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Nacional
Quarta, 12 de março de 2014, 13h12

BBom prometia lucro de 24.000%


 

Até ter as atividades bloqueadas provisoriamente por suspeita de ser uma pirâmide financeira, em julho passado, a BBom prometia lucro de cerca de 24.000% em cinco anos. A informação faz parte de um estudo do Ministério da Fazenda. Após obter uma liberação parcial, em novembro, o dono previu rendimentos ainda melhores a quem apostasse no negócio.

A título de comparação, quem tivesse comprado ações da Apple há dez anos teria obtido um retorno de 3.900%, segundo dados da consultoria Economatica tabulados pelo professor de finanças pessoais do Insper, Michael Viriato.

“Dizer 24.000% em cinco anos equivale a um retorno de 200% ao ano. É realmente muito difícil”, afirma Viriato. “Você está falando em um risco elevadíssimo. Se o retorno esperado é tão elevado, deve-se desconfiar.”

Os dados fazem parte de um despacho que consta do processo criminal contra os responsáveis pela BBom que tramita na 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, especializada em delitos financeiros. Procurado, Gustavo Kfouri, um dos advogados da empresa, informou que recorerrá de todas as decisões. Ele também questionou os números.

"Dos autos constam dados que comprovam que 'em momento algum a empresa prometeu tal lucratividade'", informou Kfouri, em e-mail.

Os representantes da BBom sempre negaram irregularidades.

A BBom é apresentada como braço de marketing multinível da Embrasystem, que atua no mercado de rastreadores. O negócio, entretanto, é acusado pelo Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) de ser a fachada de uma pirâmide financeira sustentada pelas taxas de adesão dos associados, que vão de R$ 600 a R$ 3 mil.

Lançada em fevereiro de 2013, a BBom fez com que a movimentação da Embrasystem passasse de R$ 100 mil em 2012 para R$ 300 milhões em março de 2013. Até o bloqueio, em julho do mesmo ano, a empresa já havia atraído 300 mil pessoas.

A promessa de 24.000% de lucro consta de estudo da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda (Seae/MF) sobre o negócio, feito a pedido do MP-GO.

Uma parte do documento que já havia sido tornada pública informava não haver “motivo econômico justo e razoável capaz de explicar a explosão de rentabilidade” da BBom. O órgão, entretanto, não divulgara as contas que levaram a tal conclusão.

Alguns dos números puderam ser conhecidos nesta segunda-feira (10), em despacho juiz substituto da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Marcelo Costenaro Cavali, responsável pelo processo criminal movido contra o grupo BBom e seus sócios.

O documento da Seae/MF foi apresentado a Cavali pelos representantes da BBom na tentativa de provar a regularidade dos negócios da empresa. O juiz, entretanto, entendeu que o estudo “acaba por trazer mais subsídios no sentido de que, efetivamente, a Embrasystem [empresa dona da marca BBom] realizava uma atividade insustentável, com vários elementos denotativos das pirâmides financeiras.”

Cavali também cobrou, novamente, documentos que permitam atestar a regularidade dos negócios do grupo, e que "persistem os indícios da prática de crime financeiro de larga monta".

“Até o momento, não foram trazidos elementos convincentes de que ao menos parte das operações realizadas pelas empresas envolvidas possua caráter lícito”, informa o despacho divulgado na segunda-feira (10).

Após liberação, presidente falou em modelo mais lucrativo

A BBom continua em atividade graças a uma decisão do desembargador Reynaldo Fonseca, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). O magistrado liberou provisoriamente dois dos seis modelos de atuação do negócio.

Apesar das restrições, logo após a decisão o presidente da Embrasystem, João Francisco de Paulo, disse em palestra a associados, registrada em vídeo, que colocaria em operação “uma forma [de atuação] que não diminua o rendimento de vocês [associados], pelo contrário, melhore o rendimento de vocês.”

"Para isso nós bucamos parcerias, nós buscamos condições de melhorar para vocês (...), fazendo com que vocês ganhem mais dinheiro com o modelo novo"

A promessa de um modelo ainda mais lucrativo também foi feita em um evento sobre a BBom ocorrido em São Paulo no final de 2013, acompanhado pelo iG. Nele, um apresentador dizia que "o seu João vai pagar mais do que pagava antes [do bloqueio]."

(IG)




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