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Sexta, 03 de maio de 2019, 18h47

Glifosato, tóxico para peixes nativos da Colômbia


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Estudos realizados por pesquisadores da Universidade Nacional da Colômbia (U.N.) demonstraram os efeitos negativos deste herbicida no sistema nervoso e respiratório de espécies nativas de peixes como o yamú, o peixe fantasma, o bocachico e o cachama blanca.

“Nossos trabalhos em laboratório baseiam-se na exposição de animais a uma concentração conhecida do agente tóxico. Aplicando as quantidades necessárias e suficientes, conseguimos determinar seu efeito tóxico nos peixes”, explicou o professor Jaime González, da Faculdade de Medicina Veterinária e de Zootecnia da U.N., durante a apresentação do livro Efectos tóxicos del glifosato en ictiofauna nativa de Colombia (“Efeitos Tóxicos do Glifosato na Ictiofauna Nativa da Colômbia”), na Feira Internacional do Livro de Bogotá (Filbo).

O diretor do Grupo de Investigação em Toxicologia Aquática e Ambiental (Aquatica) compartilhou com o público presente no estande da editora da universidade (Editorial UN) os resultados dos projetos que são desenvolvidos desde 2004 no intuito de demonstrar os efeitos negativos do glifosato nesses animais, com o apoio de entidades como a Fundação Internacional para a Ciência (FIC), a Universidade Distrital Francisco José de Caldas (UD) e a própria U.N.

“Para o primeiro projeto tomamos exemplares das espécies yamú e bocachico e fizemos a toxicologia básica. Usamos controles sem glifosato na água e concentrações de 10 e 30 ppm (partes por milhão). Em ambos os casos houve 100% de mortalidade. Com esses resultados, determinamos que essas duas espécies são bastante sensíveis à exposição ao herbicida.”

O professor González explicou que “antes de morrer também apresentaram alterações extremas do sistema nervoso, o que se evidenciou pelo nado frenético dos peixes nos aquários, somado a sintomas de dificuldade respiratória que foram confirmados na necropsia pela cor achocolatada que assumiram as brânquias, uma indicação de que o sangue não estava bem oxigenado. Essas avaliações foram feitas conforme os princípios da bioética.”

Efeitos sobre os peixes fantasmas
Outro dos projetos contidos no livro surgiu da união com a Universidade Distrital para estudar os efeitos do glifosato neste peixe ornamental que se comunica gerando ondas elétricas para se alertar em uma situação de risco.

“Ao contrário do bocachico e do yamú, esta espécie apresentou uma resistência muito maior; foi necessária uma concentração de 90 ppm para que manifestasse sintomas, os quais também foram a alteração do sistema nervoso e dificuldade respiratória. Percebemos que a coloração do sangue se alterava drasticamente; com a concentração de 90 ppm de glifosato, o sangue é muito escuro, um indicativo de que não está oxigenando”, comentou o professor González, que compartilhou com os participantes um vídeo em que o peixe fantasma, ou faca, que é normalmente noturno, deixava seu refúgio em plena luz do dia e subia à superfície do aquário em busca de mais oxigênio.

“Em seguida, medimos a onda elétrica dos controles, que era a parte fundamental deste estudo e que estava entre 800 e 900 Hertz. Contudo, quando começou a ser exposta ao glifosato, a onda chegou a 1.200 Hertz”, explanou o professor, lembrando que quando este peixe emite uma onda de tais valores, está alertando que há algo de errado com o meio ambiente.

Stress oxidativo
O terceiro projeto avaliou o stress oxidativo, que pode ser definido como uma resposta das membranas celulares, as quais “devem permanecer intactas, do contrário as células morrem”, explicou o professor, acrescentando que há agressores químicos, como neste caso o glifosato, que podem começar a quebrar os lipídios e proteínas que compõem estas membranas por efeito de compostos conhecidos como surfactantes, que permitem a ação do herbicida nas plantações.

“O glifosato é projetado para agir sobre a célula vegetal, que ao contrário da animal possui uma parede celular (barreira adicional de proteção), e graças a isso é possível prever que o herbicida age mais facilmente na membrana celular de um animal”, apontou o professor, o que levou os pesquisadores a detectar estresse oxidativo causado pelo glifosato no yamu e na cachama.

“Os peixes não morreram nem apresentaram sinais ou sintomas de intoxicação neste experimento, mas os testes bioquímicos indicam que as membranas celulares das brânquias e do fígado começaram a se alterar, certamente devido à ação do surfactante contido no glifosato”, concluiu. 

ABr




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