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Quarta, 04 de novembro de 2015, 19h02

Fórum discute relação das áreas úmidas e a escassez de recursos hídricos no Brasil


Debater os principais problemas e soluções sobre a relação entre áreas úmidas, escassez e disponibilidade dos recursos hídricos no Brasil e no mundo. Esse é o principal objetivo do Fórum Áreas Úmidas e Escassez Hídrica no Berço das Águas: Ciência, Sociedade & Cultura, que acontece de hoje (04) a sexta-feira (06), no auditório do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), localizado no Câmpus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em Cuiabá.

O coordenador do Evento, professor Paulo Teixeira de Souza Júnior, destacou, durante a solenidade de recepção, que “um dos principais desafios para as décadas seguintes consiste em conciliar a crescente demanda por água potável com sua declinante disponibilidade em certas regiões do planeta”.

 

Segundo Paulo, estão inclusas nessa demanda as atividades econômicas, notadamente a indústria e a agricultura, principais responsáveis pelo comprometimento da capacidade das áreas úmidas em prover as benfeitorias ao meio ambiente, como controle de escoamento, regulação climática e hídrica, conservação da biodiversidade, fertilidade dos solos e ciclagem de nutrientes, dentre outras.

Após a cerimônia de abertura, o coordenador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), expert na área de Ecologia Tropical, professor Wolfgang J. Junk, ministrou a palestra “Desenvolvimento recente em ciência, manejo e políticas públicas de Áreas Úmidas Brasileiras”. Para o pesquisador, não é correto falar em escassez de recursos hídricos, porque, segundo ele, não falta água no Brasil, o problema está na gestão e distribuição desse patrimônio, que não acontece de modo adequado, resultando em falta d`água em determinadas regiões.

Ele lembra, ainda, que esse processo já dura 30 anos, mas tem sido negligenciado pelas autoridades. Segundo Junk, houve um aumento estrondoso no consumo dos recursos hídricos, principalmente pela indústria e agricultura, porém os gestores não levaram isso em consideração, não acompanharam essa evolução de forma eficiente e sustentável. Sobre o desperdício de água, ele diz: “É um absurdo que, diante da iminência de uma verdadeira escassez de recursos hídricos, ainda se perca de 30 a 60 por cento de água tratada no Brasil, por causa de um sistema ineficiente de distribuição. É assustador o nível de poluição dos rios, por meio de esgotos e das indústrias minerais, para depois limpar a água a custos elevadíssimos”, acrescentou.

A professora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, do Instituto de Biociências da UFMT, Cátia Nunes da Cunha, destacou a insensibilidade e a incapacidade dos gestores públicos em conciliar segurança hídrica, alimentar e energética com a proteção das áreas úmidas. “Fala-se em conservar, mas não se fala em como conservar”, alerta a professora. Segundo ela, falta uma política a longo prazo de conservação dos recursos hídricos e proteção dos rios, das áreas úmidas e dos lençóis freáticos. “Se continuar assim faltará de fato água no Brasil, porque hoje o problema é apenas de gestão, mas, nesse ritmo, chegaremos a um estágio que não teremos mais um plano b”, advertiu a pesquisadora.

Na sexta-feira (6), às 9h, no auditório do INPP, Cátia proferirá a palestra “Segurança Hídrica: Qualidade e Distribuição da Água e a Conservação das AUs”. Além desse, outros temas serão abordados no evento, como “Serviços Ecossistêmicos das Aus Produção e Qualidade da Água”, “Energia, Impactos Ambientais e Escassez de Água no Contexto das Mudanças Climáticas”, “Governança e Sustentabilidade do Uso das AUs e Água”, “Legislação e Políticas Públicas”, “Justiça Ambiental e Água”, “Segurança Hídrica: Qualidade e Distribuição da Água e a Conservação das AUs” e ‘‘Água e Cultura nas AUs”.

Paralelamente ao evento acontece também uma programação paralela que inclui oficinas, lançamento de livros e exposição fotográfica. A oficina sobre "O papel dos meios de comunicação diante da escassez de água” precedeu O evento, ontem à noite, reunindo jornalistas e pesquisadores. O representante da WWF Brasil, Ângelo José Lima, atuou como moderador apresentando dados sobre o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, capacidade hídrica, captação e distribuição das águas, bem como tratamento de efluentes nas diferentes regiões do país, da crise hídrica.

O superintendente de Recursos Hídricos da Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso, Nédio Pinheiro, falou sobre a política e ações da área, no Estado e das medidas de aprimoramento dessas políticas. Os dados fomentaram as discussões tendo como convidados os jornalistas Onofre Ribeiro, Josana Sales, Luiz Patroni e José Porto.

Também fazem parte dos eventos paralelos as rodas de diálogo para discutir o tema “Água, Nosso Último Recurso”; “Falta d’água: do problema à solução”; “Pantanal Legal: O Marco Regulatório do Pantanal”; além da exposição fotográfica “No nascimento há morte”, cujas fotos foram tiradas pelo fotógrafo-pesquisador João Quadros, do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte – GPEA. E hoje, às 17h, no saguão do INPP, haverá o Lançamento do Livro “Ambiente Agrário do Pantanal Brasileiro: Socioeconomia & Conservação da Biodiversidade”, das autoras Onélia Carmem Rosseto e Nely Tocantins. O Fórum Áreas Úmidas e Escassez Hídrica no Berço das Águas é realizado pelo Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INCT – Áreas Úmidas). 




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