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Variedades
Quinta, 09 de abril de 2015, 16h59

Exposição no Jecrim mostra talento de pacientes


A beleza retratada em telas e em artigos de artesanato mostra o lado criativo e inovador de pessoas que buscam nas artes uma forma de expressar o que de bonito vêem no dia a dia ou até mesmo descobrem uma aptidão artística que sequer conheciam. Essas pessoas são pacientes, dependentes de álcool e droga, atendidos pelo Hospital Adauto Botelho, nas unidades 1 e 3. As telas e artesanatos fazem parte de uma exposição aberta ao público na sede do Juizado Especial Criminal de Cuiabá (Jecrim) nesta quinta e sexta-feira (9 e 10 de abril), das 8 às 16 horas.

O objetivo da exposição, como explica o coordenador do Jecrim, juiz Mário Kono, é mostrar o trabalho que vem sendo realizado pelos pacientes do Adauto Botelho, em parceria com o Juizado, tanto no caso de transtornos mentais quanto na dependência química. "Esses trabalhos apresentados são de arteterapia e ajudam no tratamento deles. Diminui a ansiedade, valoriza a autoestima e contribui muito para que eles possam ter um melhor resultado nesse tratamento", salienta o juiz.

A arteterapeuta da unidade 3 do Adauto Botelho, Marli Bittencourt, conta que as telas da exposição são resultados do trabalho de pacientes que ficam internados de 30 a 40 dias na unidade. Ela informa que a arteterapia é um instrumento de humanização no atendimento de usuários de álcool e drogas e também um meio de despertar e motivar as habilidades adormecidas pelo uso abusivo das drogas.

Marli ressalta o valor da parceria do Jecrim nos trabalhos relacionados ao Hospital Adauto Botelho, bem como a importância da destinação de recursos que o Juizado tem feito por meio das penas alternativas. "Além da arteterapia temos também a recuperação da estrutura física do próprio prédio e o aumento do número de leitos, porque infelizmente a quantidade de dependentes químicos cresce assustadoramente. Se não fosse o Jecrim, na pessoa do doutor Mário Kono, nós estaríamos à deriva" disse.

A arteterapeuta menciona ainda que com os recursos das penas alternativas, por meio de outra oficina chamada 'Dar de Si', está sendo feita a manutenção do prédio e enfermarias que estavam fechadas estão sendo reabertas. "Com essa parceria nós conseguimos reabrir as enfermarias e construir um posto de enfermagem novo e adequado para receber mais pacientes, pois sabemos que as demandas são muito grandes".

O magistrado assinala ainda que outro objetivo da exposição é fazer com que a população de forma geral conheça as obras e tenha uma visão diferenciada dessas pessoas. "Às vezes existe discriminação ou medo dessas pessoas que por algum motivo adquiriram essas doenças e que buscam a sua recuperação. Pode-se assim mostrar que são capazes de voltar para a sociedade de uma maneira útil e prática. Os trabalhos estão aqui para serem vendidos e com a arrecadação comprarem novos materiais para continuidade da arteterapia dos que já estão em tratamento e dos pacientes novos que chegarão".

Mário Kono convida a população para conhecer e adquirir os artesanatos, como telas que fazem a releitura de obras de Romero Brito, telas com o tema África, regionalismo, natureza, além de caixas decorativas e para presentes, tapetes, xales, fronhas para travesseiros, redes, entre outros. "Gostaria de convidar toda a sociedade para comparecer, colaborar e dar apoio de alguma forma para que esses cidadãos possam fazer seu tratamento e estarem aptos a voltar ao próprio convívio com a sua família de uma maneira mais saudável".

O juiz revela que está se estudando uma forma de deixar a exposição de forma mais permanente para que os trabalhos que já estão expostos possam ser vendidos juntamente com os novos que forem chegando. "O trabalho lá não pára e a necessidade deles também não e através dessa renda que eles poderão manter esse trabalho de arteterapia". 




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