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Domingo, 26 de junho de 2011, 20h44

Filmes brasileiros ganham espaço nos EUA


A diretora Rosane Svartman voltou esta semana de Nova York com um troféu – o Lente de Cristal de melhor longa-metragem do CineFest Petrobras, por Desenrola – e um prêmio de outra categoria: o entusiasmo do produtor Jim Stark (Daunbailó), que viu o filme e disse acreditar no potencial do enredo adolescente junto ao público americano.

“Ele pediu dezenas cópias em DVD para mostra-lo a produtores e distribuidores americanos e tentar vender a ideia de pelo menos um remake dele”, conta a diretora carioca, autora de Como ser solteiro (1998) e Mais uma vez amor (2005).

Embora modesta, a reação ao filme de Rosane é uma prova da eficácia da iniciativa do Circuito Inffinito de festivais, que começou a tomar forma 15 anos atrás com uma mostra em Miami, com o firme propósito de difundir o cinema brasileiro, em particular, e a cultura brasileira, em geral. O histórico do Inffinito contém uma série de exemplos que mostram o potencial brasileiro nesse mercado.

“Dois filmes meus, o thriller O mar por testemunha (2001), que era a uma coprodução, e o drama Mulheres do Brasil (2006), encontraram seu caminho nos Estados Unidos com a exposição que eles tiveram no festival de Miami da Inffinito, onde há também um espaço para encontros entre realizadores brasileiros e americanos”, testemunha a produtora Elisa Tolomelli, que este ano participou da competição de Nova York com o drama Como esquecer, de Malu de Martino.

“Carlota Joaquina – Princesa do Brazil (1995) e Copacabana (2001) também venderam bastante nos Estados Unidos e para outros territórios estrangeiros graças à visibilidade que conseguiram na mostra de Miami”, atesta a produtora Bianca De Filippes, uma das curadoras da programação do Inffinito para o calendário deste ano. “Mas é preciso observar que esta troca é maior em festivais que dispõem de um espaço para mercado, e nem todos podem contar com isso, porque exige um investimento maior por parte da organização”, observa a diretora da produtora Gávea.

Ponto inicial do roteiro de festivais da Inffinito, Miami foi um dos primeiros a ganhar um espaço para mercado. “Até dois anos atrás, o de Nova York também tinha mercado, mas tivemos que acabar com ele porque perdemos o patrocínio”, explica Adriana Dutra, uma das sócias da produtora responsável pelo circuito de festivais, que hoje se estende por nove cidades no exterior, em sete países diferentes. “A manutenção de uma estrutura de business dentro do festival é fundamental para dar uma maior visibilidade para os filmes”. 

Rodrigo Brandão, diretor de publicidade da Kino Lorber, distribuidora responsável pelo lançamento de filmes de arte nos Estados Unidos, diz que é preciso um trabalho contínuo para tornar o cinema brasileiro visível fora de suas fronteiras, com apoio do governo. “Um dos países que hoje têm uma marca muito forte de cinema é o França. Mas foi uma conquista viabilizada por décadas de trabalho da Unifrance, o órgão oficial de promoção do cinema francês ao redor do mundo”, compara Brandão.

Criada no final dos anos 40, a Unifrance hoje organiza mais de 50 festivais de filmes franceses – o recém-encerrado Festival Varilux, em 22 cidades brasileiras, é um deles. “Uma vez que a produção brasileira tenha uma mostra regular aqui nos Estados Unidos, o público e os produtores terão mais chances de se acostumar com a cultura audiovisual brasileira”, entende Brandão. “Num passado recente, filmes como Madame Satã, por exemplo, funcionaram muito bem aqui”, informa Vanessa Arteaga, da Jaman, distribuidora de produtos audiovisuais online. “O cinema brasileiro precisa criar uma estrutura permanente para promover a sua produção”.

Sem isso, não será possível vencer as barreiras que ainda existem, e são difíceis de vencer. “A língua portuguesa é um entrave à maior circulação do filme brasileiro nos Estados Unidos”, constata Emily Russo, da Zeitgeist Film, distribuidora independente americana que distribui uma média de cinco títulos estrangeiros por ano no país.

No mercado há pouco mais de 20 anos, a Zeitgeist lançou títulos como Irma Vep (1996), do francês Olivier Assayas, e O gosto da cereja, do iraniano Abbas Kiarostami, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1997. Até hoje, no entanto, não há um título brasileiro sequer no catálogo da empresa. “O filme tem que ter algo que seja traduzível para as plateias americanas. Até certas comédias francesas não funcionam muito bem por aqui”, explica Emily, uma das convidadas do debate sobre o mercado americano promovido pelo Cine Fest de Nova York.




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