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Segunda, 23 de dezembro de 2013, 12h27

Primeiro inventário de ictiofauna do Alto Pantanal pode revelar nova espécie de peixe


 

Crédito das fotos é do Dougas Trent/Projeto Bichos do Pantanal

Mapeamento de todas as espécies de peixes da bacia do Alto Paraguai é um alerta para a importância do Pantanal como berçário da ictiofauna do Sudeste, Sul e Centro Oeste.

 

 

A biodiversidade das espécies de peixes da região do Alto Pantanal, na região de Cáceres, é o foco da pesquisa de ictiofauna desenvolvida pela parceira entre a Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat) e o projeto Bichos do Pantanal, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental, e realizada pelo Instituto Sustentar de Responsabilidade Socioambiental.

A primeira etapa do estudo tem como objetivo realizar um amplo levantamento da diversidade de peixes da região. “Em todo o Pantanal têm 269 espécies descritas, o foco de nosso estudo é descobrir quantas dessas espécies estão presentes na nossa área de estudo entre a Estação Ecológica Taiamã e a cidade de Cáceres”, afirma Claumir Cesar Muniz, doutor em ictiofauna, pesquisador da Unemat e do projeto Bichos do Pantanal. “Esse dado vai nos dar muitas respostas sobre a importância do ambiente do Alto Pantanal para a reprodução em todo o bioma”. O único estudo similar que existe sobre o rio Paraguai é executado pela Embrapa Pantanal, mas é focado na região do Mato Grosso do Sul, e não inclui a porção das cabeceiras e nem o Alto Paraguai, foco da pesquisa do projeto e importante área de reprodução e crescimento dos peixes.

A importância da flora para o ciclo de vida dos peixes é um dos dados já revelados pelo estudo, que vem sendo executado também em parceria com o Icmbio e a equipe da Estação Ecológica de Taiamã, coordenada por Daniel Kantek , biólogo e doutor em genética. Muitas das espécies comerciais, como o pacu, a piraputanga, o pacu peva, a sardinha e lambari, além de dependerem das frutas das árvores que margeiam os rios para sua alimentação, executam um importante papel para a manutenção de toda área de mata ciliar do rio Paraguai. “Isso porque esses peixes funcionam como dispersores de sementes, e sua preservação está associada também a preservação das matas que margeiam os rios do Pantanal”, explica Muniz.

O desmatamento nas cabeceiras do rio Paraguai e o assoreamento foram revelados como as principais ameaças aos curso d’agua pantaneiros. “As pessoas muitas vezes associam a redução do estoque pesqueiro com o excesso de pesca, mas na verdade a pesca tem uma influência muito menor para o desaparecimento dos peixes do que o assoreamento e o agrotóxico que é lançado nos rios”, afirma o pesquisador. O alerta é importante principalmente porque a região do Alto Pantanal está mais próxima das cabeceiras dos rios, onde está grande parte da monocultura de grãos e pecuária do Mato Grosso. Reduzir o impacto dessas atividades sobre os rios e as áreas de preservação de floresta é apontado pelo pesquisador como ações fundamentais para a preservação de todo o Pantanal.

Outra importante etapa da pesquisa é a descrição de novas espécies de peixes. Um novo bagre pode te sido encontrado na região. A confirmação dessa descoberta vai ser feita pelo Núcleo de Pesquisas em Limnologia e Ictiologia e Aquicultura (Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá, que estuda a espécime encontrada pela equipe do Projeto Bichos do Pantanal. Como a área de estudo está em uma região de divisor de águas, onde há a transição de duas bacias hidrográficas, a do “Platina” e a “Amazônica”, outra possibilidade investigada é se o peixe estudado é uma espécie que migrou da bacia Amazônia para o Pantanal, ou um tipo que coexiste em ambos os ambientes. “Não é impossível, pois hoje encontramos tucunarés (um peixe da Amazônia) em vários rios do Pantanal. Porém se for comprovado que trata-se de uma espécie de peixe da Amazônia, isso pode ser outro alerta sobre a conservação da região, pois uma espécie invasora pode gerar um grande desequilíbrio na ecologia do ambiente”, diz Muniz. “Nesse caso precisamos descobrir se essa invasão ocorreu por causas naturais (cheias) ou por intervenção humana”, conclui.

O estudo ocorre desde 2002 e reforça a importância do Pantanal para a reprodução dos peixes que povoam vários rios do Sudeste e Sul, bem como rios de outros países (Paraguai, Bolívia, Argentina e Uruguai), uma vez que o rio Paraguai integra a Bacia Platina (Paraguai-Paraná), a segunda maior do Brasil, e percorre todas essas regiões. As baias pantaneiras, que surgem pela cheia dos rios na estação das chuvas, tornam-se um verdadeiro berçário para toda essa ictiofauna. 




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