Cuiabá | MT 25/04/2024
Sílvio Spera
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Terça, 11 de abril de 2017, 20h08

Não existe erosão em terras planas: um mito a ser desfeito!

Há um mito que permanece na ideia de muitos produtores rurais e até em agrônomos de que em terras planas a erosão do solo não é problema. Isso é um mito a ser desfeito.

Há pouco mais de um mês a população do estado de Mato Grosso acompanhou na imprensa e nas mídias sociais digitais imagens mostrando alagamentos nas cidades de Campo Novo do Parecis e Sapezal. Além de cenários de inundação na zona urbana, circularam também imagens de alagamentos e inundações em áreas de lavouras de soja, nas quais, em alguns casos, houve perda total da produção.

Muitos agricultores e até mesmo técnicos e agrônomos acreditam que a chuva tem infiltração rápida em solos arenosos. Isso é verdadeiro quando se trata desses solos quando ainda cobertos pela vegetação original de cerrado ou mata.

Em um trabalho feito por alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso em solos arenosos planos de Confresa (MT) foi medida a velocidade básica de infiltração (VIB) de uma mata natural, de lavoura de sorgo, de cobertura com milheto e de uma pastagem de braquiária e foi observado que a VIB na camada de 0 a 20 cm foi respectivamente: 192 cm/h, 11 cm/h, 26 cm/h e 15 cm/h. Resultados semelhantes estão sendo obtidos em uma pesquisa da Embrapa em andamento na região de Campo Verde (MT) e Nova Brasilândia (MT), também em solos arenosos com relevo plano. Os dados desse trabalho ainda não foram publicados.

A menor VIB em áreas de lavouras e pastagens é resultado da perda de estrutura porosa do solo devido à retirada da cobertura original e perda da matéria orgânica e da dispersão dos agregados do solo estáveis em condição natural de acidez e que foram desfeitos pelo trânsito de máquinas, pisoteio do gado, adição de cinzas oriundas da queima da vegetação primitiva e, principalmente, pela adição de corretivos de solo e adubos de natureza salina. Esses componentes dispensam os flocos de argila e desfazem a estrutura granular do tipo "pó-de-café" desses solos. Essa desagregação leva ao entupimento desses poros e ao adensamento da camada superficial, favorecendo a redução drástica da infiltração da água das chuvas e consequentemente, a erosão hídrica.

Assim, erosão hídrica severa e alagamentos têm sido problemas para a agricultura, mesmo nos solos arenosos e planos do estado de Mato Grosso e isso ficou evidente nos últimos eventos de chuvas intensas nos municípios da região de Campo Novo do Parecis e Sapezal. 

Sílvio Spera (Pesquisador da área de Classificação, Uso e Manejo do Solo) Embrapa Agrossilvipastoril

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