, então, trabalhar na construção Arena Pantanal, onde conseguiu segurança financeira, podendo, finalmente, voltar a ajudar a família.

“Hoje tenho perspectivas, posso crescer ainda mais na vida. Sou muito agradecido à equipe do Ação Integrada, por ter acreditado em mim”.

O jovem Jeferson da Silva Araújo, 24 anos, também foi outro que passou a enxergar a vida com olhares mais otimistas após passar pelo Ação Integrada. Natural do município de Joaquim Gomes (AL), trabalhava no pequeno sítio da família cuidando do gado, desde os oito anos de idade.

Desempregado, veio para Mato Grosso especialmente para participar do Ação Integrada. Após ser informado sobre a iniciativa por um tio que já vivia no Estado, não pensou duas vezes: juntou as coisas e veio se aventurar em terras mato-grossenses. Se qualificou como auxiliar administrativo e conseguiu um bom dinheiro trabalhando na construção da Arena Pantanal.

“O Ação Integrada mudou muito minha vida. O que eu tenho hoje em dia consegui através do Projeto. Não é muita coisa, mas também não é pouca coisa. Eu não poderia comprar uma moto, terreno, por exemplo, se eu estivesse lá em Alagoas. O que eu consigo ler e escrever também aprendi no Ação Integrada. Um tipo de iniciativa como essa dificilmente a gente encontra lá onde nasci”.

Para o baiano José Dilson Evangelista dos Santos, 48 anos, iniciativas como a do Ação Integrada deveriam ser “copiadas” em todo o país. Ele, que também foi um dos resgatados na usina Alcopan, no Chumbo, e beneficiário do Projeto, se diz grato pela oportunidade de ter tido um “tratamento vip” e, principalmente, por aprender a ler e a escrever.

“Só não agradece quem não é ‘reconhecedor’ das coisas que lhe trazem benefício, mas quem é, agradece. Hoje sei decifrar o mundo à minha volta. E isso é bom demais”. 




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