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Sábado, 13 de fevereiro de 2016, 17h18

Jornalista e maratonista organiza corrida em homenagem a Manoel Fiel Filho


Foto: Divulgação

Há 40 anos, Manoel Fiel Filho era assassinado por agentes da ditadura militar brasileira. No dia 19 de janeiro de 1976, o comando do II Exército divulgou uma nota informando que Manoel fora encontrado morto às 13h do dia 17, sob a falsa alegação de que teria se enforcado com suas próprias meias em uma das celas – situação parecida com a do jornalista Vladimir Herzog, assassinado três meses antes.

Para homenageá-lo, Rodolfo Lucena, jornalista e maratonista, organizou uma corrida de 40 dias – aproximadamente 10 km por dia – passando por locais significativos da vida do metalúrgico e da luta pela democracia em São Paulo. “A morte de Manoel Fiel Filho foi um marco no início da derrocada da linha terrorista dentro da ditadura.

E poucos lembram dele quando pensam nos mártires daquela época”, diz Lucena. “Manoel não tinha relação com o esporte, mas o projeto é uma forma de resgatar a história dele e de todas as vítimas”.

Outros serão homenageadas ao longo do trajeto. No dia 23 de fevereiro, completa-se 20 anos do dia da entrega de certificado de óbito de Rubens Paiva, por exemplo.

O ponto de partida da corrida será a sede do Sindicato dos Metalúrgicos, no centro da capital paulistana, no dia 17 de fevereiro, às 8h. Nesse trecho, será feito um ato em direção a sede do extinto DOI-CODI, no qual participarão convidados como familiares de Manoel, os advogados Marco Antonio Rodrigues Barbosa e Samuel Mac Dowell, que representaram a família do metalúrgico em um processo contra a União, o ex-preso político e diretor do Núcleo Memória Maurice Politi e a coordenadora do Memorial da Resistência, Katia Regina Neves.

Alagoano, Manoel mudou-se para São Paulo na década de 1950, onde trabalhou por 19 anos como metalúrgico prensista. Era também membro do Partido Comunista Brasileiro e responsável pela difusão do jornal Voz Operária, órgão de imprensa oficial do partido.

As manifestações ocorridas em resposta ao assassinato de Manoel levaram ao afastamento do comandante do II Exército, Ednardo D’Ávila Mello e à demissão do chefe do Centro de Informações do Exército (CIE), Confúcio Danton de Paula Avelino.

Em 1978, o legista José Antônio de Mello, que integrava a equipe do IML quando o corpo do operário chegou, declarou que as possibilidades de auto-estrangulamento são raríssimas e que a versão dada no laudo indicava homicídio e não suicídio.

Uma sentença do juiz Jorge Flaquer Scartezzini, em 1980, decidiu pela existência de responsabilidade objetiva da União na conduta dos agentes do DOI-CODI do II Exército relativa à prisão, tortura e morte de Manoel, atestadas por depoimentos. Geraldo Castro da Silva, também preso naquele período, relatou que ouviu os gritos do metalúrgico enquanto ele era interrogado, pedindo “não me judia tanto, pelo amor de Deus que não vou aguentar”. E que, algum tempo depois, tudo ficou quieto. Na sala teria entrado uma pessoa que, referindo-se a Manoel, afirmou: “Chefe, o omelete está feito”.

Em 2009, em ação cível do Ministério Público Federal, foi imputada responsabilidade às pessoas que participaram da prisão ilícita, tortura, execução e ocultação de evidências sobre o caso de Manoel. Foi solicitado o afastamento liminar dos réus das funções públicas que estiverem exercendo hoje, o ressarcimento para a União das indenizações pagas à família e condenou a União Federal e o Estado de São Paulo a incluírem a divulgação dos fatos relativos à morte de Manoel em equipamentos públicos destinados à memória da violação de direitos humanos durante o regime militar. 

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