Cuiabá | MT 27/04/2024
Diogo Egidio Sachs
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Quinta, 30 de janeiro de 2020, 06h11

Heróis & lobos

Esta eleição suplementar com data marcada pelo TRE para o dia 26 de abril para repor vaga no Senado da República por Mato Grosso, em razão da cassação de Selma Arruda, exige Heróis/Lobos como candidatos!

Alguns veículos de imprensa afirmaram que a eleição suplementar é um boqueirão para Senador! Isso em uma alusão à suposta facilidade de se eleger Senado em 2020, em razão das características de uma eleição complementar.

Diferentemente de 2018, onde era a disputa de tudo com todos, onde cada qual estava cuidando do dele, ou seja, tratando de eleger-se, agora, alguns pré-candidatos já estão eleitos deputados (estadual ou federal), havendo, pois, certa tranquilidade de fazer a conversa política, bem como há outras evidentes vantagens em termos de eleições, tais como o prazo mais curto de campanha, baixo custo, prazo de desincompatibilização de 24 horas e, sobretudo, o baixo risco de perdas políticas com os efeitos da derrota, porque no dia seguinte à eleição podem retomar o exercício de mandato na Câmara Federal ou Assembléia.

Enfim, alguns candidatos podem concorrer sem sequer sair do cargo: é o caso dos parlamentares e do atual Vice-Governador, que é pré-candidato.

Mas não será um boqueirão essa eleição ao Senado! Vai ser uma boca quente, visto que é aparente a “facilidade” diante da conjuntura política que se apresenta.

Os Grandes Homens da História Universal, para Hegel, são os fundadores de Estados. Ele os chama de HERÓIS: aqueles a quem é lícito aquilo que é ilícito ao homem comum.

O LOBO em disputa política de poder devora até quem se finge de cordeiro. O lobo, aqui, é o animal político de Hobbes.

Diz uma velha sabedoria: a necessidade não tem lei! Bíblia debaixo do braço não salva ninguém do Herói/Lobo da política, advertiu Maquiavel a 500 anos atrás!

A nova e a velha política vão medir forças nessa antevéspera de eleição para Prefeito da Capital e de todos os outros Municípios do Estado.

O tradicional representado pelos candidatos do ramo Campos do DEM junto com o grupo de Emanuel Pinheiro querem mostrar para a turma nova da política de Mato Grosso, ou seja, para o Grupo do DEM do Governador e para os candidatos do Agronegócio (para essa Gauchada), quem manda em Cuiabá e no Estado.

O “P”MDB busca um espaço político pós-Temer, e o PT também está com a ressaca do impeachment, mas ambos são de luta, inclusive o PCdoB. O PSB da pombinha branca de Max Russi flerta com todos.

Norberto Bobbio disse que “azar dos serenos, pois não será dado a eles o reino da Terra”. Heróis/Lobos não são serenos; portanto, conveniente não provocá-los, caso não estejas disposto à uma disputa política renhida.

E, continua Bobbio: a serenidade é o contrário da arrogância, entendida como opinião exagerada sobre os próprios méritos, que justifica a prepotência; essa, por sua vez, é o abuso de potência não só ostentada (exibe vistosamente à todos o poder que tem de esmagar do mesmo modo que se esmaga uma mosca com o dedo), mas também é a potência efetivamente exercida — entenderam a relação de Trump com o Irã!?

No Senado congregam-se os Heróis/Lobos da política brasileira. Lá têm assento quem venceu no mundo político — é o lugar de quem venceu mesmo, e ainda vence qualquer parada política —, Senador(a) mais ou menos não fica esquentando a cadeira azul, pois não se mantém ou não volta em novo mandato ao cargo se foi um suplente que, por um acaso, tropeçou para dentro.

Portanto, eleição, não é uma vereda para cordeiro, caititu fora do bando, menino(a) criado(a) em Colégio de Freira ou evangélico(a); posto que, nem Juíza de direito saiu imune às desventuras do ardil, da manha e da astúcia eleitoral da ala profissional da coisa.

O fato de uma outsider ter ganho eleição para o Senado com quase 700 mil votos contrariou o Agronegócio, que não aceitando o resultado, foi à forra no terceiro turno!

A audácia da outsider Selma Arruda em não pedir benção para ninguém, ganhando eleição com pouco dinheiro e sem acerto político, lhe custou caro. Pois o establishment político/jurídico do entorno de Pedro Taques (não o original, mas o rebotalho do famoso Comitê da Maldade do PSDB) desferiu golpe de morte na candidatura da ex-juíza; foi uma surpresa Selma Arruda ter se elegido Senadora em 2018, diante de duros e incessantes ataques vindos de todos os lados!

O Lobo chorava e o Procurador Eleitoral se condoía, mas todo resto ele não via nem ouvia! — Óh, ovelha malvada, vais conhecer a lei! Acalma-te, querido e bondoso Lobo, seu pranto hei de vingar.

Enfim, Selma sai do cargo de Senadora por ordem judicial! Detalhe: os gastos astronômicos de Carlos Fávaro e do PSD com honorários advocatícios, em Brasília, é coisa nunca vista antes na política mato-grossense.

O Agronegócio precisa urgentemente da vaga do Senado para ter um legítimo porta voz político, um representante político na Câmara Alta do Congresso que seja visceralmente ligado a esse setor econômico Mato-grossense, pois é justamente nesse Governo, Bolsonaro, que estão discutindo mudanças na Lei Kandir, com a manifesta vontade de tributar Commodities de exportação.

De qual grupo político saíra o Herói/Lobo que vai à Brasília como Senador? Da política tradicional, do Agronegócio, da Assembléia Legislativa? Do PMDB? Do campo popular: PT/PCdoB?

Pivetta será candidato? É ele representante raiz do Agronegócio? Sendo candidato tem ele o apoio do Governador?

Barbudo, Medeiros e Gisela Simona podem concorrer? Ou é eleição de Barão, Coronel e Patrão, sem chance para o povão?

Diogo Egidio Sachs é Advogado em Cuiabá - MT
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