Cuiabá | MT 05/05/2024
Enock Cavalcanti
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Quinta, 10 de outubro de 2013, 12h16

Batom na cueca: Rodrigo Rodrigues é lobista do Riva

Numa seara tão carente de polemistas, Rodrigo Rodrigues, o filho de Pedro Lima, apresentando-se como jornalista e analista político, com seu tom agressivo, sua verve bem articulada, vem ganhando espaço crescente na midia de Mato Grosso. Já vi, em alguns comentários a seus artigos, fanzocas se deleitando, dizendo que Rodrigo é um cara bonitão. Outros, o xingam de oportunista, salafrário, picareta. Mas o Rodrigo Rodrigues segue em frente. Parece que vive seus 15 minutos de fama.

Falo na carência de polemistas e vou tentar me explicar. É que o professor Alfredo Menezes não gosta de dar nomes aos bois e deixa sempre suas análises em tese. Foi assim, bancando o bom moço, que o historiador da UFMT, pessoa agradável, muito bem falante, com sua coleção de chapéus e seus cabelos compridos, como um hippie que sobreviveu à mescalina, conseguiu estabelecer esta inusitada parceria, atuando atualmente como articulista centenário de A Gazeta e, ao mesmo tempo, aparecendo com suas análises no vídeo da TV Centro América, que sempre viveu às turras com o Dorileo Leal.

Louremberg Alves também é outro historiador e articulista, na Gazeta e nos demais veículos em que colabora, que evita responsabilizar os homens por suas idéias e suas ações. Onofre Ribeiro, mestre nas análises conjunturais, vez por outra abre sua caixa de ferramentas – mas faz muito tempo que Onofre Ribeiro incorporou aquela imagem de analista corporativo, que não pode avançar muito além dos limites que lhe impõe os privilegiados contatos que mantém em meio ao alto empresariado da Fiemt, à magistratura do Tribunal de Justiça, aos altos gestores da politica estadual, federal e nacional. Nas vezes em que Onofre Ribeiro se solta do seu personagem corporativo, ele é ótimo, em minha modesta apreciação porque ele sabe como ninguém contar uma história, reunir e apresentar dados estatísticos.

Isolada, na extrema direita, lá está a blogueira Adriana Vandoni, prisioneira de sua fixação contra Lula e contra o PT. Mas, quando se trata de desnudar os meandros das articulações políticas e administrativas, em Mato Grosso, a contribuição desta nossa aprendiz de Reinaldo Azevedo tem sido expressiva. O que dá pra rir, dá pra chorar.

Ademar Adams, com seu tom contundente, sempre pontificando à esquerda, há muito tempo que entrou para o index de publicações como A Gazeta, a Folha do Estado, o Diário de Cuiabá – e acabou se transformando em um parceiro muito ativo nesta PAGINA DO E, sempre aberta a todo tipo de polêmicas. Inclusive aos artigos do Rodrigo Rodrigues.

O fato é que, para não resvalarmos naquela vala em que atua o Eli Santoantonio – nosso mais evidente e sempre ativo jornalista marrom, titular do Cacetão Cuiabano – o fato é que há muito espaço para que os polemistas cresçam e apareçam em nossa midia mais tradicional. Os nomes que citei acima são quase todos personagens com um bom tempo de estrada – e os novatos e novatas demoram a aparecer. Muito pouca gente se arrisca a dar opinião neste Brasil Varonil e, menos ainda, neste Mato Grosso, “nosso berço glorioso e gentil”.

Só que a gente precisa saber com quem está lidando. Ou tentar saber, para melhor se situar diante da vida e dos enigmas da vida em derredor.

O fato é que, se hoje o Rodrigo Rodrigo – que já foi piloto de avião, “socialista moreno” ao lado de Pedro Taques no PDT, ideólogo do DEM e porta-voz de Júlio Campos – revela uma gana incrível em desconstruir a imagem de Mauro Mendes e daqueles que fazem política com o prefeito da capital, é bom que se procure entender os motivos que conduzem o articulista a sustentar este tipo de pendenga. E esse entendimento não é tão difícil assim.

