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Nacional
Quinta, 21 de fevereiro de 2019, 17h46

Cresce violência à imprensa em ano de coberturas importantes no Brasil


Reprodução/?ABERT?

A violência contra profissionais da imprensa no Brasil subiu em 2018, ano marcado por coberturas de fatos de grande impacto social, revela o relatório anual “Violações à Liberdade de Expressão” da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT). O documento, divulgado na quarta-feira (20), registra três assassinatos de jornalistas como retaliação ao exercício da profissão, contra um em 2017. O número de violações não letais – atentados, agressões, ameaças e ofensas – saltou 50%, de 76 para 114 registros.

O relatório mostra que 49% dos casos de violência registrados ano passado estão relacionados às coberturas das eleições, da greve dos caminhoneiros e da condenação e prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Manifestantes e militantes partidários foram os principais autores da violência contra comunicadores. Houve 26 decisões judiciais em 2018 envolvendo conteúdos jornalísticos, 30% a mais que em 2017. Treze sentenças foram contrárias aos profissionais ou aos veículos.

O presidente da ABERT, Paulo Tonet Camargo, disse que as hostilidades e agressões contra profissionais de comunicação demonstram intolerância e desconhecimento do real papel da imprensa – de informar a sociedade sobre assuntos de seu interesse. “Isso traduz uma cultura que não é democrática. A democracia parte sempre do respeito à opinião contrária e da convivência de opiniões contrárias. Todas essas agressões a jornalistas são frutos de intolerância e essa intolerância é muito ruim para a democracia”, ressaltou Tonet, segundo o site da ABERT.

Em 2018, informou a associação, houve três atentados, envolvendo cinco vítimas (radialistas). As agressões físicas representam 34,21% de todos os casos de violência não letal. Dos 39 casos relatados em 2018, segundo a ABERT, pelo menos 54 comunicadores foram agredidos, um aumento de 11,42% em relação a 2017, quando houve 35 registros. As ameaças respondem por 16,66% do total – 19 casos, com pelo menos 29 vítimas.

Os números do relatório, disse o diretor executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, revelam uma “realidade lamentável e muito dura” para o jornalismo. “O nível da violência no Brasil é altíssimo em qualquer abordagem que se faça, mas é particularmente preocupante em relação ao livre exercício do jornalismo”, afirmou. “Há uma evidente escalada contra a atividade jornalística, que mistura o inconformismo com o papel da imprensa e o desejo de silenciar e coagir. Isso tudo é agravado pela impunidade e falta de eficiência das autoridades na apuração e punição desses crimes”, lamentou.

Mais assassinatos

Os três jornalistas assassinados trabalhavam como radialistas em cidades do interior. Jefferson Pureza Lopes, morto com três tiros na cabeça, era apresentador de um programa em Edealina (GO). Jairo Sousa atuava em uma rádio em Bragança (PA). E Marlon Carvalho trabalhava em Riachão do Jacuípe (BA). Políticos e ocupantes de cargo público estão envolvidos nos dois primeiros casos, segundo as apurações. O terceiro permanece sem esclarecimento.

O número de assassinados no Brasil é “muito elevado”, disse presidente da ABERT, considerando que no mundo inteiro, no ano passado, 86 profissionais da imprensa foram mortos em função da profissão, segundo relato do jornal O Globo. Preocupa também a falta de investigações sobre os casos, o que fortalece a impunidade. “Os profissionais foram ameaçados, antes de serem assassinados, justamente pela cobertura muitas vezes crítica de administrações, de prefeituras”, afirmou Tonet.

Colaboraram para o desenvolvimento do relatório, segundo informação do site Poder360, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI). Marlova Noleto, Unesco no Brasil, ressaltou que a liberdade de expressão e o jornalismo livre são fundamentos da democracia. “Vemos o aumento de situações que não são letais, mas mostram de uma forma preocupante um cerceamento à liberdade de expressão porque viola o direito do livre exercício da profissão”, disse.

ANJ




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