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Quinta, 08 de dezembro de 2016, 17h51

Ativista hondurenha Berta Cáceres recebe prêmio póstumo da ONU


Berta Cáceres, defensora comunitária dos direitos dos povos indígenas e da proteção do meio ambiente em Honduras, foi reconhecida postumamente com o prêmio ambiental mais importante das Nações Unidas.

Cáceres, que liderou uma longa luta contra a construção de uma hidrelétrica na terra de seu povo natal Lenca, foi assassinada no início deste ano. Sua morte provocou protestos internacionais e colocou em evidência a violência e a intimidação sofrida pelos ambientalistas em Honduras e em outros países latino-americanos.

“Berta Cáceres recusou-se a permitir que poderosos interesses violassem os direitos dos pobres e marginalizados e destruíssem os ecossistemas dos quais dependem”, disse Erik Solheim, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

“Seu enfoque era local, mas sua casa e seu sacrifício ressoaram no mundo todo. Ela é uma grande inspiração e uma grande perda para qualquer pessoa que lute pelos direitos ambientais.”

O PNUMA concedeu o prêmio Campeã da Terra a Berta Cáceres na categoria “Inspiração e Ação”. O prêmio foi entregue a Roberto Cáceres, irmão da ativista. “Nossa família espera que este prêmio ajude a garantir que a maravilhosa vida de Berta, assim como a luta do povo Lenca, não seja esquecida e inspire outros que lutam pelos direitos ambientais no mundo”.

Cáceres, de 44 anos, foi uma das fundadoras do Conselho Cívico das Organizações Populares e Indígenas de Honduras (COPINH), que ajudou as comunidades locais do país da América Central a lutar por seus direitos territoriais. Defendeu os direitos territoriais dos indígenas contra o desmatamento ilegal e a construção de minas, assim como contra represas hidrelétricas em suas terras.

A luta contra a represa de Agua Zarca, de 50 milhões de dólares, foi uma das maiores empreendidas por Berta. Ela dizia que a represa seria construída ao longo do rio sagrado Gualcarque sem a devida consulta à comunidade Lenca. Os protestos culminaram em um bloqueio em 2013 que colocou fim aos trabalhos de construção. Os investidores internacionais posteriormente se retiraram do projeto.

Cáceres, que ganhou o Prêmio Ambiental Goldman no ano passado, havia informado um número crescente de ameaças de morte antes de assaltantes entrarem em sua casa na cidade de La Esperanza em 3 de março e dispararem contra ela. Seu companheiro ativista no COPINH Nelson García foi assassinado menos de duas semanas depois.

De acordo com a organização Global Witness, 185 pessoas de 16 países morreram defendendo suas terras, florestas e rios contra indústrias destrutivas em 2015. Trata-se da cifra anual mais alta da história. Honduras, com ao menos 109 mortes entre 2010 e 2015, é o país mais perigoso de todos.

A polícia hondurenha prendeu diversas pessoas em relação com o assassinato de Cáceres, incluindo ao menos um funcionário da companhia local encarregada do projeto da represa, mas ninguém ainda foi condenado.

“Ninguém deveria temer por sua vida por pedir que os recursos da Terra sejam usados com cuidado e de uma forma que respeite as comunidades”, disse Solheim. “Toda pessoa tem o direito de defender seu ambiente”.

Campeões da Terra

O prêmio anual Campeões da Terra é dado a destacados líderes de governo, da sociedade civil e do setor privado cujas ações tiveram impactos positivos sobre o ambiente.

Desde que foi criado, há 12 anos, o prêmio reconheceu 78 pessoas, desde líderes de países a ativistas de base, nas categorias de política, ciência, negócios e sociedade civil.

Os prêmios foram entregues durante uma recepção de alto nível organizado pelo governo mexicano na Conferência da ONU sobre Biodiversidade de Cancún. 




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