Cuiabá | MT 12/05/2024
Cuiabá&VG
Quarta, 18 de abril de 2012, 17h56

Neta de Estevão de Mendonça participa de homenagens pelos 100 anos da Biblioteca Pública Estadual


A Biblioteca Publica Estadual Estevão de Mendonça completou 100 anos no dia 26 de março de 2012. Como parte das comemorações, a Secretaria de Estado de Cultura (SEC), em parceria com os Correios, lança, nesta quarta-feira (18.04), o selo personalizado, o carimbo e a logomarca comemorativos ao centenário da instituição. A cerimônia acontece no Salão Nobre da Biblioteca, a partir das 9h, e contará com a presença de Adélia Maria Badre Mendonça, neta do escritor e historiador Estevão de Mendonça.

Para Adélia, participar das comemorações do centenário da Biblioteca que recebeu o nome do seu avô a deixa muito feliz. “Fico satisfeita de ver o reconhecimento pelo trabalho que ele prestou a Mato Grosso. Estevão de Mendonça deixou um legado para a nossa cultura. Não há como estudar a história do Estado sem passar pelos escritos dele”, afirma Adélia, lembrando que Biblioteca Pública Estadual foi criada em 26 de março de 1912, no governo do presidente Joaquim Augusto da Costa Marques. “Meu avô foi o primeiro diretor da instituição, contratado inicialmente para organizar a Biblioteca. Três meses depois de sua contratação, ela foi inaugurada. Foi o tempo necessário para ele fazer o que tinha de fazer,” diz a neta.

Sem nenhuma formação acadêmica, Estevão de Mendonça atuou como professor, advogado, topógrafo, historiador e jornalista, entre outros. “Meu avô defendeu Mato Grosso e saiu vitorioso diversas vezes. Ganhou causa territorial até contra Rui Barbosa”, conta Adélia, declarando que seu avô era uma pessoa séria, simples culta e muito reservada. “Ele tinha hábitos estranhos: jantava às quatro horas da tarde, dormia e, a uma hora da manhã já estava acordado, trabalhando em sua produção literária. Foi designado por três vezes para ser deputado estadual, mas não aceitou. Foi designado interventor do Estado, mas também não aceitou”.

Estevão de Mendonça nasceu no dia 25 de dezembro de 1869 em Santo Antônio da Barra, distrito de Barão de Melgaço. Desde novo, gostava de História e Literatura. “Por um tempo, ele trabalhou na loja do tio Nuno Anastácio Monteiro de Mendonça. Dizem que perdia as vendas, pois, concentrado em suas leituras, nem notava a presença dos clientes. Acho que sua paixão eram os livros”, lembra Adélia, contando que seu avô casou-se aos 16 anos, com a baiana Etelvina Caldas de Mendonça, que tinha 11 anos. “O casal teve 4 filhos. O mais novo era papai, Rubens de Mendonça, que também foi jornalista e historiador, além de poeta. Costumávamos dizer que papai era todo 'empelicado'. Inclusive, nasceu de sete meses”.

Emocionada, a neta de Estevão de Mendonça salienta que não conheceu pessoalmente o avô, pois ele morreu em 1949 e ela nasceu em 1955. “Conheço ele através do que contava meu pai e da Literatura, que procuro ler para ter uma noção de como Estevão era. Sempre o vi como uma pessoa fechada, mas estou fazendo novas descobertas: meu avô, assim como meu pai, também era poeta. Fazia versos sem ser de 'pé quebrado', ou seja, com rimas," explica.

Adélia guarda relíquias da vida de Estevão de Mendonça, como a primeira edição e o tinteiro com que ele escreveu o livro “Datas Matogrossenses”, cadernetas com registros diários, documentos pessoais, enfim tudo o que conseguiu resgatar e que estavam em poder de seus pais. “No momento, não há como disponibilizar este acervo para o público. Tenho de esperar para ver se o tataraneto de Estevão de Mendonça irá gostar destas coisas”, declara Adélia, olhando feliz para o neto Felipe Mendonça.

“Considero meu pai e meu avô verdadeiros desbravadores da cultura do Estado. Editar Datas Matogrossenses, aqui em Cuiabá, em 1919, foi um ato de heroísmo. Como Estevão de Mendonça dizia em sua época: ‘Atrás de morro, tem morro, tem morro e tem morro. Depois tem Cuiabá’”, lembra Adélia, acrescentando que a intenção de seus antepassados foi registrar a história de Mato Grosso. "E isso, eles conseguiram fazer. Quem estuda nossa história, passa obrigatoriamente pelo trabalho deles".

Adélia costuma dizer que não tem o dom da escrita, mas reconhece o valor do legado que seu avô e seu pai deixaram. "Algumas pessoas queriam comprar a Biblioteca da minha família. Doei parte do acervo à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) porque percebi que se não iria ficar conosco, deveria ficar com todo mundo. Achei que era minha obrigação socializar esse conhecimento”, finaliza.
 




Busca



Enquete

O Governo de MT começou a implantar o BRT entre VG e Cuiabá. Na sua opinião:

Será mais prático que o VLT
Vai resolver o problema do transporte público.
É uma alternativa temporaria.
  Resultado
Facebook Twitter Google+ RSS
Logo_azado

Plantão News.com.br - 2009 Todos os Direitos Reservados.

email:redacao@plantaonews.com.br / Fone: (65) 98431-3114