Cuiabá | MT 29/03/2024
Nacional
Terça, 27 de abril de 2021, 13h24

Violência contra criança: sociedade precisa se preparar para 'revelação espontânea'


Antes de um caso de violência contra criança ou adolescente chegar ao conhecimento das autoridades, normalmente, a vítima conta sobre o abuso sofrido para alguém próximo, com quem se sente confortável para se abrir. É o que os especialistas chamam de “revelação espontânea”.

A assistente social, Silbene Santana de Oliveira, integrante da Articulação Intersetorial da Infância e Adolescência de Cuiabá (Rede Protege), revela que essa pessoa é “escolhida” pela própria criança ou adolescente. Alerta que toda a sociedade precisa ficar atenta para não coibir o relato da vítima, que é na verdade um pedido de socorro.

“Muitas vezes a primeira reação de quem ouve um relato desse tipo é se espantar e até duvidar do que a criança está falando, o que pode afastar essa criança. A orientação é que nesses casos, a pessoa apenas ouça o relato, sem interferir ou questionar”, explica Silbene. “Temos que nos despir de julgamentos e preconceitos para poder ajudar essa criança que está sofrendo e muitas das vezes, o agressor é alguém que deveria protege-la, um pai, um padrasto, um familiar”, cita.

“Quando finalmente essa criança conta o abuso para alguém a pessoa logo questiona: ele fez o que? Botou a mão onde? Não é possível”, exemplifica. A assistente social destaca que uma outra dificuldade é a criança ou adolescente vítima de agressões intrafamiliar se reconhecer como tal. Quando os casos de abuso vêm à tona geralmente o agressor é chamado de monstro, mas no seio familiar ele é o provedor.

Silbene orienta que o escolhido pela criança para ouvir a revelação espontânea deve procurar o Conselho Tutelar, que é o órgão responsável por averiguar situações de maus-tratos e/ou negligencia e encaminhar os casos aos demais integrantes da Rede de Proteção. “A outra possibilidade é fazer a denúncia pelo Disque 100, a ligação é gratuita e pode ser anônima. O serviço funciona em todo o país e encaminha as denúncias para os conselhos tutelares”, reforça.

Lançado em Mato Grosso em 20 de abril deste ano, o “Protocolo Integrado de Atendimento a Crianças e Adolescentes Vítimas ou Testemunhas de Violência”, que dispõe sobre a Implementação da Lei nº 13.431/2017, prevê que a “Revelação espontânea é a escuta da criança ou adolescente com atenção, sem qualquer intervenção do interlocutor, com posterior registro do relato (devendo ser efetuadas as notificações previstas no art. 13, caput, da Lei nº 13.431/2017)”.

A integrante da Rede Protege informa que profissionais da Assistência Social, Saúde e Educação são obrigados por lei a notificar qualquer suspeita de maus tratos contra criança a adolescente às autoridades e que eles passam por diversas capacitações para identificar situações. Entretanto, neste período de pandemia essa observação fica prejudicada. “Por isso é tão importante a conscientização e sensibilização de todos para coibir a violência contra criança e adolescente. E se perceber uma criança que chora sempre na vizinhança, uma arredia no condomínio, que está sempre com machucados, denuncie. Só assim as autoridades poderão intervir nessa família”, completa. 




Busca



Enquete

O Governo de MT começou a implantar o BRT entre VG e Cuiabá. Na sua opinião:

Será mais prático que o VLT
Vai resolver o problema do transporte público.
É uma alternativa temporaria.
  Resultado
Facebook Twitter Google+ RSS
Logo_azado

Plantão News.com.br - 2009 Todos os Direitos Reservados.

email:redacao@plantaonews.com.br / Fone: (65) 98431-3114