Sem sanar déficit, concurso do Mapa destina menos de 2% de vagas a MT

 Menos de 2% (1,98%) das vagas oferecidas no concurso do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) destina-se a Mato Grosso. Das 796 totais serão 15 para o Estado, distribuídas entre as carreiras de fiscal federal agropecuário, atividades técnicas de fiscalização e administrador.
De acordo com o edital, para fiscal federal serão 8 vagas no Estado (7 para veterinários e 1 para engenheiro agrônomo), o que não representa nem 4% do número geral. De acordo com o Mapa, podem atuar nesta área profissionais da engenharia agronômica, medicina veterinária, zootecnistas, químicos e farmacêuticos. O baixo número para Mato Grosso não deve desafogar a demanda, nem mesmo corrigir o déficit existente.

"É um número irrisório. Esses profissionais irão colaborar, mas levando-se em conta os fiscais que se aposentaram ou mesmo foram transferidos para outros estados é um número baixo”, avalia Guilherme Coda, diretor do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários em Mato Grosso (Anffa Sindical/MT).
Pelas contas do sindicato, eram 74 fiscais ativos até fevereiro de 2013 em Mato Grosso. O número não considera as aposentadorias concedidas no último ano. Para que se fosse atingida a necessidade total desses profissionais atualmente, mais 127 deveriam ser contratados, revela um estudo do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O temor das entidades ligadas ao agronegócio é que o déficit comprometa o atendimento das demandas nas áreas de produtos vegetais, animais, insumos e o trânsito de tais itens. Na avaliação das entidades, o edital desagradou.
“A notícia decepcionou, especialmente para nosso estado que é agrícola. A Defesa Sanitária Vegetal foi colocada em segundo, terceiro, quarto planos”, afirmou o diretor-técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Nery Ribas.

Segundo o Imea, a maior carência por fiscais agropecuários encontra-se na área da pecuária e ligada ao Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sipoa). Eram 39 fiscais até fevereiro passado e um déficit de 77.
Na área agrícola, o Serviço de Fiscalização de Insumos Agrícolas (SEFIA) contava com 10 servidores, mas apresentava um déficit de 15. Na estrutura do serviço federal de fiscalização agropecuária existem 4 áreas ligadas à agricultura e outras 3 à pecuária. A demanda reprimida calculada pelo Imea levou em conta a produção de soja, milho, algodão e a criação de bovinos. A agropecuária é responsável por 22,1% do total do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e um dos principais setores da economia.
Ao Agrodebate o Mapa informou que as vagas para fiscais federais, bem como os critérios, foram definidos pelas áreas fins do próprio ministério, ou seja, as secretarias de Defesa Agropecuária (SDA) e a de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC).

Riscos até 2022
Se até 2013 o déficit de fiscais chegava a 127, até 2022 haverá a necessidade de se contratar mais 242 funcionários, sendo 72 agrônomos e 170 veterinários, mostra o estudo do Imea.
“É preciso ter um plano, uma estratégia para fiscalizar ou mesmo acompanhar os produtos que entram no campo”, pondera Rui Prado, presidente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária.
Onde os fiscais atuam
A área pode ser nos portos, nos aeroportos e nos postos de fronteira; nos campos; nas empresas agropecuárias e agroindustriais; nos laboratórios; nos programas agropecuários; nas cidades; nas relações internacionais.
Remuneração
Os salários oferecidos vão de R$ 2.818,02 a R$ 12.539,38. No site da Consulplan, é possível ver o edital.

(G1 MT)