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Agro
Domingo, 15 de outubro de 2017, 14h14

Especialistas defendem mais interação da indústria com o setor acadêmico


Foto: Lilian Alves
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Uma aproximação maior entre a indústria e o setor acadêmico é fundamental para que a produção de conhecimento possa gerar resultados mais efetivos que realmente beneficiem a sociedade. Essa é a opinião de vários especialistas que participaram do painel “Indústria e Academia”, realizado durante o 11º Congresso Brasileiro de Agroinformática – SBIAgro 2017, com o tema “Ciência de dados na era da agricultura digital”.

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A agricultura digital está mudando o jeito de se trabalhar no campo e isso requer um perfil de profissional diferente. Na Agrosmart, o trabalho sempre partiu da academia e de pesquisas para o desenvolvimento de soluções, conforme a diretora da empresa, Mariana Vasconcelos. Mas as instituições de ensino e pesquisa no País ainda possuem uma mentalidade muito fechada, afirma. Ela defende mais agilidade e menos burocracia para estabelecer parcerias com a indústria. “É muito importante, principalmente quando a empresa está começando”, recomendou. A Agrosmart já firmou parcerias com a Embrapa Informática Agropecuária e o Instituto Agronômico (IAC).

São muitas as vantagens desse modelo para que “as empresas visualizem o benefício de trabalhar de forma colaborativa com os pesquisadores, utilizando as suas metodologias”, disse Guilherme Farto, desenvolvedor de soluções da Totvs. “E do lado da academia isso também é bastante válido porque a gente consegue trabalhar com esses desafios reais”, complementa. Ele ressalta que a colaboração é uma das principais formas de trazer valor mais efetivo para o agronegócio e a agroindústria. Por isso, acredita que as empresas devem abrir espaços para os pesquisadores, fazendo essa aproximação de forma mais direta.

A Bayer investe cerca de 4 a 6 bilhões de euros por ano no desenvolvimento de pesquisa, segundo André Salvador, diretor de Digital Farming da empresa. No Brasil a empresa possui uma Academia de Inovação que envolve pesquisadores em temas específicos, já que há necessidade de um profissional multidisciplinar, com conhecimento que vá além do cultivo de plantas, incluindo entender a necessidade do cliente. “E é nessa multidisciplinaridade que está o nosso segredo”, explica o diretor. Na área de digital farming, por exemplo, há engenheiros agronônomos, engenheiros agrícolas, biólogos, cientistas de dados, geógrafos e administradores, entre outros.

A IBM tem desenvolvido muitas tecnologias em parceria com universidades, e também com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) na área de agricultura digital. O diretor da IBM Research Brasil, Ulisses Mello, lembrou que o País possui grandes problemas socioeconômicos e, por isso, é importante criar tecnologias que tragam retorno para a sociedade. “Existe uma cadeia de valor de inovação, que começa desde uma pesquisa básica até uma pesquisa que já é transferência de tecnologia para aceleração de mercado. E isso merece uma integração muito maior do que estamos tendo hoje”, enfatizou no congresso.

Também é preciso que tanto as universidades quanto as indústrias criem programas para apoiar a formação contínua dos profissionais que já estão inseridos no mercado, facilitando conciliar as atividades profissionais com as acadêmicas. O conhecimento científico é fundamental para contribuir com a atuação nas empresas e não apenas para aqueles que atuam nas universidades.

A Samsung possui quase 1.200 funcionários trabalhando no Brasil na área de pesquisa e desenvolvimento (P&D), que são profissionais especializados em nível de mestrado, doutorado e pós-doutorado. “A empresa compreendeu essa demanda e implementou políticas que facilitam a educação contínua”, contou Antonio Marcon, gerente de P&D da Samsung. Segundo ele, há um estímulo a esse processo na empresa, mas é importante destacar que a academia também precisa estar preparada para receber esse estudante de uma maneira diferenciada. Marcon ressalta que as duas pontas precisam contribuir com esse processo.

Os palestrantes ainda discutiram os mecanismos de proteção da propriedade intelectual, destacando a importância de se aperfeiçoar os instrumentos para concessão de patentes, pois a morosidade do processo prejudica a competitividade do País. Mariana Vasconcelos defendeu políticas públicas que incentivem a inovação aberta e a colaboração.

O corte de recursos feito pelo governo para pesquisa em ciência e tecnologia foi um fator crítico citado pela professora Alaine Guimarães, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). “Um país que não tem ciência e tecnologia é um país que nunca vai conseguir ter um destaque maior”, afirmou, lamentando que hoje praticamente não existe fundo de investimento público para pesquisa no Brasil. “É preciso o investimento da iniciativa privada nas universidades para o desenvolvimento de pesquisa aplicada e de pesquisa básica porque existe um custo para isso”, enfatizou.

O SBIAgro 2017, realizado de 2 a 6 de outubro de 2017 na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), teve promoção da Associação Brasileira de Agroinformática e da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). A organização foi da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) e Instituto de Computação (IC) da Unicamp. 




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