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Terça, 03 de janeiro de 2017, 07h32

Especialista avalia mudanças na publicação de revistas científicas


As revistas científicas têm passado por profundas mudanças em todo o mundo nos últimos anos com o intuito de aumentar a agilidade no processo de publicação – considerado ainda muito lento – e promover o acesso aberto, que ainda não avançou na velocidade desejada, entre outros objetivos, aponta Glenn Hampson, diretor executivo do National Science Communication Institute e do programa Open Scholarship Initiative, dos Estados Unidos.

Algumas das mudanças que têm ocorrido envolverão alterar o sistema atual a fim de utilizar ferramentas e abordagens de publicação mais modernas e irão requerer um esforço generalizado e coordenado dos editores, autores e de toda a comunidade científica, avaliou o especialista durante conferência a distância na VI Reunião Anual da Scientific Electronic Library On Line (SciELO) – financiada pela FAPESP –, realizada no dia 14 de dezembro, no auditório da Fundação.

“Não há muitas evidências de que os autores estão completamente de acordo com as reformas que têm ocorrido com as publicações científicas. Há muita angústia, ansiedade e desentendimentos”, afirmou Hampson.

“Precisamos garantir que o que estamos fazendo é para o benefício dos pesquisadores e da ciência”, apontou.

De acordo com o pesquisador, a publicação de revistas faz parte do grande e complexo ecossistema da comunicação científica, que é mal definido e tem evoluído por meio de uma variedade de esforços e iniciativas desconectadas.

Para algumas pessoas, comunicação científica significa ajudar os cientistas a se tornar melhores comunicadores e a falar mais claramente com a mídia e os legisladores.

Já para os profissionais da área acadêmica pode significar ajudar a gerir um repositório institucional ou permitir o acesso livre a publicações, exemplificou Hampson sobre a confusão em relação ao conceito.

“Diferentes partes interessadas em comunicação científica têm abordagens diferentes sobre o tema. Por isso foi fundado o National Science Communication Institute com o objetivo de definir a comunicação científica como uma área mais coerente”, explicou.

A área – que consiste na divulgação dos resultados de pesquisas à comunidade científica e ao público interessado, de forma a favorecer a criação e a disseminação de conhecimentos e da ciência – tem crescido e se transformado ao mesmo tempo em que se esforça para se ajustar e responder às atuais demandas de uma sociedade que tem criado mais informação do que nunca em sua história e se acostumado a acessá-las de forma gratuita e imediata.

Essas transformações têm ocorrido ao mesmo tempo em que a sociedade tem perdido a crença de que a ciência é imaculada e de que fornece respostas plenamente confiáveis, ponderou Hampson.

Uma vez que as revistas estão inseridas no processo de comunicação científica elas também precisam se transformar para responder a essas mudanças sociais, apontou o especialista.

“A transformação das publicações científicas dependerá, em grande parte, se e como poderão responder a essas forças sociais de forma rápida e abrangente e que faça sentido para os autores e para a ciência, além de para o mercado, os financiadores, os legisladores e para a comunicação da ciência, como um todo”, avaliou.

Na avaliação dele, as revistas científicas continuarão a desempenhar um papel importante de filtragem e chancela da ciência.

“Outras formas de publicações científicas continuarão a surgir e serão testadas”, estimou.

Desafios no Brasil

No Brasil, alguns desafios com os quais as revistas científicas têm se deparado são aumentar seus níveis de profissionalização, de internacionalização e sustentabilidade financeira, apontaram outros especialistas participantes do evento.

Do total de aproximadamente 430 revistas científicas existentes no país indexadas internacionalmente, 285 estão indexadas na base da SciELO, apontou Abel Packer, coordenador-geral da biblioteca científica on-line.

“Os periódicos das áreas da Saúde, Humanas, Sociais Aplicadas e Agrárias representam 84% da coleção brasileira na SciELO”, afirmou Packer.

A partir de 2017 todos os periódicos da SciELO deverão estar indexados no Directory of Open Acces Journal (DOAJ) – um diretório on-line que indexa e provê acesso a periódicos de acesso aberto de qualidade em todo o mundo.

“Essa nova indexação segue um critério internacional que está sendo usado e diferencia periódicos com acesso aberto predatórios e não predatórios”, explicou Packer, referindo-se a publicações que cobram taxas de processamento a partir da aceitação dos manuscritos.

Outra meta da SciELO para 2017 é diminuir o tempo para publicação de artigos nos periódicos integrantes da base – principalmente das áreas de Ciências Humanas e Agrárias.

“A proposta é que as áreas de Ciências Humanas e Agrárias diminuam o tempo de avaliação dos manuscritos e de editoração dos artigos aceitos para publicação para uma média de seis meses”, disse Packer durante o evento.

Com mais de 500 mil artigos indexados e publicados on-line em 2016, todos em acesso aberto, a SciELO abrange uma rede de coleções nacionais de periódicos que se estende por 15 países, a maioria da América Latina e do Caribe, além de Portugal, África do Sul e Espanha.

Desde sua criação, mais de 1.200 títulos foram indexados pela rede SciELO; destes, cerca de 1.000 continuam ativos, dos quais 285 são do Brasil.

“O SciELO é um projeto extremamente importante e tem um impacto extraordinário no aumento da visibilidade e da internacionalização da ciência brasileira”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente da FAPESP, na abertura do evento.  

Agência Fapesp




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