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Quinta, 24 de novembro de 2016, 06h03

Exposição interativa conta a história de 100 anos da ABC


O ano era 1916. Na Europa, grandes potências se digladiavam na Primeira Guerra Mundial. No Brasil, então presidido por Venceslau Brás, grandes mentes se reuniam na Escola Politécnica do Rio de Janeiro com o objetivo de criar uma instituição dedicada a promover debates científicos e a estimular o desenvolvimento da ciência básica no país.

Como resultado desse esforço, nasceu no dia 3 de maio daquele ano a Sociedade Brasileira de Ciências (Sciencias, na grafia da época) – que em 1921 adotou a designação de Academia para se adequar a padrões de instituições semelhantes em outros países.

A história dos 100 anos da Academia Brasileira de Ciências será apresentada, em São Paulo, por meio de uma exposição a ser inaugurada hoje, 23/11, na sede da FAPESP, e integra as atividades de comemoração do aniversário da entidade juntamente com o simpósio “Desafios para a Ciência e Tecnologia no Brasil”. O evento reúne destacados pesquisadores paulistas para um balanço e prospecção dos avanços do conhecimento nas áreas de Ciências Exatas e Engenharias, Ciências Humanas e Sociais e Ciências da Vida (Leia mais em: http://agencia.fapesp.br/24318/).

Ao longo de seus cem anos de existência, a ABC abrigou nomes de grande relevância no cenário nacional, como Adolpho Lutz, Oswaldo Cruz, Vital Brazil, Edgard Roquette-Pinto e Alberto Santos Dumont. Foi também palco de histórias interessantes e curiosas – entre elas uma expedição organizada em 1919 a Sobral, no Ceará, para comprovar a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein.

A iniciativa foi do então presidente da ABC Henrique Morize, que organizou uma comitiva composta por pesquisadores brasileiros e ingleses para observar o eclipse total do sol, previsto para ocorrer no dia 29 de maio. Entre os estrangeiros estavam Charles Davidson e Andrew Crommelin, da Expedição Britânica do Eclipse Solar.

Durante o evento, foram feitas sete chapas fotográficas e, com elas, foi possível verificar que a trajetória da luz sofre a influência de campos gravitacionais, comprovando a teoria apresentada por Einstein quatro anos antes.

A experiência foi narrada por Morize cerca de um ano depois na "Revista de Sciencias", periódico da Sociedade Brasileira de Ciências. Em 1925, durante uma excursão pela América do Sul, o próprio Einstein abordou o tema em uma palestra proferida na sede da ABC, no Rio. Na ocasião, o renomado cientista teria dito a um jornalista brasileiro a frase: “O problema que minha mente formulou foi respondido pelo luminoso céu do Brasil.”

O destaque, no ano seguinte, foi a visita de Marie Curie – pesquisadora mundialmente conhecida por seus estudos no campo da radioatividade e ganhadora de dois prêmios Nobel. Ela também esteve na sede da ABC para apresentar uma palestra e acabou se tornando a primeira mulher aceita como membro correspondente da Academia.

Ainda em 1926, a zoóloga alemã Emília Snethlage, que vivia no Brasil desde 1905 e tornou-se a primeira mulher a dirigir um museu no país – o Museu Paraense, em Belém –, também foi aceita como membro correspondente.

Já em 1945, quando as bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki puseram fim à Segunda Guerra Mundial, a ABC promoveu uma série de palestras públicas e divulgou um manifesto sobre o uso da energia atômica e a importância da ciência para assegurar a paz no mundo.

Essas e muitas outras histórias foram reunidas pela própria Academia em uma exposição interativa, em cartaz na sede da FAPESP entre os dias 24 e 29 de novembro. A visitação é gratuita e estará aberta ao público nos dias úteis das 9 às 17 horas.

Além de reunir informações sobre a história da ABC, a mostra traça uma espécie de linha do tempo, permitindo aos visitantes conhecer as principais descobertas da ciência brasileira e mundial e o desenvolvimento das instituições e políticas científicas desde 1916 até os dias atuais.

Traz ainda vídeos e fotos ilustrando os diversos períodos históricos, além de um painel especial apresentando 18 cientistas que contribuíram para o desenvolvimento científico e socioeconômico do país. Entre eles está o sanitarista Carlos Chagas, que durante uma expedição ao interior de Minas Gerais – entre 1908 e 1909 – anunciou a identificação de uma nova doença (então nomeada como mal de Chagas), bem como de seu agente causador (o protozoário Trypanosoma cruzi) e do vetor responsável pela transmissão (o inseto barbeiro).

Outra integrante do painel é a engenheira agrônoma Johana Döbereiner – primeira mulher a integrar a diretoria da ABC e uma das principais responsáveis pela lucrativa produção de soja no Brasil. Graças à sua descoberta das bactérias fixadoras de nitrogênio, os agricultores puderam substituir o adubo industrializado. Isso possibilitou uma produção mais barata e ecológica, gerando uma economia de cerca de R$ 1 bilhão por ano ao Brasil.

Para as crianças, a mostra conta com um e-book interativo, que apresenta informações sobre cientistas criativos por meio de jogos, ilustrações e filmes de animação produzidos pelo Canal Futura e pelo Sesi.

A exposição sobre os 100 anos da ABC já esteve montada no Salão Negro do Congresso Nacional, em Brasília, na Expotec da 68ª Reunião Anual da SBPC, em Porto Seguro, e no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.  

Agência Fapesp




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