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Educação
Sexta, 30 de novembro de 2018, 16h13

Professores de escola no Espírito Santo ajudam a promover a cultura africana


Uma unidade de ensino da rede pública de Vitória (ES) desenvolveu um projeto para crianças de cinco e seis anos, com o envolvimento dos pais, a fim de valorizar a cultura africana – uma das origens do povo capixaba – e trabalhar o aprendizado sobre discriminação e bullying. Esta é a história em destaque do programa Trilhas da Educação, produzido e transmitido pela Rádio MEC, cuja edição vai ao ar nesta sexta-feira, 30.

O projeto Penso, logo respeito surgiu no Centro de Educação Infantil Tomaz Tommasi, quando as professoras Lívia Costa Araújo e Rosileia Soares perceberam o desinteresse das crianças pelos personagens negros que apareciam como protagonistas nas histórias contadas em sala de aula. A negação e a falta do sentimento de pertencimento dos alunos negros, por medo do bullying – conforme foi comprovado mais tarde –, também preocupou as educadoras.

“Quando a gente começou a passar os vídeos, mostrando às crianças o continente africano, mostrando outras crianças, elas começaram a ter uma reação negativa”, conta Lívia. “Começaram a dizer que tinham nojo, que achavam as crianças feias, que não se sentiam representados – sendo que a maioria dos nossos alunos é negra. Ficamos muito preocupadas ao ver essa interpretação das crianças”.

Trabalho conjunto – Juntamente com a equipe pedagógica da escola, as educadoras bolaram o projeto Penso, logo respeito, que tem promovido atividades com foco no ensino sobre as diferentes culturas. As lições alcançaram também as famílias, o que, segundo a professora Lívia, foi fundamental para o maior envolvimento dos pequenos. “Nós enviamos um questionário para famílias perguntando o que eles conheciam da cultura negra, o que eles sabiam, quantos negros havia na família. E aí o questionário veio exatamente parecido com a reação das crianças, uma negação muito grande, muitas famílias não se declarando negras ou dizendo que desconhecem a questão da cultura africana.”

A maneira encontrada pela escola para educar e informar foi a vivência das demais culturas na prática. “Nós conseguimos um professor de capoeira voluntário, e pedimos aos pais autorização para que os alunos participassem da capoeira”, relata a professora. “Então, alguns pais vieram aqui dizendo que não permitiriam que os filhos participassem porque era uma dança, uma cultura ‘voltada para santo’, ‘voltada para o diabo’, todo esse contexto que a gente sabe que é preconceituoso e cheio de falta de informação.”

A rotina nas salas de aula mudou completamente e as atividades animaram o grupo dentro do projeto. Em uma das iniciativas, os pequenos se vestiram como guerreiros de tribos africanas ou como princesas, com direito a adornos e roupas típicas.

Para a professora Rosileia Soares, o conhecimento a respeito da cultura tem sido levado para a vida desses alunos. “Alguns pais perguntaram sobre do projeto”, lembra. “Disseram que era bom a gente falar sobre isso porque muitas vezes eles não sabiam como conversar com as crianças sobre o assunto. Quando a gente trabalha isso com as crianças, desde pequenas, elas levam para a vida delas, para o futuro delas, um conhecimento de mundo, um conhecimento da sua identidade muito grande.”

Resultados – Para Rosileia, o projeto Penso, logo respeito apresentou resultados excelentes entre as crianças, tanto no comportamento quanto na consciência de pertencimento de suas origens. “A gente via as crianças de cabelos crespos indo para o banheiro molhar os cabelos para ficarem lisos. Hoje em dia a gente não vê isso. Vê, sim, elas pegarem esse cabelo e eriçarem ainda mais, e se sentindo bem com isso. Quando eu comecei o projeto eu perguntei ‘quem é negro aqui na sala?’, nenhum deles se manifestou. Hoje, quando faço essa pergunta, vários alunos levantam a mão, até os branquinhos. Então, isso é uma vitória muito grande para a gente.”

A ideia, agora, é estender o projeto para toda a escola. “A gente sabe que é uma luta diária”, destaca Rosileia. “Todos os dias a gente vai desmitificando uma coisa, construindo outras, reconstruindo, ressignificando. A intenção do projeto é continuar. Nosso objetivo é que ele se torne uma referência na educação infantil, e temos batalhado para isso.”

 




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