O entendimento vem com o tempo. É preciso ler o Rodrigo para entendê-lo. E a verdade é que ele se expôs todo, quando escreveu recente artigo para replicar uma crítica de Antero Paes de Barros (polemista midiático ocasional, já que seu negócio é o faturamento como marqueteiro eleitoral) à figura do deputado José Geraldo Riva.

Vejam o que Rodrigo Rodrigues teve a coragem de escrever: “José Riva é uma das maiores lideranças políticas de Mato Grosso. Além de campeão de votos, e também líder natural da maioria dos deputados, Riva é interlocutor fundamental no processo político e administrativo do Estado, interagindo com praticamente todos os setores empresariais, sindicais e sociais.”

Batom na cueca mais evidente do que este não poderia haver. Rodrigo Rodrigues, fica evidente por este panegírico, está na praça justamente para substituir Antero Paes de Barros e outros “traidores” que, por razões às mais diversas, trocaram de lado e passaram a atacar o cacique do PSD em Mato Grosso. Rodrigo Rodrigues foi escalado como mais novo e ativo lobista de Riva. É um Riva boy, como diria o Ademar Adams.

Desconstruir Mauro Mendes, ou seja lá quem for, para reconstruir a imagem de Riva é uma missão calhorda. E tudo indica que essa é a mais nova missão do filho tão ativo de Pedro Lima.

Ora, que respeito pode merecer um senhor que, se anunciando como analista político, mesmo depois do muito que já se soube e já se documentou sobre a atuação do deputado Geraldo Riva à frente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, ainda tenta nos apresentar Riva como se fosse um parlamentar e gestor exemplar, liderança política única e inigualável, tentando doirar a pílula do parlamentar mais processado (e já algumas vezes condenado) por corrupção em Mato Grosso, em toda a história parlamentar de nosso Estado?

Como é que pode pretender fazer reparos à atuação de quem quer que seja, na política e na administração pública, um analista que nos apresenta o deputado José Geraldo Riva como sua inspiração?!

As volumosas e bem estruturadas denuncias formuladas pelo Ministério Público Estadual contra o senhor Geraldo Riva, através dos promotores Célio Fúrio e Roberto Turin estão aí, para demonstrar que a defesa que Rodrigo Rodrigues faz de Riva só pode ser mesmo um escárnio.

Sinceramente, senhor Rodrigo Rodrigues! Não nos trate como idiotas!

Concordo que a gente precisa esclarecer direitinho os caminhos e descaminhos da atuação parlamentar do senador Pedro Taques. Como de todos os parlamentares, ora bolas.

Concordo que a gente precisa esclarecer direitinho uma série de negociações nebulosas que tiveram como palco, muito recentemente, o Tribunal Regional do Trabalho em Mato Grosso.

Concordo que essa mistura de garimpagem com política, em Mato Grosso, precisa deixar de ser recoberta de tanto mistério e tanta violência.

Concordo que temos que ter a melhor estrutura de investigação para esclarecer o Escândalo dos Maquinários no governo Maggi, o Escândalo dos Precatórios e das Cartas de Crédito, no governo de Silval, as piruetas administrativas de Éder Moraes, Pedro Henry, Chica Nunes, Luiz Marinho, Carlos Bezerra, Osvaldo Sobrinho, Gilmar Fabris, Deucimar Silva, e quantos mais venham a ficar sob denunciados neste Estado.

Mas nada disso pode nos fazer esquecer da importância de levar até o final a apuração e identificação das responsabilidades pelos rombos na Assembléia Legislativa de Mato Grosso. E aí, a figura de José Geraldo Riva, não fica nada bem quando paramos para analisar os fatos denunciados pelo Ministério Público nas diversas ações que impetrou contra o então cacique do PSD.

Batom na cueca é isso aí, Rodrigues Rodrigues: o senhor querer fazer pregação contra a corrupção ao mesmo tempo em que defende, aplaude e puxa o saco do senhor José Geraldo Riva. Que vexame!

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Enock Cavalcanti é jornalista e advogado. Como sindicalista foi um dos fundadores do Sindicato dos Servidores da Assembléia Legislativa de Mato Grosso e compõe o conselho fiscal do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso. E-mail: enockcavalcanti@gmail.com
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