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Os estudos para demarcações de áreas indígenas em Santa Cruz do Xingu, na região Araguaia, estão gerando instabilidade no município, colocando em risco o desenvolvimento econômico local e a tranquilidade de quase 300 famílias. De acordo com o prefeito da cidade, Marcos de Sá Fernandes da Silva, a prefeitura ainda não foi informada sobre o estudo que a Fundação Nacional do Índio está realizando na cidade, desde novembro de 2012. Segundo ele, cerca de 40% do município podem ser demarcados como área indígena, de acordo com um mapa que foi elaborado pela Funai. Em Mato Grosso há mais de 70 áreas indígenas em estudo para a demarcação.
O gestor explicou que a falta de transparência do órgão federal contraria uma Portaria do ministério da Justiça de 2011, que estabeleceu que a Funai deve informar todos os entes envolvidos sobre os processos de demarcação. O documento determina, ainda, que estados e municípios também participem dos estudos de demarcação de terras indígenas. “Não somos contra as demarcações, mas queremos que sejam feitas de forma justa e transparente”, assinalou Marcos de Sá.
O prefeito se reuniu nesta quinta-feira (9) com o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios, Valdecir Luiz Colle, Chiquinho, e equipe técnica da AMM para pedir apoio da instituição para que o município não seja prejudicado. Marcos de Sá solicitou que a AMM interceda para que o governador Silval Barbosa peça ao ministério da Justiça a suspensão das demarcações indígenas em Mato Grosso, a exemplo do que ocorreu no Paraná. Os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul também já fizeram a mesma solicitação ao governo federal.
O presidente da AMM disse que a instituição vai se mobilizar para que a política indigenista adotada pelo governo federal não prejudique o desenvolvimento dos municípios. “É preciso encontrar um equilíbrio para que todos, os índios e não índios, sejam contemplados com medidas de desenvolvimento social e econômico”, assinalou Chiquinho.
O prefeito de Santa Cruz do Xingu disse que há indícios de que demarcações que estão ocorrendo em Mato Grosso e outros estados estão sendo feitas de forma irregular. Ele afirmou que uma saída para o problema seria a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a competência para aprovar a demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios e ratificar as demarcações já homologadas, estabelecendo que os critérios e procedimentos de demarcação serão regulamentados por lei.
A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, participou ontem, no Congresso Nacional, de uma audiência púbica da Comissão de Agricultura, Pecuária Abastecimento e Desenvolvimento Rural que debateu a delimitação de áreas indígenas no país. A ministra disse que estudos já elaborados pela Funai vão ser confrontados com o levantamento de outros órgãos, como a Embrapa e o ministério do Desenvolvimento Agrário. Hoffmann assumiu o compromisso de apresentar até o final do primeiro semestre procedimentos transparentes para demarcação de terras indígenas no país.
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